sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

Poluição química na Terra passa limite de segurança para a humanidade


A poluição química gerada pela actividade humana ultrapassou a “fronteira planetária”. Segundo o novo estudo liderado pela Stockholm Environment Institute, isso significa que a massa destes poluentes é a superior à capacidade da Terra em contê-los, ameaçando ainda mais os ecossistemas globais.

O plástico é o produto que mais se destaca nessa conta, que também soma outros 350 mil produtos químicos sintetizados, como pesticidas e antibióticos. A nova pesquisa destacou que a poluição plástica, por exemplo, pode ser encontrada desde topo do Monte Everest ao mais profundo oceano.

Essa “fronteira planetária” refere-se aos limites ambientais que permitem aos humanos viverem em segurança. Por outras palavras, a humanidade já produziu tanta poluição química que o meio ambiente torna-se instável para a sua sobrevivência — algo inédito nos últimos 10 mil anos.

A poluição química ameaça os processos físicos e biológicos para o funcionamento da vida, o que inclui pesticidas que matam insectos, peças fundamentais de diversos ecossistemas, além dos clorofluorcarbonetos (CFCs), responsáveis por destruir a camada de ozono.

Poluição nanoplástica encontrada pela primeira vez em ambos os pólos da Terra


A poluição nanoplástica foi detectada pela primeira vez em ambos os pólos do planeta, indicando que estas minúsculas partículas estão agora disseminadas por todo o mundo, alerta um estudo realizado pela Universidade de Utrecht, na Holanda.

As nanopartículas são menores e mais tóxicas do que os microplásticos, que já foram encontrados em todo o mundo, mas o impacto de ambos na saúde das pessoas ainda é desconhecido.

"Detectámos nanoplásticos nos cantos mais longínquos da Terra, tanto nas regiões polares do sul como do norte. Os nanoplásticos são muito toxicologicamente activos em comparação, por exemplo, com os microplásticos, e é por isso que isto é muito importante", disse Dušan Materić, que liderou a investigação.

A análise de um núcleo de gelo da Gronelândia mostrou que a contaminação nanoplástica tem vindo a poluir a região há pelo menos 50 anos. Os investigadores também ficaram surpreendidos ao descobrir que um quarto das partículas era proveniente de pneus de veículos.



Ambiente. O que defendem os partidos para o sector? E o que os distingue?


 

Conheça as principais propostas dos partidos com assento parlamentar para o ambiente:

PS 

O Partido Socialista assume o ambiente como uma das suas principais bandeiras e “compromete-se a enfrentar as alterações climáticas e a garantir uma transição justa”. Entre as propostas apresentadas destaca-se a transição energética, com a aceleração da “concretização do Plano Nacional Energia e Clima 2030 e o Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050”, com a implementação dos investimentos de 610 milhões de euros que estão previstos no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Outra aposta do PSé a mobilidade Sustentável, promovida pela expansão das redes e serviços de transporte e mais investimento nas empresas públicas do setor, não esquecendo a “transição para a mobilidade elétrica” – o programa socialista prevê ainda dar “continuidade à estratégia Nacional para a Mobilidade Ativa Ciclável”.

PSD

O maior partido da oposição defende um processo de revisão constitucional que se foque nas “dimensões de ambiente e de sustentabilidade”. Os sociais-democratas consideram “fundamental atualizar os instrumentos de planeamento estratégico em linha com o reconhecimento do estado de emergência climática”. Assim, querem “desenvolver e implementar um sistema de Contas Nacionais Verdes e PIB Ambiental” e uma “fiscalidade verde”. Olhar para as novas tecnologias também é uma prioridade, com a criação de um instrumento de apoio aos procedimentos de Avaliação de Impacte Ambiental – que os sociais-democratas designam por “programa AIA 2.0” – que utiliza a tecnologia de Inteligência Artificial.

CDS

Os democratas-cristãos olham para a cultura, para a memória e para as tradições. Pretendem “defender o Mundo Rural”. E em ordem para proteger o ambiente, nada melhor do que proteger os agricultores – “os melhores ambientalistas”. O CDS defende no seu programa um IVA de 6% para a tauromaquia – um “espetáculo cultural” – e “reverter” o limite da idade de entrada. Querem também “resolver de vez o problema da abordagem permanente e articulada das políticas do Mar” – com uma Comissão Parlamentar para as políticas do setor. Criar apoios ao setor do leite e outros setores produtivos é outra das medidas apresentadas, assim como devolver ao ministério da Agricultura a “gestão da floresta, pescas e recursos hídricos”.

 BE

Os bloquistas – além da conhecida medida de “transportes públicos para toda a gente”, fundamentada com a “redução de emissões de CO2 e poluentes” e ainda “do consumo de combustíveis” e de uma “maior integração funcional entre os centros e periferias das áreas metropolitas” – consideram “urgente” redirecionar o modelo energético nacional para atingir a neutralidade carbónica. Mas há mais: o partido pretende “eliminar rendas excessivas e erradicar a pobreza energética” e cortar os “lucros caídos do céu” – olhando para a legislação espanhola. Outra medida que se destaca no programa bloquista é a criação do “Ministério da Ação Climática”.

IL

Os liberais defendem uma “forte liberalização” no que diz respeito à agricultura e florestas. Também consideram importante “proteger o meio ambiente” e para isso querem “a retirada de produtos fitofarmacêuticos obsoletos do mercado”. E no que toca aos produtos que são retirados do mercado por questões ambientais, defendem “colmatar a falta de alternativas”. Já no que toca ao Código Florestal, o partido defende “simplificar a regulamentação associada ao sector florestal” e “aumentar da resiliência do território face às alterações climáticas”. Os liberais também acham importante “inverter a tendência de desertificação e despovoamento do território.

