sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

Árvores conversam entre si, detectam perigos e ajudam as plantas a alimentar, diz estudo


 

As árvores têm amigos, sentem-se solitárias, gritam de dor e se comunicam por debaixo da terra via woodwide web. É o que afirma o engenheiro florestal Peter Wohlleben, no livro The Hidden Life of Trees (A Vida Oculta das Árvores, em português).

Segundo Wohlleben, algumas árvores agem como pais das outras e como boas vizinhas. Outras fazem mais do que projectar sombras: elas são verdadeiras defensoras contra espécies rivais. As mais novas correm riscos na ingestão de líquidos e na queda das folhas – e então mais tarde lembram-se dos erros cometidos.

Certamente, na sua próxima caminhada no parque será diferente, se imaginar que debaixo dos seus pés as raízes das árvores estão crepitando com um diálogo cheio de energia! O autor acredita que nós não sabemos nem metade do que está acontecendo debaixo da terra e das cascas das árvores: “Nós estamos olhando para a natureza há mais de 100 anos como se ela fosse uma máquina”, argumenta.

Wohlleben – sobrenome que, coincidentemente, quer dizer “viver bem” – desenvolveu o seu pensamento ao longo da última década, enquanto observava o poderoso, e interessante sistema de sobrevivência da floresta de faia antiga, que ele gerencia nas montanhas Eifel, na Alemanha. “A coisa que mais me surpreendeu é quão sociais as árvores são. Eu tropecei num velho tronco um dia e vi que ainda estava vivo, embora tivesse 400 ou 500 anos, sem qualquer folha verde. Todo ser vivo precisa de nutrição. A única explicação é que ele foi mantido com uma solução de açúcar dada pelas árvores vizinhas, a partir das suas raízes. Como engenheiro florestal, eu aprendi que as árvores são concorrentes que lutam umas contra as outras, pela luz, pelo espaço, e ali eu vi que acontece o contrário. As árvores são muito interessadas em manter todos os membros da sua comunidade vivos”.

A chave para isso, ele acredita, é a chamada woodwide web (numa alusão à rede mundial de computadores, a worldwide web). Quando estão sob ataque, as árvores comunicam a sua angústia para as outras em seu redor emitindo sinais eléctricos a partir das suas raízes e de redes formadas por fungos (algo que se assemelha ao nosso sistema nervoso). Pelos mesmos meios, elas alimentam árvores atingidas, alimentam algumas mudas (os seus “filhos mais amados”) e restringem outras para manter a comunidade forte.

“As árvores podem reconhecer com suas raízes quem são as suas amigas, quem são os seus familiares e onde estão os seus filhos. Elas também podem reconhecer árvores que não são tão bem-vindas”, ele explica. Na análise de Wohlleben, é quase como se as árvores tivessem sentimentos e carácter. “Nós pensamos que as plantas são robóticas, seguindo um código genético. Plantas e árvores sempre têm uma escolha sobre o que fazer. As árvores são capazes de decidir, ter memórias e até mesmo personas diferentes. É possível que existam os do bem e os do mal”, completa.

O livro The Hidden Life of Trees, What They Feel, How They Communicate, de Peter Wohlleben, foi publicado pela editora Greystone Books e está disponível em alemão e inglês.






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