quinta-feira, 29 de abril de 2021

Alterações climáticas podem destruir 6% da Economia Portuguesa


 O Swiss Re Institute testou 48 países a cenários de stress para aferir o impacto da mudança climática em cada um. São três os cenários climáticos, com níveis de gravidade variáveis, que serviram para calcular a posição de cada uma dessas economias que, em conjunto, representam 90% do pib mundial num novo índice de resiliência às alterações climáticas com alcance temporal até meio do século.

Na Terra inteira, supondo incremento de 2°C no aquecimento global até 2048, o impacto das alterações climáticas é estimado em 11% do PIB mundial, assume o relatório. “O risco climático é um risco sistémico e só poderá ser abordado globalmente”, afirma Jérôme Haegeli, economista-chefe do grupo Swiss Re, citado no relatório.

Portugal é quarto no New Climate Economics Index, à frente de países como, por exemplo, Canadá e Noruega, e que comparativamente apresentam risco mais elevado de exposição à subida do nível das águas do mar.

No cenário severo, principal referência do estudo que modela outros dois cenários alternativos, considerando que a temperatura suba 2%, o impacto negativo (perdas económicas) para Portugal em resultado das alterações climáticas corresponderão a 6,2% da riqueza nacional (pib). Caso o país cumpra a metas do Acordo de Paris, o impacto negativo terá sido atenuado em 4% no final do horizonte temporal.

sexta-feira, 23 de abril de 2021

Alentejo lidera projetos para reutilizar a água na agricultura


 

A empresa Águas Públicas do Alentejo (AgdA) anunciou que vai liderar dois projectos-piloto de produção de água para reutilização (ApR) em actividades agrícolas na região, caracterizada pela intensa actividade agrícola e baixos índices de precipitação.

Em comunicado enviado à Lusa, a AgdA explica que os projectos, designados REUSE II e AQUA VINI, são financiados pelo Fundo Ambiental, do Ministério do Ambiente e Acção Climática, e “pretendem promover a utilização de ApR em actividades agrícolas no Alentejo”.

Assim, “a urgência de adaptação às alterações climáticas, o uso eficiente da água e a valorização dos recursos numa óptica de economia circular, entre outros, são desafios fundamentais no sector da água e assumem especial relevância na área de actuação da AgdA”, refere a empresa.

Neste sentido, a AgdA procura “encontrar soluções para estes desafios” que lhe permitam “ser mais resiliente e capaz de dar respostas eficientes e sustentáveis aos seus clientes”.

O programa REUSE II integra um sistema de produção de ApR que incide na Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Beja. O projecto-piloto consiste na desinfeção solar das águas residuais tratadas nesta ETAR para utilização por um agricultor da região.

A água resultante da desinfecção solar será reutilizada na rega de um pomar de romãzeiras, para estudar o impacto da sua utilização no desenvolvimento das plantas e frutos, assim como o balanço de nutrientes, a eventual poupança na dosagem de fertilizantes minerais e o impacto da ApR nos recetores ambientais água e solo.

O impacto dessa água no sistema de rega da exploração agrícola onde será utilizada é também um dos elementos em estudo neste projecto, que resulta de uma parceria da AgdA com a AdP VALOR, a Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva (EDIA), o Instituto Superior de Agronomia (ISA), a EFACEC e o Centro Operativo e de Tecnologia de Regadio (COTR).

Já o projecto AQUA VINI pretende contribuir para o “aumento do conhecimento técnico sobre a reutilização da água na actividade de regadio” e promover a utilização de ApR na atividade vitivinícola do Alentejo, através do estudo da sua utilização na vinha do Monte da Ravasqueira, no concelho de Arraiolos.

O AQUA VINI vai estudar “os efeitos desta aplicação no desenvolvimento das culturas irrigadas”, bem como o seu impacto nos receptores ambientais solo e recursos hídricos, além dos sistemas de rega.

“Permitirá ainda a avaliação do eventual impacto da ApR, que será produzida na ETAR de Arraiolos Poente, na qualidade da água da charca, origem de água para a rega da vinha e a avaliação da eficácia das barreiras naturais existentes. Será ainda avaliada a possibilidade de regar directamente com ApR uma parcela da vinha”, explica o comunicado da AgdA.

