segunda-feira, 22 de março de 2021

Direção-Geral do Consumidor alerta para dezenas de casos de “greenwashing” em sites de ecommerce


 

De acordo com dados de uma análise da Direcção-Geral do Consumidor, foram detectados dois tipos tipos específicos de alegações em relação a produtos ou serviços ditos “amigos” do ambiente. Em 75% dos casos analisados, as alegações são apresentadas de forma explícita.

No final de janeiro deste ano uma investigação levada a cabo pela Consumer Protection Cooperation Network (CPC) revelou as práticas de “greenwashing” de várias plataformas de comércio online. Em Portugal, a Direcção-Geral do Consumidor (DGC)  que integra a Rede Europeia, verificou mais de uma dezena de alegações de áreas como têxtil, energia, automóveis e equipamentos doméstico.

Segundo dados citados pelo Gabinete do Ministro de Estado da Economia e Transição Digital, foram detectados dois tipos específicos de alegações: 58% centram-se em produtos ou serviços em concreto e 42% relacionam-se com a responsabilidade ambiental corporativa geral ou política do operador económico ou de uma de suas unidades de negócios ou linhas de produção.

Os dados da DGC indicam ainda que em 75% dos casos, as alegações em relação a produtos ou serviços ditos “amigos” do ambiente são apresentadas de forma explicita. Já em 25% dos casos observa-se uma combinação de alegações explícitas e implícitas, com uso de cores ou imagens.

A DGC constatou também que 75% das alegações incluíam declarações vagas e gerais, ou informações insuficientes,  de sustentabilidade, como "Amigo do ambiente", "verde", "amigo da natureza" ou "ecológico". De acordo com o artigo 6.º da Directiva das Práticas Comerciais Desleais, as alegações em questão são suscetíveis de induzir o consumidor em erro.

As autoridades nacionais vão contactar as empresas fiscalizadas para informar sobre as conclusões da fiscalização e garantir que haja retificações necessárias.

quarta-feira, 17 de março de 2021

Estado vai oferecer árvores autóctones a quem as queira plantar


 

Em 1872, no Nebrasca (EUA), face à escassez de árvores e florestas, a população decidiu dedicar um dia à plantação de árvores. A iniciativa internacionalizou-se e a Festa passou da Árvore às Florestas e desde 2012 o Dia Internacional da Floresta é comemorado a 21 de março, o primeiro dia de primavera, para celebrar e alertar para importância de todos os tipos de florestas.

Este ano, o ICNF comemora esta data envolvendo todos os cidadãos, disponibilizando árvores autóctones produzidas nos seus viveiros, gratuitamente, aos cidadãos e proprietários rurais que desejem fazer plantação nas suas propriedades. Estamos a falar de medronheiros, sobreiros, azinheiras, pinheiros mansos, alfarrobeiras, romãzeiras e carvalhos cerquinhos. Cada cidadão pode recolher um máximo de 10 (dez) exemplares e os representantes de entidades privadas sem fins lucrativos podem levantar até um máximo de 50 exemplares. Já os proprietários rurais poderão receber até 100 exemplares.

Esta distribuição será feita entre os dias 19 e 26 de março de 2021; nos postos de atendimento selecionados do ICNF, em todo o país.

 Para conseguir receber as árvores deverá inscrever-se através do contacto telefónico do local selecionado ou por email para 

ICNFsomosTODOSnos@icnf.pt; deverá comprometer-se a remeter uma fotografia da plantação para 

ICNFsomosTODOSnos@icnf.pt e a partilhar ou permitir a partilha das fotos com a hashtag #ICNFsomosTODOSnos.

 O ICNF, por seu lado, fará a divulgação destas plantações nas suas redes sociais.

quarta-feira, 10 de março de 2021

Creches na Finlândia construíram um ‘piso de floresta’ e mudou o sistema imunológico das crianças.


 

Brincar com a vegetação e o lixo de uma pequena floresta rasteira por apenas um mês pode ser o suficiente para mudar o sistema imunológico de uma criança, de acordo com uma pequena experiência.

Quando as creches na Finlândia, plantaram vegetação rasteira, como urze-anã e mirtilos, e permitiram que as crianças cuidassem das plantações em caixas, a diversidade de micróbios nas vísceras e na pele das crianças parecia mais saudável num curto espaço de tempo.

Em comparação com outras crianças da cidade que brincam em creches urbanas padrão com metros de calçada, ladrilhos e cascalho, crianças de 3, 4 e 5 anos nessas creches verdes na Finlândia mostraram aumento de células T e outros sistemas imunológicos importantes marcadores no seu sangue dentro de 28 dias.

“Também descobrimos que a microbiota intestinal das crianças que receberam verdura era semelhante à microbiota intestinal das crianças que visitam a floresta todos os dias”, diz a cientista ambiental Marja Roslund, da Universidade de Helsinquia.

