terça-feira, 11 de junho de 2019

Arroz pode afectar o meio ambiente tanto como centrais a carvão


O cultivo global de arroz pode ter o mesmo efeito prejudicial sobre o aquecimento global a curto prazo que 1.200 centrais a carvão de média dimensão, segundo o grupo ambientalista Environmental Defense Fund, de Nova Iorque. Isto significa que, a longo prazo, o arroz é tão prejudicial como as emissões combinadas anuais de dióxido de carbono de combustíveis fósseis na Alemanha, Itália, Espanha e Reino Unido.

À medida que o tamanho da pegada de carbono de alimentos básicos se torna mais claro para os cientistas, empresas como a fabricante do arroz Uncle Ben e Olam International, segunda maior fornecedora de arroz do mundo, começam a procurar mais grãos de plantações que não são inundadas, uma técnica de cultivo generalizada que libera gás metano na atmosfera.

"A quantidade de atenção que o arroz recebe para estas questões é relativamente pequena em comparação com o tamanho do problema", afirma Paul Nicholson, que coordena pesquisas sobre arroz e sustentabilidade para a Olam, em Singapura. "As pessoas são bem informadas sobre o chocolate, o café, produtos para o cabelo, mas o arroz fica para depois."

O arroz é o alimento básico de centenas de milhões de asiáticos e, de longe, o grão mais poluidor - emite o dobro de gases nocivos do que o trigo. No entanto, não tem estado no centro do debate como, por exemplo, a carne bovina, que produz muito mais emissões por caloria e, em conjunto com outros produtos animais, é a culpada por quase 60% das emissões de gases de efeito estufa provenientes dos alimentos.

Isso está a mudar à medida que consumidores socialmente conscientes, especialmente na Europa e na América do Norte, exigem cada vez mais provas de que os alimentos que compram causam menos danos ao meio ambiente - e tratam de forma justa agricultores e trabalhadores nos países em desenvolvimento. Com a agricultura a emitir quase tanto gás com efeito estufa como o transporte, esta procura só se intensifica.

A Sustainable Rice Platform, ou SRP, supervisionada pelas Nações Unidas e pelo Instituto Internacional de Pesquisa de Arroz, tenta promover uma mudança. No início deste ano, a agência, com sede em Bangkok, divulgou directrizes actualizadas sobre o cultivo de arroz de forma mais sustentável, por exemplo, alternando molhar e secar a plantação em vez de mantê-la inundada, sem queimar o que restou da produção depois de colhida, usando fertilizantes e promovendo condições de trabalho justas.

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