A maior fonte de microplásticos é a água que bebemos.
Estamos a ingerir uma média de 5 gramas de plástico por semana, o equivalente a um cartão de crédito, revela um novo estudo, resultado de investigações de uma equipa da Universidade de Newcastle, na Austrália.
Esta contaminação vem dos microplásticos - partículas mais pequenas que cinco milímetros - que estão a entrar nos alimentos, na água potável e até no ar que respiramos.
Estas minúsculas partículas têm múltiplas origem: fibras artificiais de roupas, microesferas em algumas pastas de dentes ou pedaços maiores de plástico que gradualmente se vão degradando quando são deitados fora e expostos aos elementos.
Vão entrando nos rios e oceanos e podem ser comidos por peixes e outros animais marinhos, entrando assim na cadeia alimentar.
Os microplásticos têm sido encontrados em líquidos que bebemos como a cerveja e até no sal com que temperamos os alimentos, disse à CNN a autora principal do estudo, Kala Senathirajah.
O relatório No Plastic in Nature: Assessing Plastic Ingestion from Nature to People, financiado pela World Wildlife Fund (WWF), analisou 52 estudos feitos ao longo dos anos a nível mundial e concluiu que a maior ingestão de microplásticos faz-se através da água que bebemos.
Em média, cada pessoa consome até 1.769 partículas de plástico cada semana apenas por beber água - engarrafada ou da torneira.
E aqueles que bebem exclusivamente água engarrafada ingerem mais 90.000 partículas de plástico por ano que quem bebe água da torneira.
Há no entanto diferenças regionais - num estudo de 2018 foi econtrado o dobro de plástico na água nos Estados Unidos e da Índia do que na água das torneiras na Europa e na Indonésia.
Um outro estudo, da universidade canadiana British Columbia publicado a 5 de junho, já revalava que, em média, cada norte-americano come, bebe e respira entre 74 mil a 121 mil partículas de microplásticos por ano.
"É um alerta para os governos: os plásticos não só poluem os nossos rios e oceanos, não matam apenas a vida marinha, mas estão em todos nós", declarou, em comunicado, o diretor da WWF, Marco Lambertini.
"A investigação reflete os potenciais efeitos negativos do plástico na saúde humana, mas este é um problema global que só pode ser resolvido abordando as raízes da poluição: se não queremos plástico nos nossos corpos, temos de travar os milhões de toneladas que são depositadas na natureza todos os anos", acrescentou.
Lambertini apelou ainda à realização de uma campanha global, que envolva "governos, empresas e consumidores", no sentido de se atingir "um pacto internacional" contra a poluição dos oceanos, através de objetivos nacionais.
Desde que começou a produção massiva de plásticos, na década de 40, estes versáteis polímeros expandiram-se rapidamente por todo o mundo e, apesar de em muitos sentidos terem tornado a vida mais fácil, a sua eliminação é um problema cada vez maior.
As pessoas podem ingerir estes materiais inconscientemente quando comem ou respiram.
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