sexta-feira, 27 de março de 2020

Camada de ozono acima da Antárctida recupera e trava alterações na região


Uma investigação publicada na revista científica “Nature” conclui que o Protocolo de Montreal, acordo assinado em 1987 para parar de produzir substâncias destruidoras da camada de ozono, está a ter resultados positivos e que já é possível ver reversões de algumas mudanças preocupantes nas correntes de ar no hemisfério sul.
Ao redor dos pólos da Terra, a uma altitude elevada, existem correntes de ar rápidas, chamadas correntes de jato. O que estava a acontecer antes do protocolo era que o buraco na camada de ozono conduzia essas correntes mais a sul do que o habitual, provocando uma mudança de padrões na precipitação e nas correntes oceânicas.
Uma década depois da assinatura do Protocolo de Montreal, a migração parou subitamente. A investigação agora publicada mostra que a pausa não se deveu apenas a mudanças naturais dos ventos, mas sim ao impacto causado pela redução da camada de ozono.
Espera-se agora que a chuva que foi afastada pela corrente para longe das áreas costeiras da Austrália possa regressar, por exemplo.
“As correntes que trazem o ar frio na direcção do polo Sul têm vindo a reduzir e é por isso que o sul da Austrália sentiu uma queda enorme na pluviosidade nos últimos 30 anos”, referiu Ian Rae, químico orgânico da Universidade de Melbourne, citado pela “Visão”. “Se a camada de ozono está a recuperar e a circulação de ar a voltar mais para norte, são boas notícias em duas frentes.” 

quarta-feira, 25 de março de 2020

Poluição do ar em Lisboa baixa 40% numa semana


Em Lisboa, os níveis médios de dióxido de azoto (NO2), poluente emitido pelos automóveis e indústria, na semana passada baixaram 40% em relação à anterior. Comparando com a mesma semana em 2019, a redução foi de 51%.

Os dados da Agência Europeia do Ambiente foram divulgados ontem e confirmam "grandes reduções" na concentração da poluição nas principais cidades europeias devido às medidas tomadas para combater o novo coronavírus.

A redução sentiu-se em particular no dióxido de azoto, muito graças à queda do tráfego automóvel em cidades com medidas de isolamento social mais apertadas devido à Covid-19, nomeadamente italianas e espanholas. Os dados da Agência Europeia do Ambiente são medidos de hora a hora, em cerca de 3000 estações de monitorização nos países europeus.
"Esta redução está em linha com o que seria esperado, mas vale a pena esperar mais algum tempo para percebermos a magnitude da redução". Francisco Ferreira, da associação ambientalista Zero, acredita que "esta análise da Agência Europeia do Ambiente é prematura, porque ainda só compara duas semanas seguidas e as condições meteorológicas fazem toda a diferença". Na semana passada, houve muito vento na segunda e terça-feira, condições que, segundo o engenheiro do ambiente, podem afectar a leitura dos dados. "Se tivermos semanas seguidas com estes valores, aí sim, fará diferença".
O também professor da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova avisa que este nível de concentração de dióxido de azoto "não é nenhum recorde". Ainda assim, garante que é claro que a poluição reduziu para metade numa semana em que as escolas já estavam fechadas, mas o país ainda não estava em estado de emergência. "Não tenhamos dúvidas que estamos a ter uma redução significativa das emissões de dióxido de azoto, principalmente devido à redução da circulação de veículos a gasóleo, que emitem mais este poluente", afirma Francisco, que acrescenta: "A Universidade Nova analisou os dados do ano de 2019 e em comparação com a média desse ano inteiro, a semana passada teve metade da concentração deste poluente".
A redução da concentração de dióxido de azoto no ar deve-se não só à quebra nas atividades industriais e do tráfego automóvel, mas também à redução do número de aviões a cruzar os ares de Lisboa e do número de cruzeiros a aportar na capital. "Não temos navios praticamente no porto e os voos estão a cair de forma avassaladora", diz Francisco.
Os dados da Agência Europeia do Ambiente mostram cenários semelhantes noutras cidades europeias. Na vizinha Espanha, também na semana passada, Madrid reduziu em 56% os níveis de dióxido de azoto e Barcelona baixou 40%, em relação à semana anterior. No que toca a Itália, em Milão os níveis do mesmo poluente caíram pelo menos 24% nas últimas quatro semanas.