Pesquisas anteriores mostraram que a exposição precoce a espaços verdes está de alguma forma ligada ao bom funcionamento do sistema imunológico, mas ainda não está claro se essa relação é causal ou não.

A experiência na Finlândia é a primeira a manipular explicitamente o ambiente urbano de uma criança e depois testar as mudanças em seu micriomato e, por sua vez, no sistema imunológico de uma criança.

Embora as descobertas não contenham todas as respostas, elas apoiam uma ideia importante – a saber, que uma mudança nos micróbios ambientais pode afectar com relativa facilidade um microbioma bem estabelecido nas crianças, ajudando o seu sistema imunológico no processo.

A noção de que um ambiente rico em seres vivos tem impacto na nossa imunidade é conhecida como ‘hipótese da biodiversidade’. Com base nessa hipótese, uma perda de biodiversidade em áreas urbanas poderia ser pelo menos parcialmente responsável pelo recente aumento de doenças relacionadas ao sistema imunológico.

“Os resultados deste estudo apoiam a hipótese da biodiversidade e o conceito de que a baixa biodiversidade no ambiente de vida moderno pode levar a um sistema imunológico deseducado e, consequentemente, aumentar a prevalência de doenças auto imunes" escrevem os autores .

O estudo comparou os micróbios ambientais encontrados nos quintais de 10 creches urbanas diferentes que cuidam de um total de 75 crianças com idades entre 3 e 5 anos.

Algumas dessas creches continham quintais urbanos padrão com concreto e cascalho, outras levavam as crianças para o tempo diário na natureza e quatro tinham os seus quintais actualizados com vegetação rasteira.

Nos 28 dias seguintes, as crianças das últimas quatro creches tiveram tempo para brincar no seu novo quintal cinco vezes por semana.

Quando os investigadores testaram a microbiota de sua pele e intestino antes e depois do teste, eles encontraram resultados melhores em comparação com o primeiro grupo de crianças que brincou em creches com menos vegetação pelo mesmo período de tempo.

Mesmo na curta duração do estudo, os investigadores descobriram que os micróbios na pele e nas vísceras de crianças que brincavam regularmente em espaços verdes aumentaram em diversidade – uma característica que está ligada a um sistema imunológico mais saudável em geral .

Os seus resultados corresponderam em grande parte ao segundo grupo de crianças em creches que faziam passeios diários pela natureza.

Entre as crianças que saíam de casa, brincando na terra, na grama e entre as árvores, um aumento de um micróbio chamado gamaproteobactéria pareceu aumentar a defesa imunológica da pele, bem como aumentar as secreções imunológicas úteis no sangue e reduzir o conteúdo de interleucina. 17A, que está ligada a doenças imunotransmissíveis.

“Isso apoia a suposição de que o contacto com a natureza evita distúrbios no sistema imunológico, como doenças autoimunes e alergias”, diz Sinkkonen.

Os resultados não são conclusivos e precisam ser verificados em estudos maiores em todo o mundo. Ainda assim, os benefícios dos espaços verdes parecem ir além do nosso sistema imunológico.

Pesquisas mostram que sair de casa também é bom para a visão de uma criança, e estar na natureza quando criança está ligado a uma melhor saúde mental . Alguns estudos recentes até mostraram que os espaços verdes estão ligados a mudanças estruturais no cérebro das crianças.

O que está impulsionando esses resultados incríveis ainda não está claro. Pode estar relacionado a mudanças no sistema imunológico ou a algo sobre respirar ar saudável, tomar sol, fazer mais exercícios ou ter mais paz de espírito.

Dadas as complexidades do mundo real, é realmente difícil controlar todos os factores ambientais que afectam nossa saúde em estudos.

Enquanto as crianças rurais tendem a ter menos casos de asma e alergias, a literatura disponível sobre a ligação entre os espaços verdes e esses distúrbios imunológicos é inconsistente.

A pesquisa actual tem um tamanho de amostra pequeno, apenas encontrou uma correlação e não consegue explicar o que as crianças faziam fora do horário de creche, mas as mudanças positivas vistas são suficientes para os cientistas na Finlândia oferecerem alguns conselhos.

“Seria melhor se as crianças pudessem brincar em poças e todos pudessem cavar solo orgânico”, incentiva o ecologista ambiental Aki Sinkkonen, também da Universidade de Helsinquia.

“Poderíamos levar os nossos filhos para a natureza cinco vezes por semana para causar impacto nos micróbios.”

As mudanças são simples, os danos são baixos e os benefícios potenciais generalizados.