 CDU

Os comunistas consideram que a situação ambiental atual é um resultado da “privatização de sectores fundamentais” – dando como exemplo a água, a energia ou os resíduos. Para uma melhor “mitigação” e “adaptação” às alterações climáticas, a CDU quer criar um Plano Energético Nacional que tenha como alguns dos objetivos “a utilização racional da energia” e o “maior aproveitamento de recursos endógenos, particularmente das renováveis”. O partido defende o “controlo público” da EDP, REN e GALP e também a “conservação e melhoria da fertilidade do solo”, não esquecendo “o restauro e conservação de ecossistemas” ou lutar, por exemplo, para “a prevenção dos efeitos das ondas de calor”.

PAN

“É prioritário travar o aquecimento global e impedir um cenário com consequências desastrosas para a vida no Planeta”. As medidas que mais se destacam são a “inclusão” no ministério da Economia das competências relativas às alterações Climáticas, assim como “instituir o Ministério do Ambiente, Biodiversidade e Proteção Animal. O PAN quer também criar o crime de “Ecocídio no código Penal”. No que toca à alimentação, quer “promover uma política pública de redução do consumo de produtos de origem animal e o fomento de uma alimentação sustentável de origem vegetal”.

 Chega

Nada de alterações climáticas ou ambiente. Em vez disso, o Chega fala em “mundo rural”. O partido de André Ventura considera que a caça e a tauromaquia são “atividades tradicionais relevantes”, pelo que a sua regulamentação deve incentivar uma gestão sustentável e não “imposições meramente proibicionistas”. O partido quer também reforçar “medidas de apoio à agricultura familiar” – algo “fundamental” para “a reocupação do território e preservação de identidades e tradições do mundo rural”.

Livre

O Livre também considera “fundamental” combater as alterações climáticas. E, para isso, o partido quer “declarar a emergência climática nacional” criando uma Task-Force que “acompanhe a evolução das emissões de Gases com Efeito de Estufa (GEE). Entre as propostas destaca-se ainda a “redução de 65% das emissões nacionais GEE até 2030” e “rejeitar o Tratado da Carta da Energia” – que o partido considera “o maior obstáculo à luta contra as alterações climáticas na Europa e uma perigosa ameaça para as finanças públicas”. Além da task-force, o partido de Rui Tavares quer criar “uma empresa pública vocacionada para a promoção das energias renováveis e da gestão de uma rede nacional de transportes públicos sustentável” e uma “taxa universal sobre o carbono”. O Livre quer também mexer no escalão do IVA “de 23% para 6% em todos serviços essenciais de fornecimento de energia”.

Árvores conversam entre si, detectam perigos e ajudam as plantas a alimentar, diz estudo


 

As árvores têm amigos, sentem-se solitárias, gritam de dor e se comunicam por debaixo da terra via woodwide web. É o que afirma o engenheiro florestal Peter Wohlleben, no livro The Hidden Life of Trees (A Vida Oculta das Árvores, em português).

Segundo Wohlleben, algumas árvores agem como pais das outras e como boas vizinhas. Outras fazem mais do que projectar sombras: elas são verdadeiras defensoras contra espécies rivais. As mais novas correm riscos na ingestão de líquidos e na queda das folhas – e então mais tarde lembram-se dos erros cometidos.

Certamente, na sua próxima caminhada no parque será diferente, se imaginar que debaixo dos seus pés as raízes das árvores estão crepitando com um diálogo cheio de energia! O autor acredita que nós não sabemos nem metade do que está acontecendo debaixo da terra e das cascas das árvores: “Nós estamos olhando para a natureza há mais de 100 anos como se ela fosse uma máquina”, argumenta.

Wohlleben – sobrenome que, coincidentemente, quer dizer “viver bem” – desenvolveu o seu pensamento ao longo da última década, enquanto observava o poderoso, e interessante sistema de sobrevivência da floresta de faia antiga, que ele gerencia nas montanhas Eifel, na Alemanha. “A coisa que mais me surpreendeu é quão sociais as árvores são. Eu tropecei num velho tronco um dia e vi que ainda estava vivo, embora tivesse 400 ou 500 anos, sem qualquer folha verde. Todo ser vivo precisa de nutrição. A única explicação é que ele foi mantido com uma solução de açúcar dada pelas árvores vizinhas, a partir das suas raízes. Como engenheiro florestal, eu aprendi que as árvores são concorrentes que lutam umas contra as outras, pela luz, pelo espaço, e ali eu vi que acontece o contrário. As árvores são muito interessadas em manter todos os membros da sua comunidade vivos”.

A chave para isso, ele acredita, é a chamada woodwide web (numa alusão à rede mundial de computadores, a worldwide web). Quando estão sob ataque, as árvores comunicam a sua angústia para as outras em seu redor emitindo sinais eléctricos a partir das suas raízes e de redes formadas por fungos (algo que se assemelha ao nosso sistema nervoso). Pelos mesmos meios, elas alimentam árvores atingidas, alimentam algumas mudas (os seus “filhos mais amados”) e restringem outras para manter a comunidade forte.

“As árvores podem reconhecer com suas raízes quem são as suas amigas, quem são os seus familiares e onde estão os seus filhos. Elas também podem reconhecer árvores que não são tão bem-vindas”, ele explica. Na análise de Wohlleben, é quase como se as árvores tivessem sentimentos e carácter. “Nós pensamos que as plantas são robóticas, seguindo um código genético. Plantas e árvores sempre têm uma escolha sobre o que fazer. As árvores são capazes de decidir, ter memórias e até mesmo personas diferentes. É possível que existam os do bem e os do mal”, completa.

O livro The Hidden Life of Trees, What They Feel, How They Communicate, de Peter Wohlleben, foi publicado pela editora Greystone Books e está disponível em alemão e inglês.






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