O consórcio responsável pelo AQUA VINI integra também a AdP VALOR, a Comissão Vitivinícola Regional do Alentejo, o Centro Operativo e de Tecnologia de Regadio (COTR) e os produtores do Monte da Ravasqueira.

Adicionalmente, em ambos os projectos “serão realizadas as avaliações de risco das opções de utilização estudadas”, além das “soluções de tratamento complementar em função do esquema de utilização em causa”, explica a empresa.

Tailândia instala painéis solares flutuantes nas barragens para ter energia verde


 

Tailândia está prestes a concluir um dos maiores projectos flutuantes de produção de energia hídrica e solar do mundo numa barragem, um passo para impulsionar a produção de energia renovável após anos de críticas à dependência dos combustíveis fósseis.

Estão a ser instalados cerca de 144.417 painéis solares numa barragem na província nordeste de Ubon Ratchathani, onde os trabalhadores estão a completar o último de sete parques fotovoltaicos que abrangem 121 hectares de água.

A Autoridade Estatal de Geração de Energia Eléctrica da Tailândia (EGAT) está a apresentar a empreitada, ainda em fase-piloto, como um dos maiores projectos híbridos de energia hídrica e solar do mundo e pretende replicá-lo em mais oito barragens ao longo dos próximos 16 anos.

“Quando todos os projectos estiverem concluídos em todas as barragens, teremos capacidade total para gerar 2725 megawatts”, referiu o chefe de projecto, Chanin Saleechan.

Há muito que a Tailândia depende do carvão para a produção de energia, mas os planos para novos projectos dependentes do carvão têm sido recebidos com resistência, devido aos riscos sanitários e ambientais, levando mesmo a que, em 2018, se abandonasse a ideia de erigir duas centrais a carvão no Sul do país.

O objectivo é conseguir obter 35% da energia de combustíveis não fósseis até 2037, de acordo com o mais recente Plano de Desenvolvimento de Energia.

Comunidades indígenas estão reflorestando os Andes


Conservar o que ainda existe e restaurar o que foi derrubado. É este o trabalho que vem sendo realizado por povos tradicionais no Peru que estão plantando queuñas (Polylepis spp.) – uma espécie nativa que cresce nas áreas mais altas da Cordilheira dos Andes.

Alcançando até 5.000 metros acima do nível do mar, as queuñas já foram devastadas por queimadas e pastagens, mas com o projecto “Acção Andina” ganhou novo vigor. 

Por meio da Asociación Ecosistemas Andinos (ECOAN), a iniciativa realiza acções diversas. Anualmente ocorre o festival Queuna Raymi em que jovens, crianças e idosos sobem as montanhas para realizar a plantação colectiva. Mais de 100 mil árvores queuñas já foram plantadas num único dia. 

A grande meta desta iniciativa é chegar a 1 milhão de hectares preservados, sendo que meio milhão só será possível com o reflorestamento e o outro meio milhão se dará pela protecção da floresta remanescente em seis países: Colômbia, Equador, Peru, Bolívia, Chile e Argentina. Juntos eles formam a chamada América Andina. 

A Acção Andina tem como modelo outro projecto de reflorestamento comunitário, realizado nos Andes, que resultou no plantio de 1,3 milhão de árvores.

Benefícios

Além de remover gás carbónico, as queuñas absorvem grandes quantidades de água, contribuindo para a segurança hídrica das vilas nas montanhas e protegendo o solo de deslizamentos. A floresta também captura e armazena a água do gelo derretido dos Andes, liberando-a lentamente para as comunidades. Isso ajuda inclusive durante a estação seca.

Toda a água armazenada pela floresta ainda alimenta a Bacia Amazónica, que nasce justamente nos Andes Peruanos.

A floresta ainda é refúgio de diversas espécies selvagens e em risco de extinção. 

“Recuperar as florestas significa garantir o futuro das culturas indígenas”, afirma Constantino Aucca Chutas, líder indígena e presidente da ECOAN. A Global Forest Generation, parceira do projecto, acredita que regenerar esses ecossistemas florestais será essencial para enfrentar os desafios das mudanças climáticas.