O vínculo com a natureza quando criança também é bom para o futuro dos ecossistemas do nosso planeta. Estudos mostram que crianças que passam tempo ao ar livre têm mais probabilidade de se tornar ambientalistas quando adultos e, em um mundo em rápida mudança, isso é mais importante do que nunca.

Apenas certifique-se de que todos estejam em dia com a vacinação antitetânica, aconselha Sinkkonen .

terça-feira, 2 de março de 2021

Máscaras descartáveis podem ser utilizadas nas estradas, diz estudo australiano


 Um grupo de investigadores australianos concluiu que as máscaras descartáveis podem ser incluídas no processo de construção das estradas. Esta descoberta vai ajudar a dar uma nova vida aos resíduos gerados pela pandemia.

Há um ano que o mundo lida com o drama da covid-19 e desde aí que todos sabem quais as regras a cumprir: manter o distanciamento social, desinfectar as mãos com frequência e usar máscara. Ora, apesar das máscaras prevenirem a propagação da covid-19, elas representam, também, um verdadeiro desafio para o meio ambiente.

Estima-se que todos os dias sejam utilizadas mais de 6,8 mil milhões de máscaras em todo o mundo. As máscaras cirúrgicas são feitas de plástico não biodegradável, o que significa que demoram centenas de anos a decompor-se no ambiente. Perante este cenário, alguns investigadores do Instituto Real de Tecnologia de Melbourne (RMIT, sigla em inglês) procuraram uma forma inovadora de reduzir os resíduos gerados pela pandemia, através da reciclagem das máscaras descartáveis.

O estudo revelou que para fazer um quilómetro de estrada, com duas faixas, seriam precisas cerca de três milhões de máscaras, impedindo assim que 93 toneladas de resíduos fossem para aterro. O novo material de construção de estradas, desenvolvido pelos investigadores da Universidade RMIT, consiste numa mistura de máscaras faciais de uso único com entulho de construção civil processado. Apesar de ser uma nova fórmula, o material cumpre, naturalmente, as normas de segurança da engenharia.

A análise feita mostra ainda que as máscaras ajudam a acrescentar rigidez e resistência ao produto final, concebidas para serem utilizadas em camadas de base de estradas e pavimentos.

O entulho de construção processado, conhecido como agregado de betão reciclado, pode potencialmente ser utilizado por si só para as três camadas de base. Mas os investigadores descobriram que a adição de máscaras faciais trituradas ao betão reciclado melhora o material, ao mesmo tempo que combate os desafios ambientais em duas frentes: a eliminação das máscaras e os resíduos de construção.

Um dos autores do estudo, Mohammad Saberian, afirmou serem agora necessárias abordagens multidisciplinares e colaborativas para enfrentar o impacto ambiental da covid-19. "Este estudo inicial analisou a viabilidade da reciclagem de máscaras faciais de utilização única nas estradas e ficámos entusiasmados por descobrir que não só funciona, como também proporciona verdadeiros benefícios de engenharia", assegura Saberian no site da Universidade australiana.

Já o professor Jie Li, líder da equipa de investigação, afirma que "mesmo que estas máscaras sejam eliminadas corretamente, irão parar a aterros ou serão incineradas". Nesse sentido, a equipa foi inspirada a olhar para a viabilidade de misturar máscaras em materiais de construção depois de ver tantas máscaras no chão. "Se conseguirmos levar o pensamento da economia circular a este enorme problema de resíduos, poderemos desenvolver as soluções inteligentes e sustentáveis de que necessitamos".

O estudo publicado na revista científica Science of the Total Environment é o primeiro a investigar potenciais aplicações de máscaras faciais cirúrgicas descartáveis na construção civil.

Foto:  Pedro Sarmento Costa/lusa

Amêijoa asiática elimina resíduos de azeite no ecossistema


Uma equipa de investigadores portugueses avança que a amêijoa asiática (Corbicula flumínea) tem a capacidade de remover metais e compostos orgânicos recalcitrantes, como os que se encontram nos efluentes da produção do azeite.

Apesar de estarem classificadas como invasoras, que estão a destruir gradualmente os ecossistemas ribeirinhos nacionais, as amêijoas asiáticas conseguem ajudar a despoluir águas contaminadas pela produção do aceite. Com a capacidade de remover os compostos não biodegradáveis ou de difícil biodegradação, as amêijoas asiáticas apresentam-se como uma espécie capaz de taxas de filtração elevadas e são tolerantes a condições ambientais adversas, como as que decorrem da contaminação.

Os investigadores do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar da Universidade de Aveiro afirmam que a amêijoa asiática pode ser utilizada em vários cenários, em que se verifique que há uma matriz aquática a tratar e onde seja necessário remover contaminantes compatíveis com a tolerância e capacidade de processamento da amêijoa asiática.

