domingo, 30 de junho de 2019

6.º Inventário Florestal Nacional: Montado lidera área plantada. Eucalipto representa 26%


O 6.º Inventário Florestal Nacional (IFN6) está concluído, informa o Ministério da Agricultura, afirmando que se trata de “uma peça fundamental para a implementação da Reforma da Floresta iniciada em 2016”.
A maior área de floresta (1 063 000 ha) é coberta por montado (sobreiro e azinheira) e a área de eucalipto (844 000 ha) cresceu abaixo das estimativas.
Os trabalhos de foto-interpretação terminaram de final de 2018, contudo os dados finais só foram entregues neste mês.
Tendência de diminuição da área de floresta, que se verificava desde 1995, inverteu-se, registando-se com este inventário um aumento de 59 mil ha (1,9%) face a 2010

Coordenação do ICNF

Na realização do IFN6 estiveram envolvidas 6 empresas na recolha de dados, sob coordenação do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), que foi responsável por toda a concepção do IFN6, pela preparação dos cadernos de encargos, desenvolvimento de manuais, formação dos técnicos contratados, gestão de projecto, desenvolvimento do sistema de informação e processamento de dados.
Executado dentro do prazo anunciado pelo Governo, o IFN6 vai agora permitir a actualização dos Programas Regionais de Ordenamento Florestal (PROF), que já estão em vigor, adaptando-os aos novos dados, “uma estratégia que permitiu ao País avançar com a implementação da Reforma da Floresta”, realça o Ministério liderado por Luís Capoulas Santos.

Uma primeira análise dos dados recolhidos permite concluir, diz o Ministério da Agricultura, que:

  • maior área de floresta (1 063 000 ha) é coberta por montado (sobreiro e azinheira)
  • A área de eucalipto (844 000 ha) cresceu abaixo das estimativas
  • A área de pinheiro bravo (714 000 ha) diminuiu
  • A área de pinheiro manso (193 000 ha) aumentou
Além destas conclusões, o Gabinete de Capoulas Santos salienta que os espaços florestais (floresta, matos e terrenos improdutivos) ocupam 6,1 milhões de hectares (69%) do território nacional continental e que a floresta, que inclui terrenos arborizados e temporariamente desarborizados (superfícies cortadas, ardidas e em regeneração), é o principal uso do solo nacional (36%).

Área de floresta cresce 1,9%

A tendência de diminuição da área de floresta, que se verificava desde 1995, inverteu-se, registando-se com este inventário um aumento de 59 mil ha (1,9%) face a 2010 (data da última avaliação).
Já no que diz respeito aos matos e pastagens, representam a segunda categoria mais expressiva de uso do solo (31%), registando um crescimento contínuo da área ocupada desde 1995. A floresta nacional é maioritariamente constituída por espécies florestais autóctones (72%).

Sobreirais e azinhais são a principal ocupação florestal

Ainda segundo o IFN6 ,os “montados”, sobreirais e azinhais são a principal ocupação florestal, com mais de 1 milhão de hectares de superfície, representando um 1/3 da floresta. São ecossistemas florestais de uso múltiplo, que têm na produção de cortiça a sua principal função.
Os pinhais são a segunda formação florestal, ocupando uma área superior a 900 mil ha. Apesar do crescimento da área de pinheiro manso, regista-se um decréscimo da área ocupada pelo pinheiro bravo. Em termos globais, mantém-se a tendência de redução da área ocupada com pinho, que vem desde 1995, embora o ritmo da redução esteja a abrandar, revelando a capacidade de resiliência destas árvores às perturbações, como é o caso das pragas que afectam os pinhais.

Eucalipto representa 26% da floresta continental

Já os polémicos eucaliptais ocupam 844 mil hectares, área inferior à que tem sido estimada e que representa cerca de 26% da floresta continental. Os dados recolhidos revelam um incremento sistemático da área ocupada ao longo dos últimos 50 anos.
Por sua vez, as folhosas caducifólias (carvalhos, castanheiros e outras) registam um aumento sistemático de área ocupada ao longo dos últimos 20 anos, sendo o crescimento dessa área mais significativo no período entre os dois últimos inventários (2005 e 2015), apesar de constituírem a formação florestal menos representativa em área ocupada.

Quatro grandes grupos

Em termos estruturais, funcionais e paisagísticos, a floresta do continente está organizada em quatro grandes grupos, ou formações florestais: pinhais (constituídos por povoamentos de pinheiro-bravo e pinheiro-manso); folhosas perenifólias (“montados”, sobreirais e azinhais); folhosas caducifólias (carvalhos, castanheiros e outras); e as folhosas silvo-industriais (eucaliptais).

Identificação das espécies exóticas ou invasoras

Explica ainda o Gabinete de Capoulas Santos que, em todos os pontos de amostragem no terreno, procedeu-se à identificação das espécies exóticas ou invasoras (de acordo com a classificação do Decreto-Lei n.º 565/99), tendo-se confirmado a presença destas espécies pelo território continental de forma generalizada, apesar de as situações de presença maciça (grupos de plantas ou extensão por toda a superfície) sejam significativamente raras. As acácias e háqueas, canas e chorão-das-praias são as espécies mais detectadas.
No âmbito do IFN6 procedeu-se ainda a uma identificação dos habitats e do seu estado de conservação em cada um dos 12 000 pontos de amostragem realizados no terreno. Da sua análise verifica-se que cerca de 20 % dos espaços florestais e 25% de matos/pastagens naturais são classificados como habitat e que a ocorrência destes se estende para além dos terrenos classificados com estatuto de conservação.

Habitats mais representados

Na floresta, os habitats mais representados são os que resultam das florestas de quercíneas: os montados de quercíneas (habitat 6 310), os sobreirais (habitat 9 330), os carvalhais (habitat 9 230) e os azinhais (habitat 9 340). Nos matos, a maior representatividade é a dos matos baixos de tojais e urzais (habitat 4 030) e a dos matos altos evoluídos de piornos, medronheiro, carrasco ou carvalhiça (habitat 5 330).
Ao nível da biomassa lenhosa e do carbono armazenado nas árvores vivas em espaços florestais, verifica-se um aumento em ambos os valores, resultado da alteração da composição específica da floresta, e parcialmente da melhoria dos métodos de avaliação.

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