sexta-feira, 2 de agosto de 2019

Ecologistas alertam para catástrofe dos incêndios florestais na Sibéria


Anualmente ocorrem grandes incêndios florestais em extensas áreas isoladas da Sibéria, ao ponto de as autoridades preferirem, por vezes, deixá-los continuar, se estes não constituírem uma ameaça para as populações. Os ecologistas alertaram para a "catástrofe" dos incêndios que assolaram milhões de hectares de floresta na Sibéria durante semanas, cobrindo cidades inteiras com o fumo negro e odor acre, ameaçando acelerar o degelo do Ártico. Anualmente ocorrem grandes incêndios florestais em extensas áreas isoladas da Sibéria, ao ponto de as autoridades preferirem, por vezes, deixá-los continuar, se estes não constituírem uma ameaça para as populações. Mas a magnitude dos incêndios deste ano atingiu um nível excecional e já se teme um impacto ambiental de longo prazo, incluindo o degelo do Ártico. De acordo com as autoridades, até ao momento já foram queimados mais de 3,2 milhões de hectares, principalmente nas vastas regiões de Iacútia, Krasnoyarsk e Irkutsk. Entre as causas dos incêndios estão as tempestades secas e um calor "anormal" de 30 graus Celsius, que foram propagadas por ventos fortes, afetando regiões vizinhas, segundo a Agência Federal de Florestas. Durante semanas, o fumo invadiu uma centena de localidades nas áreas onde estão os incêndios, onde já foi declarado o estado de emergência, assim como as grandes cidades das regiões de Tomsk e Altai, Ecaterimburgo e Chelyabinsk. O funcionamento dos aeroportos nas regiões afetadas é condicionado devido ao fumo. No domingo, o fumo chegou ao vizinho Cazaquistão, onde uma "concentração de poluentes que excedem a norma" foi registada em várias cidades, incluindo a capital Astana, anunciou o Serviço Meteorológico do Cazaquistão, citado pelos 'media' locais. Para além das consequências imediatas na saúde das populações, os ecologistas temem que este fenómeno acelere o aquecimento global. "A situação com os incêndios florestais na parte oriental da Rússia deixou de ser um problema local há muito tempo
(...) e transformou-se num desastre ecológico em todo o país", alertou a filial russa da organização não-governamental (ONG) Greenpeace.

De acordo com Grigori Kouxine, um especialista da Greenpeace Rússia, a fuligem e a cinza aceleram o derretimento do gelo do Ártico e a camada permanentemente congelada manifesta tendência para encolher este ano, um processo que liberta gases os quais, por sua vez, também contribuem para o aquecimento global.

"O efeito dos incêndios no clima é muito importante", adverte Grigori Kouxine. "É semelhante às descargas das grandes cidades e reforça o problema dos incêndios: quanto mais os incêndios afetam o clima, melhores são as condições para os novos incêndios perigosos", acrescenta.

A Greenpeace lançou uma petição que pede às autoridades russas para que lutem mais contra estes incêndios.

A maioria dos incêndios acontecem em "zonas de controlo", uma denominação oficial usada para uma área remota ou pouco acessível, onde a decisão para se extinguirem os incêndios é tomada pelas autoridades somente se o dano estimado exceder o custo das operações.

Caso contrário, o papel das autoridades limita-se a observar a evolução do fogo.

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