Nem o maior avião-tanque do mundo, contratado pelo Governo para fazer frente às chamas, conseguiu controlar os intensos incêndios que há já mais de 20 dias castigam Santa Cruz, a principal região agropecuária da Bolivia. A dimensão dos fogos obrigou ao envio de dois mil soldados das Forças Armadas, com centenas de bombeiros e voluntários a apoiarem no terreno o trabalho dos meios aéreos. Ainda assim, o número de incêndios dobrou desde quinta-feira, estando já contabilizados cerca de um milhão de hectares ardidos.
A crise ambiental acontece a menos de dois meses das eleições gerais e está também a ser usada como arma política, com os opositores do Presidente Evo Morales a insistirem que a responsabilidade da catástrofe lhe pertence, por ter aprovado leis que facilitaram as queimadas controladas, técnica tradicional muito usada no país para limpar e conquistar parcelas para cultivo.
Perante a falta de experiência da Bolívia para combater este tipo de incêndios - até há pouco tempo pouco frequentes em países tropicais – o país está receptivo a receber ajuda. Ao contrário do Brasil, Morales já afirmou que o apoio internacional é desejado, ainda que continue a resistir a apelar a algum fundo ou colaboração em concreto.
Declarar oficialmente a situação de “desastre nacional” implica, segundo a legislação nacional, aceitar que o Estado não tem capacidade para enfrentar a tragédia, pelo que o Presidente tem fugido à decisão - contrariando o pedido de dezenas de instituições ambientalistas e civis, entre elas a Igreja católica.
Com a falta de chuva a afectar a região há mais de dois meses, as previsões não são otimistas. O cenário de incêndios florestais pode manter-se, preocupação que levou Evo Morales a anunciar a suspensão da campanha eleitoral, pelo menos durante uma semana.
Sem comentários:
Enviar um comentário