quinta-feira, 19 de março de 2020

Covid-19: Isolamento poderá ter efeitos positivos no ambiente



O abrandamento das cidades e a consequente redução das deslocações pode levar à diminuição de emissões poluentes, de produção de resíduos e consumo de energia, segundo explica Pedro Santos, presidente do Núcleo Regional do Ribatejo e Estremadura da Quercus.
O isolamento preventivo que muitas pessoas estão a adoptar por causa da Covid-19 poderá ter efeitos positivos para o ambiente e levar a população a adoptar hábitos mais sustentáveis, defende o ambientalista.
“Contudo, nem que apenas uma única vida tivesse sido o preço a pagar por estes ‘ganhos ambientais’, tal preço já seria demasiado elevado”, acrescenta.
O responsável relembra o caso da China, de onde chegaram imagens que mostravam uma “diminuição drástica da poluição”, depois da cidade ter parado devido ao novo Coronavírus.
Ainda assim, Pedro Santos considera estas alterações ambientais como um “ganho colateral de uma crise que cada vez mais assume contornos de tragédia” e não como um ganho ambiental efectivo.
Por outro lado, o responsável da Quercus admite que a situação que se tem vivido nos últimos dias prova que é possível mudar rotinas, alterar hábitos e que a população consegue unir-se por uma causa.
“Digo sem receios que, tão importante como combater este vírus que agora nos assusta e nos amedronta, é combater a poluição atmosférica e sonora, combater o desperdício de recursos e alimentar, preservar o ambiente, ecossistemas e biodiversidade e mudar os hábitos para um consumo mais sustentável e equilibrado”.Pedro Santos, presidente do Núcleo Regional do Ribatejo e Estremadura da Quercus
De acordo com Pedro Santos, a poluição atmosférica foi responsável pela morte prematura de 5.830 pessoas em Portugal e 400 mil na Europa em 2016, segundo dados da Agência Europeia do Ambiente (AEA).
Já os níveis elevados de ruído são a causa de 43.000 admissões hospitalares na Europa, dizem os dados da Organização Mundial da Saúde e da AEA.
“Podemos e devemos unir-nos também sobre estas questões de carácter ambiental, utilizar esta mesma capacidade para alterar hábitos e rotinas e, como comunidade nacional e internacional, mudar o ambiente”, completa o responsável da Quercus.
Pedro Santos apela à população que “não adopte por impulso gestos de consumo exagerados no que respeita às compras de supermercado”, que siga as recomendações das autoridades e que evite deslocações desnecessárias.
“Ao final desta crise, todos voltaremos a lutar por um ambiente melhor. Agora já sabendo que é possível mudar”, conclui.

Agricultores dispõem-se a ajudar na desinfeção das ruas


Em entrevista ao Fórum TSF, Eduardo Oliveira e Sousa, da Confederação dos Agricultores de Portugal, comentou as medidas do Governo para apoio à Economia.
Os agricultores estão dispostos a pôr as suas máquinas ao serviço da comunidade. O presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) adianta, em entrevista ao Fórum TSF de ontem que estes equipamentos podem ser usados, por exemplo, para desinfectar as ruas das cidades.
“Os agricultores podem até, com alguns equipamentos específicos, numa situação como a que está a viver-se em Ovar, ser chamados a participar na execução de algumas tarefas de entreajuda. Estou a lembrar-me, por exemplo, da aplicação de produtos de desinfecção que, eventualmente, seja necessário aplicar nas ruas, nos jardins, nos edifícios, na parte exterior dos edifícios em Ovar”, avança à TSF.
Em entrevista ao jornalista Manuel Acácio, Eduardo Oliveira e Sousa comentou as medidas do Governo para apoio à Economia.
Os agricultores querem medidas de excepção e que o sector seja colocado a par da saúde no combate ao novo coronavírus: “Todos temos de comer e, por isso, prevendo-se que venham a ser criadas restrições no âmbito de uma mais que provável declaração do estado de emergência, o sector agrícola vai ter de estar no patamar das excepções ao nível do sector da saúde.”
Eduardo Oliveira e Sousa pediu que seja garantida a alimentação animal: “Os animais, por exemplo, são alimentados com produtos que são fabricados com origem em produtos importados. Portanto, tem de continuar a haver – com a maior normalidade possível – um fluxo das matérias-primas, para poderem ser fabricados os alimentos para os animais, para que não faltem nos circuitos de abastecimento à população a carne, os ovos, o frango, o leite”, remata.
O artigo foi publicado originalmente em TSF.

Os canais de Veneza estão tão limpos que os cardumes regressaram


Os comentários replicam-se nas redes sociais, um pouco por todo o mundo: sendo incontestável que a pandemia do coronavírus é absolutamente dramática em termos de saúde, de perdas de vidas e até da economia de muitos países; é também claro que tudo o que de surreal está a acontecer neste momento terá de levar a uma reflexão política, ambiental e social. E parece mesmo que o planeta Terra nos está a tentar dizer qualquer coisa.
Primeiro, foi a baixa drástica na poluição: com milhões de cidadãos por todo o mundo em quarentena ou auto-isolamento devido à pandemia do novo coronavírus, estão a ser emitidos menos um milhão de toneladas de dióxido de carbono por dia.
Há especialistas que já acreditam que o surto pode ter enormes melhorias no ambiente, quedas de poluição e até aquecimento global. Até porque os efeitos já são visíveis em imagens de satélite nos países com mais casos e, por consequência, uma quarentena mais generalizada e restritiva, como a China e Itália.
Agora, também em Itália, o segundo país do mundo mais fustigado pelo surto, a natureza volta a dar um sinal de que atrás da tragédia haverá lições a retirar. Veneza, que nas últimas décadas se via a braços com enchentes de turistas épicas, levando mesmo o governo local a ter te tomar algumas medidas de contenção, tinha também problemas ambientais crescentes: os canais estavam sujos e em muitos casos cheiravam mal, a recolha de lixo era um problema, a poluição também.
Agora, sem turistas, com as pessoas em casa, sem poluição e barcos, as águas da cidade italiana estão cristalinas e cheias de vida animal.
Com a quarentena imposta, há várias imagens e vídeos virais a circular nas redes sociais que mostram cardumes de peixes, cisnes e até golfinhos em Veneza — nenhum dos quais seria absolutamente anormal, pois todas as espécies andam normalmente por perto, ainda que sem entrar nos canais.
No entanto, algumas fotos de cisnes por exemplo já foram reveladas como falsas mas as dos peixes, partilhadas por residentes, instituições locais e ambientais, são reais. E as dos golfinhos também parecem ser.
À “CNN“, o gabinete do prefeito de Veneza disse que o regresso de peixes não se deve necessariamente à melhoria da qualidade da água.
O que acontece, explica, é que ela agora parece mais clara porque há menos tráfego nos canais, permitindo que o sedimento permaneça no fundo.
Quer os canais claros tenham a ver com a diminuição da poluição ou menos movimento físico de barcos, as fotos e vídeos mostram imagens que há décadas que não se viam.