Da gastronomia para os reservatórios de água

A amêijoa asiática surgiu, em Portugal, na década de 1980. Trata-se de um bivalve apreciado na gastronomia ou utilizado como isco na actividade de pesca. Como inconveniente tem a rapidez com que se espalha, tornando-se uma praga. Entre a destruição de ecossistemas que provoca, aniquila o mexilhão de água doce.

A quantidade média de efluentes provenientes da indústria do azeite pelos países mediterrâneos, em que se incluem a Espanha, Itália, Portugal e Grécia, equivale a cerca de 30 milhões de toneladas. O impacto ambiental de um metro cúbico desses efluentes equivale ao impacto de 200 metros cúbicos de efluentes domésticos.

Uma solução económica e sustentável

É essencial que novas soluções de tratamentos eficazes, económicos e ambientalmente sustentáveis, continuem a ser desenvolvidos. As amêijoas asiáticas conseguem remover matéria orgânica no geral, bactérias e vírus potencialmente patogénicos, caso sejam integradas em determinadas fases dos processos de tratamento de água.

Desta forma, a amêijoa asiática surge como uma solução biológica que poderá substituir a utilização de um ou mais químicos do sistema de tratamento ou, pelo menos, diminuir as dosagens destes, trazendo várias vantagens a nível económico e ambiental.

Por termos à disposição este molusco asiático na remediação de águas residuais de moinhos de azeite, estima-se a rentabilização dos químicos habituais no tratamento das águas, o que vais vai permitir financiar programas de erradicação de amêijoas asiáticas em ecossistemas ribeirinhos.

A biorremediação de águas residuárias é potencializada pela amêijoa asiática

O estudo, publicado recentemente na revista Journal of Cleaner Production, incide também sobre a possibilidade de a amêijoa asiática poder ser usada em estações de tratamento de águas residuais, na purificação de piscinas ou praias fluviais.

A carga química gerada pela utilização da amêijoa asiática nos moinhos de azeite, reduziu o período de filtração em sete dias. Este é um indício de que a biorremediação tem surgido como um tratamento de efluentes bem-sucedido no que respeita a eventos de contaminação.

O objetivo do estudo passou por explorar o potencial da amêijoa asiática como um agente de biorremediação. A interferência deste molusco pode ser sugerida especialmente com relação às suas proteínas e grupos fosfato. Os tecidos moles e as conchas apresentam-se como recipientes adequados para os contaminantes do azeite.

Entre a equipa de investigadores encontra-se Ana Domingues, Inês Correia Rosa, João Pinto da Costa, Teresa Rocha-Santos, Fernando Gonçalves, Ruth Pereira e Joana Pereira, numa parceria que ocorre entre o CESAM, da Universidade de Aveiro, e a Universidade do Porto.

Vinícola portuguesa lança nova garrafa mais “amiga do ambiente”


 

Novas garrafas do Solaheiro Alvarinho utilizam 19% menos vidro

A vinícola portuguesa de Melgaço Quinta do Soalheiro lançou uma nova garrafa para seu vinho mais tradicional o Soalheiro Alvarinho que utiliza 19% menos vidro que a garrafa usada até então.

A chamada garrafa “mais amiga do ambiente” será empregada ate o final de 2021 em 90% da produção da vinícola e, segundo comunicado do produtor, esta prática trará uma redução de 56 toneladas no uso anual de vidro da Quinta do Soalheiro.

“As tradicionais garrafas altas e esguias ganham um formato mais sustentável, o que permite reduzir as emissões de carbono utilizadas na sua produção e transporte”, afirma a marca. E uma vez que a produção das garrafas passou a ser feita em Portugal, “há também uma importante redução de quase 8,5 vezes no impacto no transporte das garrafas até à adega”.

A vinícola levou a sustentabilidade para as embalagens e vinhedos também, a nova caixa utiliza 39% papelão a menos e são oriundas de florestas certificadas com gestão responsável. Os vinhedos da quinta possuem certificação ambiental e biológica, além de recentemente a vinícola ter instalado uma cobertura vegetal na sua cava, o que segundo a empresa, trará uma redução energética de 26% ao ano.

“O nosso compromisso com a sustentabilidade é muito mais do que uma resposta a uma clara emergência climática e de preservação do planeta. Faz parte da nossa natureza, enquanto produtores que vivem da terra, protegê-la. Por isso, estamos a repensar todas as nossas práticas no sentido de identificar pontos críticos em que podemos melhorar a nossa acção e reduzir o impacto ao mínimo possível”, finaliza Luís Cerdeira, que ao lado da irmã Maria João e da mãe Palmira, lidera o projecto Soalheiro.

Ara tem um novo modelo vegan a pensar no meio ambiente

A ARA está quase a chegar àquela fase dos “entas”, uma vez que celebrou 48 anos de história em Portugal em dezembro do ano passado. Signific...