domingo, 23 de fevereiro de 2020

Projeto na Sertã quer valorizar madeira de acácia para ser mais fácil combater a espécie


Este será um dos primeiros passos visíveis de uma ideia que nasceu quase ao mesmo tempo que o serQ, em 2015, mas que ganhou força há cerca de dois anos e meio, disse à agência Lusa Alfredo Dias.
A ideia “surgiu porque é uma madeira com um potencial interessante e que é um problema atualmente, porque a sua valorização é muito baixa. É preciso removê-la dos espaços florestais e considerou-se que uma boa ajuda para isso seria valorizar os produtos de madeira de acácia”, vincou.
A espécie, que tem um comportamento invasivo e que beneficia de fogos para se expandir, tem um custo de remoção “oneroso”, sendo que valorizar a sua madeira não deverá cobrir os “custos totais” do seu abate, mas pode pelo menos reduzir em parte as despesas, vincou.
No serQ, correm projetos a diferentes velocidades e com diferentes aplicações desta madeira.
O mobiliário urbano é um dos mais avançados, mas a equipa de investigadores trabalha também nas vertentes da aplicação da madeira com fins estruturais, como vigas ou painéis – investigação essa mais complexa.
Uma das investigadoras do centro, Sofia Knapic, aponta para aquilo que têm estado a experimentar desde a utilização apenas de acácia à conjugação desta com outras espécies, por exemplo, em vigas de madeira.
Porém, a aplicação pode também acabar em áreas menos expectáveis, como é o caso dos instrumentos musicais.
Eduardo Van Zeller, que fez investigação na área do design no serQ, mostra com orgulho duas guitarras elétricas feitas com madeira de acácia – a última em janeiro -, muito superiores “às guitarras de 300 euros” e mais leves cerca de um quilo.
“A acácia é uma madeira rígida, com veios belíssimos e uma estabilidade aparentemente boa” e com uma “ressonância espetacular”, frisou.
Depois de duas guitarras feitas com acácia, o designer de produto quer experimentar esta madeira noutros instrumentos, como xilofones ou baixos.
“Esta é uma espécie invasora, que queremos tirar das nossas florestas. Se conseguirmos dar-lhe um fim enquanto produto era uma mais-valia”, vincou.
Por aquele centro, criado em 2015 numa parceria entre a Câmara da Sertã, a Universidade de Coimbra e Laboratório Nacional de Engenharia Civil, vai-se continuar a testar aplicações da madeira na expectativa de contribuírem para o seu combate no país.
“A nossa expectativa é combater a invasão e queremos que o conhecimento que aqui temos feito tenha uma transferência para a sociedade”, realçou Alfredo Dias, esperando que em breve a indústria possa usar o conhecimento que ali está a ser desenvolvido.

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