sábado, 14 de março de 2020

Os pneus usados vão continuar a ser bons para o ambiente


Sabe o que acontece aos pneus dos seus veículos quando já não os utiliza? Nem pensamos muito nisso, é verdade… Mas a Valorponeu pensa e não descura os seus destinos quando já estão em fim de vida. Esta entidade acredita que todas as medidas aplicadas com o objetivo de reduzir a quantidade de resíduos produzidos pelos pneus usados são essenciais para ajudar o Planeta. O ano de 2020 é então para continuar com as boas práticas e fazer mais e ainda melhor!
No último ano esta entidade privada e sem fins lucrativos continuou a batalhar na prevenção ambiental, isto é, na adaptação de medidas que se destinam a diminuir a quantidade de resíduos produzidos, os impactes adversos no ambiente e na saúde humana e o teor de substâncias nocivas presentes nos materiais e nos produtos.
Para isso desenvolveu, em 2003, o SGPU – Sistema Integrado de Gestão de Pneus Usados – que permite a economia de recursos naturais, reduz a emissão de gases nocivos e gera energia renovável. Este sistema tem sido fulcral na valorização dos pneus usados em Portugal, reciclando-os em novas matérias amigas do Ambiente.
De destacar, por exemplo, que no último ano, mais de 45 mil toneladas de pneus foram enviados para reciclagem e quase 31 mil toneladas foram alocados à valorização energética. E sabe quantos dos pneus retirados do mercado foram enviados para aterros? Nenhum, absolutamente nenhum.
Em 2020, o SGPU vai continuar a dar cartas e insistir em ações de divulgação e sensibilização para que todos, quer produtores, quer utilizadores, prossigam com as medidas adequadas relativamente aos pneus que tratam ou que utilizam nos seus veículos e equipamentos para que sejam autênticos difusores de boas práticas.
Um dos grandes objetivos é continuar a ver crescer o número das reutilizações e valorizações dos pneus. Até hoje – salvaguardando que este número está sempre a aumentar – a entidade gestora da SGPU já tratou 130 889 290 pneus usados. E ao mesmo tempo que estes valores vão mudando, o Planeta agradece face à consequente poupança de energia e de gases evitados.
Até ao momento, a Valorpneu conta com mais de 1800 produtores aderentes e pretende que esse número venha ainda a ser reforçado. Os produtores têm um papel fundamental para evitar que os pneus se transformem em resíduos e assim minimizar os seus impactes ambientais. Para isso, esta entidade vai continuar a reforçar as suas campanhas de sensibilização e a desenvolver estudos de Inovação nesse sentido.
As recolhas nos centros de receção – de realçar que a rede já conta com 48 locais que recebem os pneus em fim de vida -, também têm vindo a revelar-se um sucesso e os números mostram que a recolha tem vindo a rondar os 100%.
Todos estes indicadores refletem a grande satisfação e valorização do trabalho conseguido e fazem antever um novo ano com boas perspetivas, quer de Inovação e, principalmente, de Ambiente.

Qual o impacto que o novo coronavírus terá no ambiente? Quercus responde


Por incrível que possa parecer, a Quercus admite que o novo coronavírus pode ter uma "consequência inesperada" que se traduzirá numa "melhor qualidade do ar", ainda que com "um efeito temporário".

Ao contrário do impacto mundial que a doença Covid-19 está a ter em todo o mundo - recorde que há casos de infeção reportados em mais de uma centena de países e territórios - no que ao ambiente diz respeito a pandemia pode até traduzir-se, ainda que temporariamente, em efeitos positivos para todos.

"Será porventura uma situação transitória. E convém não esquecer que, na origem de um provável efeito positivo, está uma notícia muito negativa e com consequências ainda não mensuráveis para a saúde pública". A observação é da Quercus que, em comunicado enviado às redações, explica que "uma das consequências inesperadas do surto do novo coronavírus será eventualmente uma melhor qualidade do ar, ainda que este venha a revelar-se um efeito temporário".

Como? É mais simples do que parece. O facto de haver, neste momento, "restrições de viagens aéreas" e "limitações de contacto" implica um "declínio substancial do consumo de combustíveis fósseis" e uma "redução de gases com efeito de estufa que contribuem negativamente para a qualidade do ar e que influenciam as alterações climáticas".
Citando dados do portal Carbon Brief, divulgados no final do mês de fevereiro, "o consumo de electricidade e a produção industrial (da China) estava já muito abaixo dos valores comuns", o que se traduziu, destaca a Quercus, numa "queda de pelo menos 25% na emissões de dióxido de carbono (CO₂) naquele país, com repercussões, naturalmente, no resto do mundo, uma vez que uma redução de 25% nas emissões da China equivale a uma redução global de 6%".
"Mas é preciso não esquecer que essa queda de 25% das emissões na China durante duas ou três semanas representa uma redução mundial de apenas 1% (cf. dados do Carbon Brief). O que significa que ou este eventual impacto positivo, ainda que sem efeitos a longo prazo, é aproveitado para gerar uma mudança nos comportamentos, ou mais tarde a recuperação económica poderá, ser ainda mais prejudicial", alerta a Associação Nacional de Conservação da Natureza.
Mas há um senão. Se a pandemia mundial contribuiu indirectamente para a melhor qualidade do ar, por outro lado, "a necessidade de protecção individual com máscaras e luvas levou ao consumo exponencial de materiais em plástico descartável, que após utilização (em meio hospitalar) terão necessariamente como destino final a autoclavagem e a deposição em aterro, por se tratar de um resíduo com risco biológico".
E se no meio hospitalar o uso deste plástico descartável, a ele devemos acrescentar o que é feito nos domicílios, onde "não existirão canais de recolha (...) sendo o lixo indiferenciado o destino a dar aos mesmos, por falta de alternativa". Além disso, a "corrida aos hipermercados poderá também provocar uma aquisição exagerada de bens perecíveis, que não sendo consumidos no tempo adequado poderão contribuir para a produção de desperdício alimentar".
Por todos estes factores, a Quercus deixa a todos um apelo. "Esta pandemia, que está a parar o mundo, servirá com toda a certeza para repensarmos os nossos comportamentos e o ponto até ao qual conseguiremos mudar alguns hábitos na nossa vida, além de contribuir ainda para promover a discussão das políticas ambientais e governamentais adoptadas por cada um dos países em matéria ambiental"

