quinta-feira, 25 de julho de 2019

Chilenos criam sacos plásticos solúveis em água e que não poluem.


Com uma mudança subtil na fórmula do plástico, que permite substituir o petróleo pela pedra calcária, um grupo de empreendedores chilenos conseguiu fabricar sacos plásticos e de tecido reutilizáveis solúveis em água e que não contaminam. Roberto Astete e Cristian Olivares, os dois artífices deste produto, começam a fazer experiências para fabricar um detergente biodegradável, mas acabaram encontrando a fórmula química à base de PVA (álcool polivinílico, solúvel em água) e que substitui os derivados do petróleo, responsáveis pela alta durabilidade dos plásticos que se integrou à cadeia alimentar de animais marinhos e responsáveis pela deterioração do meio ambiente. "O nosso produto deriva de uma pedra calcária que não causa danos ao meio ambiente", assegurou Astete, director-geral da empresa SoluBag, que espera comercializar seus produtos a partir de outubro no Chile, um dos primeiros países da América Latina a proibir o uso de sacos plásticos convencionais em estabelecimentos comerciais. "É como fazer pão", acrescenta. "Para fazer pão é preciso farinha e outros ingredientes. A nossa farinha é de álcool de polivinil e outros componentes, aprovados pela FDA (agência americana reguladora de alimentos, medicamentos, cosméticos, aparelhos médicos, produtos biológicos e derivados sanguíneos), que nos permitiu ter uma matéria-prima para fazer diferente. "A grande diferença entre o plástico tradicional e o nosso é que aquele vai estar entre 150 e até 500 anos no meio ambiente e o nosso demora apenas cinco minutos. Nós decidimos quando destruir", afirma Astete, antes de acrescentar que "hoje em dia a máquina recicladora pode ser a panela de casa ou a máquina de lavar". A fórmula encontrada permite "fazer qualquer material plástico", razão pela qual já estão trabalhando na produção de materiais como talheres, pratos e embalagens. Os tecidos solúveis na mesma água quente que serve, por exemplo, para preparar um chá ou um café, podem ser usados para produzir sacolas de compras reutilizáveis e produtos hospitalares como os protectores de macas, batas e gorros do pessoal médico e de pacientes que costumam ter um único uso, explica Olivares. E quando chove, como as compras chegam em casa? Os fabricantes podem programar a temperatura à qual tanto os sacos plásticos como os de lixo se dissolvem no contacto com a água. Outra vantagem dos sacos é que são antiasfixia, uma causa importante de mortalidade infantil, pois se dissolve em contacto com a língua ou as lágrimas. Com a produção maciça, que pode ser feita nas mesmas empresas que fabricam os plásticos convencionais - basta apenas alterar a fórmula -, o preço dos seus produtos pode ser similar ao dos actuais, garantem. Num mundo onde em 2014 foram fabricadas 311 milhões de toneladas de plástico e se nada mudar, em 2050, serão produzidas 1,124 bilhão de toneladas, Astete e Olivares esperam dar ao cliente o "empoderamento de ajudar a descontaminar o meio ambiente" porque "a grande vantagem é que o usuário decide quando destruí-la", assegura. A iniciativa ganhou o prémio SingularityU Chile Summit 2018 como empreendimento catalizador de mudança.

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