quarta-feira, 29 de abril de 2020

Praia desinfectada com lixívia? Aconteceu em Espanha e matou toda a vida no areal


A ideia, alegam os seus mentores, era tornar a praia mais segura para as crianças. Para fazê-lo, os comerciantes locais e a Junta Vecinal (conselho de bairro) de Zahara de los Atunes, em Cádis, enviaram três tractores munidos de lixívia — dois litros por cada 100 de água — para desinfectar o areal. O resultado final está mais próximo de um atentado ambiental, critica a presidente da associação de voluntários ambientais de Trafalgar, que diz que nem os insectos daquele ecossistema resistiram à desinfecção.

“Parece incrível que estas coisas ainda aconteçam, é uma loucura contra a própria praia”, disse María Dolores Iglesias, citada por vários órgãos da imprensa espanhola. “No perímetro fumigado nada é visto, nem mesmo um insecto, mataram tudo”, lamenta a ambientalista. “Não pensaram que isto é um ecossistema vivo, pensaram que é apenas terra.”

A piorar a situação, a tarambola, uma ave que deposita ovos na areia, está na época de reprodução e cerca de 20 ninhos terão sido destruídos. María Dolores Iglesias lembra ainda que depois de quase 40 dias sem presença humana, a vida animal tinha-se intensificado na praia — algo que agora se perde com a fumigação.

O “atentado ecológico” de que fala Iglesias continua. No areal é proibida a entrada de veículos motorizados e a a desinfecção foi feita por três tractores — os mesmos que tinham sido usados para limpar calçadas e estradas da localidade — que arrasaram a área de dunas. “A praia regenera-se e limpa-se sozinha. Isto não era necessário”, frisa a ambientalista.

A somar a todos os erros cometidos, também não foi pedida a devida autorização legal para proceder à acção de limpeza do areal o que já levou o Governo Regional de Andaluzia a dizer que vai investigar o sucedido.

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