Coronavírus: máscaras de protecção dão à costa nas praias de Hong Kong


Máscaras descartáveis de protecção estão a amontoar-se nas praias e trilhos de Hong Kong, com grupos ambientalistas a alertar que tal pode representar uma grande ameaça à vida marinha e aos habitats selvagens.

Há semanas que a maioria da população de 7,4 milhões de pessoas de Hong Kong anda a usar máscaras descartáveis, na esperança de evitar o novo coronavírus, que já infectou 126 pessoas na cidade e matou três. Mas uma vastidão de máscaras não está a ser descartada correctamente. Acabam por ir parar a terrenos baldios ou ao mar, onde a vida marinha pode confundi-las com alimento, acumulando-se nas praias, juntamente com os habituais sacos de plástico e outro lixo.

Grupos ambientais, que lidam com a corrente de lixo marinho da China continental e outros países, informam que as máscaras têm piorado a situação e levantam também questões quanto à propagação de germes. “Só temos visto máscaras, nas últimas seis a oito semanas, numa quantidade massiva... Estamos agora a observar o impacto no ambiente”, diz Gary Stokes, fundador do grupo ambientalista Oceans Asia.

Stokes cita o exemplo das ilhas isoladas e desabitadas Soko, a Sul do aeroporto internacional. Lá, em cem metros de praia, encontrou 70 máscaras descartadas; uma semana depois, mais de 30 tinham dado à costa. “Alarmou-nos bastante”, confessa. Outras praias nos arredores na cidade contam uma história semelhante, refere.

Altamente populosa, Hong Kong debate-se há anos com o problema do plástico descartável. A cultura de ir comer fora, fast food e takeaway tem aumentado a utilização de plásticos de uso único. Pouco lixo é reciclado, sendo que cerca de 70% das seis toneladas de desperdício anual acabam num aterro.

“Ninguém quer ir ao mato e encontrar máscaras atiradas para todo o lado ou máscaras usadas nas praias. Não é higiénico e é perigoso”, declara Laurence McCook, dirigente da área de conservação dos oceanos na World Wildlife Fund de Hong Kong.

quarta-feira, 11 de março de 2020

Caçadores matam única girafa branca do Quênia e sua cria.


Os últimos representantes da espécie rara de girafa branca no Quênia já não vivem para tentar a sua sobrevivência: A mãe girafa e a sua cria foram abatidos sem dó nem piedade.por caçadores em Ishaqbini Hirola, um parque de preservação comunitária em que viviam. 

O gerente do local confirmou o falecimento dos animais para a comunicação social. “Este é um dia muito triste para a comunidade e para o Quénia como um todo. O assassinato das girafas brancas é um retrocesso enorme para a conservação de espécies únicas e um pedido de socorro para que o mundo continue os esforços para protegê-las”, explicou Mohammed Ahmednoor.


O parque não se pronunciou com relação aos caçadores, nem como acederam aos limites da área de conservação. De acordo com imagens divulgadas pelo parque, os animais estavam com aparência esquelética antes de serem abatidas. 
As girafas brancas tornaram-se celebridades depois de descobertas, em 2017, e levadas para o parque para serem cuidadas. Especialistas explicaram, na época, que os animais não são albinos, mas são brancos por causa de uma condição chamada leucismo.

Foto: Africa Check

sexta-feira, 6 de março de 2020

Serpa investe na adaptação às alterações climáticas


A Câmara de Serpa vai investir 319 mil euros em medidas de adaptação às alterações climáticas, como criação de uma estrutura de sombreamento e uso de águas subterrâneas para regar um campo de futebol. As medidas "actuam em dois domínios fundamentais" e vão permitir "contrariar o efeito da ilha de calor" em espaços públicos da cidade e "fazer uma gestão sustentável dos recursos hídricos".

As medidas vão ser adoptadas no âmbito de um projecto municipal de adaptação às alterações climáticas, que vai implicar um investimento total de 319 mil euros e cuja candidatura a financiamento por fundos comunitários já foi aprovada.

O projecto prevê a criação de uma estrutura de sombreamento sazonal e de planos de água e fontes na Praça da República e de corredores de ventilação e respetiva nebulização nas ruas dos Cavalos, do Calvário, dos Fidalgos e das Portas de Beja na cidade de Serpa. Outra medida prevista é a alteração do abastecimento do sistema de rega do campo de futebol do Parque Desportivo Municipal de Vila Nova de São Bento, que deixará de ser feito a partir da rede pública e passará a ser assegurado com recurso a águas subterrâneas.