Consumo de soja, óleo de palma e carne na UE está a destruir as florestas dos trópicos


O consumo de produtos importados por países da União Europeia, incluindo Portugal, está a ter um “enorme impacto” para a desflorestação tropical, alerta um novo relatório da WWF.

Os resultados de uma investigação conduzida pela WWF – World Wildlife Fund mostram que “a União Europeia (UE) foi responsável, entre 2005 e 2017, por 16% da desflorestação associada ao comércio internacional, com um total de 203.000 hectares e 116 milhões de toneladas de CO₂ emitido”, indica em comunicado a Associação Natureza Portugal – ANP/WWF, parceira da organização internacional.

Portugal está entre os principais responsáveis dentro da UE. Surge em sexto lugar entre os Estados-membros com maior consumo per capita associado à desflorestação nos trópicos – nota a ANP/WWF – e está em nono lugar tendo em conta o total de hectares que esse consumo destrói anualmente, com uma média de 7.500 hectares entre 2005 e 2017. Na liderança desta última tabela surgem Alemanha, Itália, Espanha, Reino Unido, Holanda, seguidos pela França, Bélgica e Polónia, responsáveis por 80% do total.

“A procura por estas mercadorias está também a causar a destruição de ecossistemas não-florestais como prados e zonas húmidas”, uma vez que “o relatório estabelece uma ligação clara entre a produção de soja e de carne de bovino e a conversão de prados”, alerta a ANP/WWF. 

Igualmente pouco favorável é o retrato da UE como um todo, mostra o novo relatório. Em 2017, apenas a China terá tido um impacto maior. A importação de produtos pelo país mais populoso do mundo representou 24% de um total de 1,3 milhões de hectares de florestas dos trópicos destruídas nesse ano.

A UE, com 16% nesse ano, ficou à frente da Índia (9%), Estados Unidos da América (7%) e Japão (5%). Durante o período analisado, os principais produtos importados com mais desflorestação associada foram a soja, o óleo de palma e a carne de bovino, seguindo-se os produtos de base florestal, o cacau e o café. 

Foto: Rosa Maria/Pixabay

Texto: Inês Sequeira

segunda-feira, 12 de abril de 2021

O que é o hidrogénio verde que tanto se fala?



O hidrogénio é o elemento químico mais abundante do universo. As estrelas, como o nosso Sol, são formadas principalmente por esse gás, que também pode assumir o estado líquido.

O hidrogénio é muito poderoso: tem três vezes mais energia do que a gasolina.

Mas, ao contrário dela, é uma fonte de energia limpa, uma vez que só liberta água (H2O), na forma de vapor, e não produz dióxido de carbono (CO2).

No entanto, embora existam há muitos anos tecnologias que permitem usar o hidrogénio como combustível, há várias razões pelas quais até agora ele só foi usado em ocasiões especiais (como para impulsionar as naves espaciais da Nasa, a agência espacial americana).

Uma delas é que é considerado perigoso por ser altamente inflamável — por isso, transportá-lo e armazená-lo com segurança é um grande desafio.

Mas um obstáculo ainda maior tem a ver com as dificuldades para produzi-lo.

Na Terra, o hidrogénio só existe em combinação com outros elementos. Ele está na água, junto ao oxigénio, e se combina com o carbono para formar hidrocarbonetos, como gás, carvão e petróleo. Portanto, o hidrogénio precisa ser separado de outras moléculas para ser usado como combustível.

E conseguir isso requer grandes quantidades de energia, além de ser muito caro.

Até agora, os hidrocarbonetos eram usados ​​para gerar essa energia, então a produção de hidrogénio continuava a poluir o meio ambiente com CO2.

Há alguns anos, contudo, o hidrogénio começou a ser produzido a partir de energias renováveis, ​​como solar e eólica, por meio de um processo chamado eletrólise.

A eletrólise usa uma corrente elétrica para dividir a água em hidrogénio e oxigénio em um dispositivo chamado eletrolisador.

O resultado é o chamado hidrogénio verde, que é 100% sustentável, mas muito mais caro de se produzir do que o hidrogénio tradicional.

