À semelhança do que acontece no Reino Unido e na Irlanda
desde Setembro de 2018, também em Portugal a cadeia de fast food McDonald's
está a testar a introdução de novas palhinhas de papel. Questionada sobre planos para substituir as palhinhas de plástico utilizadas em
grande parte das bebidas, a empresa revela que já está em curso, em dois dos
seus restaurantes, um teste-piloto onde são fornecidas apenas palhinhas
compostas por 100% por papel ao consumidor.
“A McDonald's Portugal lançou, no dia 11 de Junho de 2019,
um teste-piloto de seis meses, disponibilizando aos consumidores palhinhas em
papel, com o objectivo de identificar soluções sustentáveis e amigas do
ambiente, em alternativa ao uso de palhinhas de plástico nos restaurantes. Tal
como acontece com a McDonald's Reino Unido, estamos a trabalhar com os nossos
fornecedores de gestão de resíduos para encontrarmos uma solução de reciclagem
mais sustentável”, refere a empresa.
Os dois restaurantes onde decorre o teste são o da Avenida
D. João II em Vila Nova de Gaia e o da Rua Gregório Lopes no Restelo, em
Lisboa. Neste último, quem experimentou as novas palhinhas, notou que são
ligeiramente mais largas que as de plástico e são significativamente robustas,
apesar de serem feitas de cartão.
Para além deste teste em dois restaurantes, a McDonald's
decidiu passar a disponibilizar palhinhas nos seus restantes estabelecimentos
(170 no total) apenas quando os clientes as pedem. “Através desta iniciativa, a
McDonald's pretende sensibilizar o consumidor para a redução da utilização de
palhinhas de plástico nos restaurantes, contribuindo assim para um mundo mais
amigo do ambiente e mais sustentável”, afirma a cadeia alimentar.
No fim do período destinado ao teste-piloto, escreve a
marca, será avaliado o progresso do projecto “conjuntamente com as opiniões dos
consumidores, a fim de encontrar a solução mais adequada às palhinhas de
plástico nos restaurantes McDonald's”.
No Reino Unido e na Irlanda, entretanto, já está em marcha a
transição das palhinhas de plástico para as palhinhas de papel em todos os 1361
restaurantes da empresa naqueles dois países, após pressão dos consumidores e
de organizações ambientalistas como a SumOfU.
Questionou-se entretanto a McDonald's sobre a
proveniência e o destino das palhinhas de papel que estão a ser testadas em
Portugal — se estão ou não a ser recicladas — mas não obteve resposta.
Palhinhas de papel, um mal menor?
A transição do plástico para o papel também encontra vozes
cépticas entre cientistas e ambientalistas. Carla Lourenço, bióloga marinha
especializada no impacto do plástico descartável e do lixo, afirma que qualquer opção que seja descartável é um problema, independentemente do
material escolhido. “Acima de tudo é importante reduzir e optar por opções
reutilizáveis. Ao passo que o plástico descartável tem um grave problema (de
poluição) associado ao período pós-utilização, o descartável de papel (se não
for papel reciclado) tem um maior impacto na pré-utilização, contribuindo, por
exemplo, para o abate de árvores para a produção de papel. As duas opções são
más opções”, defende a cientista portuguesa.
“Apesar de na teoria as palhinhas de plástico terem na sua
composição plástico que é reciclável, as mesmas não são recicladas. Ser
reciclável não é sinónimo de ser reciclado”, diz Carla Lourenço. “O que
acontece com as palhinhas acontece com outros objectos de plástico que contêm
na sua composição polipropileno ou polietileno, mas que apesar disso não são
reciclados. Basta pensarmos que no ecoponto amarelo, no que toca ao plástico,
devemos colocar apenas as embalagens”.
A McDonald's garante estar a trabalhar a nível
global para “encontrar soluções mais sustentáveis” e para “avaliar e a testar
diferentes opções em diversos mercados”. “Esta é uma das iniciativas na qual
estamos empenhados, de modo a conseguir garantir que 100% das nossas embalagens
serão provenientes de fontes renováveis, recicladas ou certificadas até 2025,
conforme o compromisso mundial assumido pela nossa marca”, conclui a empresa.
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