O projecto prevê ainda a realização de acções de informação e sensibilização sobre a problemática das alterações climáticas e de divulgação e disseminação das medidas. O município espera que as medidas a adoptar em Serpa sirvam como "um modelo de boas práticas" e "uma referência em futuras intervenções no concelho" e "possam ser replicadas e generalizadas em outras escalas e territórios".

Segundo a Câmara de Serpa, 75% do investimento elegível para financiamento comunitário vão ser assegurados por verbas do Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso dos Recursos e o restante será financiado pelo município.

Mealhada vai ter um festival dedicado aos amigos do ambiente


A 21 e 22 de março acontece na Mealhada o primeiro BioFestival de Primavera, um evento dedicado ao ambiente. Durante os dois dias, no Parque da Cidade, vão acontecer jogos, conferências, showcookings, workshops e ateliers que pretendem sensibilizar as pessoas para se tornarem mais ecológicas.
“A ideia é dar as boas-vindas à primavera, celebrar o Dia da Árvore e da Floresta e o Dia Mundial da Água. É também usufruir de um espaço único numa iniciativa que tem como tema agregador a sensibilização para a defesa do ambiente”, diz a nota publicada no site da Câmara Municipal. 
A programação é extensa e conta ainda com caminhadas, um passeio noturno para observação de espécies selvagens, construção de armadilhas para a vespa asiática, degustações de mel da floresta, ensino de técnicas de sobrevivência na floresta e produção caseira de cogumelos.
Os miúdos também vão ter direito a atividades como oficinas de reutilização, histórias na floresta e muitos jogos. Haverá ainda um mercado só com propostas saudáveis.
O BioFestival de Primavera tem entrada grátis e acontece nos dois dias entre as 10 e as 17 horas. Pode consultar a programação completa no site do evento.


Portugueses defendem ambiente, mas não mudam hábitos


Cerca de 60% dos portugueses, bem mais do que a média europeia de 49%, defendem que o preço das roupas deve ser o mais baixo possível, independentemente do impacto sobre o ambiente ou as condições de trabalho de quem as produz.
Curiosamente, os portugueses que na maioria do tempo têm dificuldade em pagar as suas contas são os que menos concordam com a ideia anterior (apenas 29%).

Esta é uma das conclusões de um inquérito promovido pela Comissão Europeia, através do chamado Eurobarómetro, sobre as atitudes e comportamentos dos europeus perante os problemas ambientes que afetam o mundo.
Os resultados também revelam que Portugal está no grupo de países onde mais pessoas reciclam (77%) e dos que mais afirmam poupar na água em casa (36%).
O país também se destaca pelo elevadíssimo número de pessoas, 99%, que dizem que é importante defender o ambiente.

Mudar hábitos não é o mais importante
Contudo, pelo contrário, para poupar o ambiente, os portugueses são dos que menos compram produtos em segunda mão (6% contra 21% na Europa) e dos que menos evitam viagens desnecessárias de carro (de novo, 6% contra 21%) ou mudam os seus hábitos alimentares (11% vs 19%).
A compra de produtos locais também é um hábito, em Portugal (26%), bem menos comum do que na União Europeia (42%)
Portugal é aliás o quarto país onde as pessoas menos defendem que mudar a forma como consumimos é uma das melhores formas de combater os problemas ambientais (apenas 24% concordam com essa ideia).
A mudança de hábitos de consumo é a medida mais importante para os europeus, mas em Portugal esta é ultrapassada pelas mudanças na produção e comércio (31%), investigação científica (25%), legislação ambiental mais apertada (25%) ou multas mais pesadas (28%).

Portugueses identificam funcionamento de bactéria que absorve CO2 e produz combustível


Um artigo científico sobre os resultados desta investigação acaba de ser publicado na revista de referência internacional "ACS Catalysis". "Perceber o funcionamento deste processo biológico com milhares de milhões de anos de evolução pode dar-nos a chave para o desenvolvimento de novas tecnologias que permitam a redução dos níveis atmosféricos de CO2", afirmou Inês Cardoso Pereira, investigadora principal e subdirectora do Instituto de Tecnologia Química e Biológica António Xavier (ITQB NOVA), um dos centros de investigação da UNL envolvidos nesta descoberta. A cientista explica que "o formato é um combustível que tem, face ao hidrogénio, a vantagem de ser líquido à temperatura ambiente, de fácil transporte e armazenagem, e de não ser explosivo nem tóxico. E hoje já existem células de combustível de formato para pequenos equipamentos".
"Os resultados do nosso estudo indicam novos caminhos para resolver um dos maiores desafios actuais para a sustentabilidade do planeta, a neutralidade carbónica", destaca Maria João Romão, directora da Unidade de Ciências Biomoleculares Aplicadas na Faculdade de Ciências e Tecnologia da UNL (UCIBIO-FCT NOVA), centro de investigação que também participou na descoberta. As plantas, os solos e os oceanos absorvem o excesso de CO2 da atmosfera mas não são suficientes para a UE atingir até 2050 a meta da neutralidade das emissões de carbono, mesmo com a concretização das políticas ambientais mais ambiciosas nesta matéria.