No entanto, muitos acreditam que ele pode oferecer uma solução ecológica para algumas das indústrias mais poluentes, incluindo a de transportes, química, siderúrgica e de geração de energia.

Actualmente, 99% do hidrogénio usado como combustível é produzido a partir de fontes não-renováveis.

E menos de 0,1% é produzido por meio da eletrólise da água, de acordo com a Agência Internacional de Energia.

No entanto, muitos especialistas em energia preveem que isso mudará em breve.

As pressões para reduzir a poluição ambiental têm levado uma série de países e empresas a apostar nesta nova forma de energia limpa, que muitos acreditam ser essencial para "descarbonizar" o planeta.

Companhias de petróleo estão entre as que lançaram projetos de hidrogênio verde.

E vários países anunciaram planos de produção nacional deste combustível renovável.

Isso inclui a União Europeia que, em meados de 2020, se comprometeu a investir mais de 400 bilhões em hidrogénio verde até 2030.

A intenção da UE é instalar eletrolisadores de hidrogénio renovável de 40 gigawatts (GW) na próxima década, para alcançar a sua meta de ter impacto neutro no clima até 2050.

 

domingo, 11 de abril de 2021

Poluição de pesticidas coloca 64% dos terrenos agrícolas em risco



Um estudo de investigadores australianos, publicado no Nature Geoscience, revela que o risco da poluição causada por pesticidas, a nível global, atinge 64% dos terrenos aráveis. A Universidade de Sydney, em notícia do siterevela que a investigação produziu um modelo de mapeamento global do risco da poluição causada por 92 químicos geralmente utilizados em pesticidas agrícolas, em 168 países.

O mapa também revelou que é no continente asiático que existe um maior risco de poluição, com a China, a Malásia e as Filipinas a possuírem o maior deles. A investigação recorda que algumas destas áreas são importantes para a produção alimentar mundial.

A autora principal do estudo, Fiona Tang, afirmou que o uso generalizado de pesticidas na agricultura – ao mesmo tempo que aumenta a produtividade – pode ter potenciais implicações para o ambiente, para a saúde humana e animal.

“O nosso estudo revelou que 64% das terras aráveis do mundo estão em risco de poluição por pesticidas. Isto é importante porque a literatura científica mais ampla descobriu que a poluição por pesticidas pode ter impactos adversos na saúde humana e no ambiente”, afirmou a investigadora.

O estudo também cruzou o risco de poluição por pesticida com a escassez de água e a biodiversidade.

“Embora as terras agrícolas na Oceânia demonstrem o menor risco de poluição por pesticidas, a bacia de Murray-Darling da Austrália é considerada uma região de grande preocupação, tanto devido aos seus problemas de escassez de água, como à sua elevada biodiversidade”, disse o coautor da investigação, Federico Maggi.

A investigadora Fiona Tang acrescenta que “globalmente, o nosso trabalho mostra que 34% das áreas de alto risco estão em regiões de alta biodiversidade, 19% em nações de baixo e baixo rendimento médio e 5% em áreas escassas de água”.

Perspectivas para o futuro

“Num clima mais quente, à medida que a população global cresce, espera-se que o uso de pesticidas aumente para combater o possível aumento das invasões de pragas e para alimentar mais pessoas”, afirmou o professor associado Federico Maggi.

Fiona Tang afirma que “embora a proteção da produção alimentar seja essencial para o desenvolvimento humano, a redução da poluição por pesticidas é equivalentemente crucial para proteger a biodiversidade que mantém a saúde e as funções dos solos, contribuindo para a segurança alimentar”.

“Recomendamos uma estratégia global de transição para um modelo agrícola global e sustentável que reduza o desperdício alimentar, reduzindo ao mesmo tempo o uso de pesticidas”, referem os autores do artigo.

A investigação foi conduzida por Julia Tang e Federico Maggi da Faculdade de Engenharia, e por Manfred Lenzen e Alexander McBratney da Faculdade de Ciências.

Ara tem um novo modelo vegan a pensar no meio ambiente

A ARA está quase a chegar àquela fase dos “entas”, uma vez que celebrou 48 anos de história em Portugal em dezembro do ano passado. Signific...