A Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves só irá adoptar uma posição final sobre o Estudo de Impacte Ambiental (EIA) do futuro aeroporto do Montijo no final do mês de agosto, mas Joaquim Teodósio já vai avisando que há muitas questões que se levantam e que é preciso perceber as medidas de mitigação e de compensação previstas no estudo e avaliar se elas fazem sentido ou se são coerentes e permitem que um projeto destes seja viável.
"As medidas para reduzir o conflito entre aves e aviões terão de ser medidas de grande escala, e por isso de grande impacte ao nível dos habitats, ou seja, com potencial para implicar a haja uma destruição dos mesmos. Serão sempre medidas com potencial para serem prejudiciais para as aves", avisa Joquim Teodósio, membro da SPEA. E prossegue dizendo que medidas como as de radares de aviso parecem pouco execuíveis à associação. "Estamos a falar de bandos de aves que podem ser de 5 mil, 10 mil ou até 20 mil, que de forma imprevisível podem levantar voo de um momento para o outro".
"Outra questão que nos levanta dúvidas é o que irá acontecer em manobras de emergência, como por exemplo colisão de aves com aviões. Onde irão ser despejados os tanques de combustível", pergunta. É que, lembra o ecologista, é complicado aterrar de emergência com tanques cheios.
"Enfim parece-nos que colocar uma pista de aviões num estuário como o do rio Tejo ou instalar um aeroporto numa zona com a envolvência desta que estamos é dos sítios mais improváveis para o fazer", alerta.
Joaquim Teodósio, conclui que isto "obriga a uma série de 'ses' que acabam por tornar pouco viável uma opção como o Montijo". Há mais de 200 mil aves no estuário do Tejo, umas nidificam, outras vêm passar o inverno, é inclusive nesta altura em que há uma maior concentração, explica o ambientalista.
Joaquim Teodósio lamento o facto de a consulta pública de um assunto tão relevante como este esteja a ser feito num período tradicional de férias.
Embora o estudo reconheça que um dos maiores afectados negativamente com a construção do novo aeroporto seja a avifauna, considera que do ponto de vista do impacto global previsto ele "é, em geral, pouco significativo a moderado para a comunidade estudada. Das 260 espécies que existem na zona abrangida pela zona, 45 são protegidas. Há uma ave para quem o impacte é "muito significativo", a fuselo - Limosa lapponica - representa no entanto apenas cerca de 4% do elenco em causa, diz o EIA..
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