200 cientistas alertam em estudo para 5 grandes ameaças à humanidade


O balanço faz parte de um estudo divulgado e que envolveu a colaboração de 222 cientistas de 52 países, que avisam que a maior ameaça à humanidade é o potencial do efeito “bola de neve” dos cinco riscos relacionados e “altamente prováveis”.
Conduzido pela “Future Earth”, uma rede internacional de investigação em sustentabilidade, o estudo identifica cinco riscos globais como os mais graves em termos de impactos, mas quatro deles (alterações climáticas, fenómenos meteorológicos extremos, perda de biodiversidade e falta de água) também foram considerados pelos cientistas como os mais prováveis de acontecer. 
Líderes políticos e empresariais mundiais já tinham apontado os mesmos riscos para a humanidade, num inquérito divulgado em Janeiro pelo Fórum Económico Mundial.
Mas agora um terço dos cientistas ouvidos para este trabalho alertou para a ameaça que resulta da interacção entre os cinco riscos, com as crises globais a agravarem-se umas às outras de tal maneira que podem criar um “colapso sistémico global”.
Ondas de calor extremas podem, por exemplo, acelerar o aquecimento global, libertando grandes quantidades de carbono armazenado pelos ecossistemas afectados, e ao mesmo tempo intensificar crises de água ou escassez de alimentos. A perda de biodiversidade enfraquece a capacidade dos sistemas naturais e agrícolas em lidar com extremos climáticos, aumentando a vulnerabilidade a crises alimentares, exemplificam também os cientistas.
Do total de cientistas ouvidos 173 falaram ainda de riscos adicionais (além de uma lista de 30) como merecedores de uma atenção global maior, como a erosão da confiança e dos valores sociais, a deterioração da infraestrutura social, a crescente desigualdade, o nacionalismo político crescente, a sobrepopulação e o declínio da saúde mental.
“Como consultores científicos para este inquérito pedimos aos académicos, líderes empresariais e formuladores de políticas do mundo que prestem atenção urgente a esses cinco riscos globais e garantam que eles sejam tratados como sistemas em interacção, em vez de serem abordados um de cada vez de forma isolada”, dizem os responsáveis pelo documento, de uma centena de páginas. 
No documento os cientistas resumem as mais recentes pesquisas sobre o estado do planeta e salientam que os problemas ambientais de hoje são uma mistura de mudanças físicas químicas, biológicas e sociais.
“Tentar perceber como é que os nossos impactos numa área, como a extracção em rios, afecta outra, como a provisão de alimentos, é uma tarefa complexa”, diz o relatório.
O documento destaca ainda questões como a ascensão e impacto do populismo, ligado à negação das alterações climáticas, e as notícias falsas, o aumento do risco financeiro devido às alterações climáticas ou os impactos nas migrações, mas também fala na ciência ecológica e nos mecanismos financeiros verdes e as mudanças na sociedade a favor de estruturas mais sustentáveis.
Amy Luers, directora executiva da “Future Earth” disse, citada no documento: “As nossas acções na próxima década determinarão o nosso futuro colectivo na Terra”.

Técnicos do ambiente chumbaram Aeroporto do Montijo (mas teve luz verde na mesma)


Os técnicos do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) apresentaram à direcção um conjunto de argumentos que concluíam pelo chumbo do aeroporto do Montijo, avança o semanário Expresso. Ainda assim, o aeroporto teve luz verde.
Numa informação interna assinada por técnicos e directores de departamento e chefes divisão é explícito que “a afectação de 20% da área de de alimentação das aves põe em causa a integridade da própria Zona de Protecção Especial (ZPE)” do estuário do Tejo.
Nessa nota interna, à qual o Expresso teve acesso, lembram que, tendo em conta a directiva comunitária para conservação de aves, a avaliação do ICNF “deveria ser negativa”, sob pena de “possibilidade de um processo de contencioso comunitário futuro”.
Porém, o conselho directivo da autoridade nacional para a conservação da natureza pediu aos técnicos para elaborarem um conjunto de medidas de compensação e minimização de impactes de forma a tentar minimizar os efeitos nefastos do aeroporto e encomendou a uma sociedade de advogados o robustecimento jurídico dessas medidas.
De acordo com o Expresso, o conselho directivo entendeu que, assim, contornaria a possibilidade de o Governo emitir uma declaração de interesse público e que poderia fazer avançar o projecto apesar do chumbo e sem medidas compensatórias.
O parecer positivo condicionado do ICNF seguiu a 25 de Outubro para a Agência Portuguesa do Ambiente (APA). Sem este, teria sido muito difícil esta autoridade ambiental viabilizar o aeroporto do Montijo. A luz verde da APA surgiu no último dia do prazo, a 30 de Outubro.

António Pires de Lima “triste” e “indignado”

Em declarações ao Expresso, o ministro da Economia do Governo PSD/CDS responsável pela escolha do Montijo considera “incompreensível” que a direita não salve essa herança, encontrando com o PS uma solução.
É incompreensível que o interesse nacional não prevaleça além dos oportunismos partidários. Não quero desculpar o Governo, que é responsável pelas relações com as câmaras, mas parece-me inverosímil que PSD, CDS e PS não encontrem uma fórmula para resolver isto”, disse António Pires de Lima.
Para o ex-ministro, uma alteração da lei para ultrapassar a questão do veto dos municípios já devia ter acontecido. “Fico triste, embora isto seja paradigmático de como é difícil concretizar soluções políticas importantes”.
Numa altura em que “já foram ultrapassados todos os prazos”, o arranque da obra não deve continuar a ser adiado, insistiu o ex-ministro.

“Esperemos que o Governo seja inteligente”

A líder parlamentar do PAN, Inês Sousa Real, tem esperança que a “legislação possa vir salvar” aquilo que considera uma “opção desastrosa do ponto de vista ambiental”: a construção do novo Aeroporto no Montijo.
Em declarações à Rádio Observador, Inês Sousa Real recorda que, caso avance, o aeroporto “penhora um habitat único“, passando por “cima de uma rota migratória de mais 200 mil aves”.
“O secretário de Estado já disse que os pássaros não são estúpidos, esperemos que o Governo seja inteligente na opção que tomar”, acrescenta.
Inês Sousa Real diz que não vê mal nenhum que o governo possa agora “parar” e “refletir” para desistir da opção Montijo para a construção de um novo aeroporto. Para o PAN a solução passa por não construir qualquer novo aeroporto na área de Lisboa, mas “aproveitar infraestruturas já existentes como é o caso de Beja e apostar na ferrovia”, numa opção que, destaca, também iria ajudar ao “desenvolvimento do interior”.
Para a líder de bancada do PAN também não faz sentido “expandir o próprio Aeroporto da Portela”, já que se está a “penalizar a qualidade de vida das pessoas sem qualquer estudo.”
Aeroporto do Montijo é “atentado planeado à paisagem”
A Associação Portuguesa dos Arquitetos Paisagistas (APAP) manifestou este sábado “profunda preocupação” com a evolução do processo para a construção do aeroporto do Montijo, defendendo que se trata de “um atentado planeado à paisagem e ao território”.
“Espero que, até às ultimas instâncias, este processo se venha a inverter e não se faça esta acção que redunda num atentado e num crime à paisagem e aos valores culturais do país”, afirmou o vice-presidente da APAP, João Ceregeiro, em declarações à agência Lusa.
Lembrando que o projecto do aeroporto do Montijo se localiza num estuário, que tem “uma relação geomorfológica constante ao longo das suas margens” e é “um dos locais de valor paisagístico mais importantes nesta zona do país”, o representante da APAP acusou que “há uma legislação que foi, praticamente, anulada”.
No caso dos ecossistemas, a construção do aeroporto do Montijo pode anular a componente de avifauna, o que “é muito grave”. Em termos de impacto paisagístico, João Ceregeiro adiantou que afecta todo o estuário, porque “vai integrar as rotas de aproximação à pista e de descolagem da pista”, ressalvando que este território “tem uma sensibilidade” e devia ser envolvido numa reserva.

Comprar online pode ser pior para o ambiente do que numa loja física


Estudo demonstra que a pegada ecológica é maior se fizermos encomendas na internet. Mesmo que utilizemos o carro para ir às compras

 O preço, a qualidade, a comodidade e o prazo são alguns dos factores que levam habitualmente os consumidores a decidirem se compram alguma coisa online ou se o fazem numa loja física. Agora, quem se preocupa com o ambiente pode ter em consideração mais um aspecto: as emissões de gases com efeito de estufa.
Segundo um novo estudo que compara os vários métodos de compras de produtos para a casa e de produtos de higiene pessoal, como papel higiénico, champô e pasta dos dentes, a pegada ecológica é maior no caso das encomendas pela internet. A conclusão é contra-intuitiva, mas a investigação agora publicada no Environmental Science & Technology, da American Chemical Society, não deixa margem para dúvidas.
A principal razão é o facto de as pessoas que fazem compras online encomendarem poucos artigos de cada vez, diz Sadegh Shahmohammadi, que está a fazer o pós-doutoramento em Ciência do Ambiente, na Universidade de Radboud, nos Países Baixos, e encabeça a equipa de investigadores. “Ao contrário”, nota, “quem vai a uma loja física, costuma agregar as suas compras numa única aquisição.” A compra mais faseada na internet produz mais resíduos de embalagens e os produtos costumam vir de diferentes centros de distribuição.
Shahmohammadi e os seus cinco colegas gastaram um ano e meio a comparar os três métodos de compras – feitas numa loja física, na net com levantamento em loja, e online com entrega em casa. Para avaliarem a pegada ecológica de cada um deles, seguiram os produtos desde a fábrica até ao consumidor. E, por fim, avaliaram especificamente a chamada “última milha de entrega”. Os investigadores estimaram as emissões de gases com efeito de estufa tendo em conta o número de produtos comprados, o transporte, o armazenamento, o embalamento e a entrega.
Os resultados a que chegaram demonstraram que as pegadas ecológicas por produto comprado eram mais baixas 81% nas lojas físicas do que online, no Reino Unido. “É um padrão que se aplica a países em que as pessoas andam sobretudo de carro”, diz Shahmohammadi. “Depende mesmo do país e do comportamento dos seus consumidores.”
O estudo identifica também meios para consumidores e retalhistas reduzirem as suas emissões de gases com efeito de estufa. No caso das lojas físicas, os clientes poderiam diminuí-las até 40% indo às compras a pé ou de bicicleta. Quanto às vendas online, as emissões seriam cortadas em 26% caso as entregas fossem realizadas em bicicletas eléctricas.
Foto: Neil Godwin/Future Publishing via Getty Images

UAveiro descobre que as cascas de banana limpam águas com metais pesados


Formadas por celulose, lenhina e hemicelulose, materiais com grupos funcionais que captam o mercúrio da água, as cascas de banana são "altamente eficientes na remoção de metais pesados de águas contaminadas, nomeadamente do mercúrio, um metal muito tóxico para a saúde e para o ambiente", descobriu uma equipa de investigadores da Universidade de Aveiro (UA).

"Pequenas ou grandes, da Madeira ou da América do Sul, tanto faz", o grupo de investigação descobriu igualmente que as cascas da banana são eficazes na remoção de outros metais tóxicos como o chumbo ou o cádmio.

No caso do mercúrio, onde as cascas são "as campeãs da limpeza", o que "as diferencia dos outros materiais biológicos [que também são formados por celulose, lenhina e hemicelulose] é que as mesmas são mais ricas em grupos de enxofre e o mercúrio tem elevada afinidade por esse elemento", explica a investigadora Elaine Fabre, em comunicado da UA.

Eis porque "estas cascas são tão eficientes na remoção de mercúrio da água", sublinha.

A UA adianta que este trabalho, que foi publicado na revista "Science of the Total Environment", mostra que, para tratar 100 litros de água contaminada com 0,05 miligramas de mercúrio, e de forma a atingir-se a concentração permitida para águas de consumo humano, que é de 0,001 miligramas de mercúrio por litro, seriam necessários apenas 291 gramas de cascas.

Testadas em diversos sistemas reais, com água da torneira, água do mar ou água de efluentes industriais, e na presença de muitos outros elementos para além de metais pesados, "em todos os casos as cascas mostraram-se eficazes", garante a UA.

"Os resultados mostram um potencial muito promissor na aplicação das cascas em sistemas reais", afiança Elaine Fabre, investigadora do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM), num trabalho que envolveu, também, o CICECO – Instituto de Materiais de Aveiro e LAQV-REQUIMTE, e os cientistas Cláudia Lopes, Eduarda Pereira, Carlos Silva, Carlos Vale, Paula Figueira e Bruno Henriques.

E como aplicar cascas de banana para remoção de mercúrio? "Através de processos de sorção - processos que envolvem a retenção de um composto de uma fase fluída na superfície de um sólido", que "pode ser realizada em estações de tratamento de águas residuais, em efluentes industriais, ou mesmo em qualquer outro sistema que contenha águas contaminadas", desvenda a UA.

Para tal, asseguram os cientistas de Aveiro, basta colocar as cascas em contacto com a água contaminada por um determinado período de tempo.

Greenrail ou o conceito de transformar as linhas férreas em produtoras de energia limpa


Temos vindo a conhecer muitas novidades no que toca à produção de energia limpa. Principalmente estruturas dedicadas ao segmento automóvel, como estradas produtoras de energia, estações de abastecimento também elas produtoras e várias tecnologias nos próprios veículos. Portanto, tudo serve para acolher aquilo que o Sol e outras fontes limpas nos oferecem. Assim, ter as linhas de comboio a produzir também é uma excelente ideia. Apareceu pela mão da empresa Greenrail uma solução que utiliza tecnologia inovadora para tornar as travessas das linhas mais eficientes, reduzir o desperdício e gerar energia limpa.
Já imaginou quantos milhares de quilómetros existem em Portugal de linha férrea? E no mundo? É um ideia interessante usar este espaço da linha para recolher energia. Assim, uma empresa teve a iniciativa de criar uma solução que dá uma utilidade acrescida às travessas que fazem parte da linha dos comboios.
Embora a inovação, o design e a tecnologia tenham transformado a maioria das indústrias tradicionais, algumas coisas têm permanecido as mesmas durante séculos. Na indústria ferroviária, as travessas de madeira ou de betão permaneceram praticamente inalteradas desde que foram introduzidas no início do século 20. Não está na hora de evoluir esta estrutura?
Em 2005, Giovanni De Lisi, um trabalhador italiano de manutenção e instalação ferroviária, teve uma ideia que poderá mudar o padrão de toda a indústria, introduzir a economia circular e fazer a transição da indústria para a neutralidade de carbono.
Greenrail, uma empresa recém-criada com sede em Milão, produz travessas de betão com uma mistura de plástico reciclado e borracha de pneus ELT (End of Life Tires). Através do seu processo de economia circular, cada quilómetro de linha ferroviária feita pela Greenrail permite a reciclagem de 35 toneladas de plástico e pneus usados.
As travessas inovadoras reduzem os custos de manutenção em cerca de 50% porque “o plástico reciclado e a capa de borracha ajudam a reduzir o desgaste do lastro da via, absorvendo vibrações, diminuindo o movimento lateral das linhas e aumentando a capacidade de carga em 40%”, explicou o fundador e CEO da Greenrail De Lisi em entrevista à EJinsight.
Embora estas características de reciclagem fossem suficientes para as tornar muito interessantes, outra ideia equipou de sobremaneira estas estruturas e podem ser uma revolução. O empresário italiano decidiu transformar esta peça passiva numa infraestrutura de produção de energia.
A Greenrail Solar integra painéis solares que convertem a infraestrutura ferroviária numa central fotovoltaica. Conforme foi descrito, esta “inovação”, utiliza um sistema piezoeléctrico para gerar electricidade durante a passagem de um comboio. Uma terceira versão, Greenrail Linkbox, envia dados para diagnósticos em tempo real, melhorando a segurança e a manutenção preditiva dos caminhos de ferro.
Cada quilómetro de travessas solares Greenrail pode produzir 35 MWh por quilómetro, energia suficiente para suprir as necessidades anuais de electricidade de 10 residências. Considerando que só na Europa existem aproximadamente 380 milhões de travessas de betão, o potencial pode ser enorme.
Embora a empresa tenha começado a expandir-se em mercados de alto potencial como os EUA, Índia, Austrália, Brasil, Rússia, Uganda e Cazaquistão, em Setembro de 2018 abriu o seu primeiro troço piloto de travessas inteligentes na linha Reggio Emilia – Sassuolo, Itália.
Desde então tem afinado e melhorado a tecnologia. Nesse sentido, poderemos num futuro próximo ver as linhas de comboio com outro aspecto, de passivas a activas na produção de energia.

Ara tem um novo modelo vegan a pensar no meio ambiente

A ARA está quase a chegar àquela fase dos “entas”, uma vez que celebrou 48 anos de história em Portugal em dezembro do ano passado. Signific...