O abrandamento das cidades e a consequente redução das deslocações pode levar à diminuição de emissões poluentes, de produção de resíduos e consumo de energia, segundo explica Pedro Santos, presidente do Núcleo Regional do Ribatejo e Estremadura da Quercus.
O isolamento preventivo que muitas pessoas estão a adoptar por causa da Covid-19 poderá ter efeitos positivos para o ambiente e levar a população a adoptar hábitos mais sustentáveis, defende o ambientalista.
“Contudo, nem que apenas uma única vida tivesse sido o preço a pagar por estes ‘ganhos ambientais’, tal preço já seria demasiado elevado”, acrescenta.
O responsável relembra o caso da China, de onde chegaram imagens que mostravam uma “diminuição drástica da poluição”, depois da cidade ter parado devido ao novo Coronavírus.
Ainda assim, Pedro Santos considera estas alterações ambientais como um “ganho colateral de uma crise que cada vez mais assume contornos de tragédia” e não como um ganho ambiental efectivo.
Por outro lado, o responsável da Quercus admite que a situação que se tem vivido nos últimos dias prova que é possível mudar rotinas, alterar hábitos e que a população consegue unir-se por uma causa.
“Digo sem receios que, tão importante como combater este vírus que agora nos assusta e nos amedronta, é combater a poluição atmosférica e sonora, combater o desperdício de recursos e alimentar, preservar o ambiente, ecossistemas e biodiversidade e mudar os hábitos para um consumo mais sustentável e equilibrado”.Pedro Santos, presidente do Núcleo Regional do Ribatejo e Estremadura da Quercus
De acordo com Pedro Santos, a poluição atmosférica foi responsável pela morte prematura de 5.830 pessoas em Portugal e 400 mil na Europa em 2016, segundo dados da Agência Europeia do Ambiente (AEA).
Já os níveis elevados de ruído são a causa de 43.000 admissões hospitalares na Europa, dizem os dados da Organização Mundial da Saúde e da AEA.
“Podemos e devemos unir-nos também sobre estas questões de carácter ambiental, utilizar esta mesma capacidade para alterar hábitos e rotinas e, como comunidade nacional e internacional, mudar o ambiente”, completa o responsável da Quercus.
Pedro Santos apela à população que “não adopte por impulso gestos de consumo exagerados no que respeita às compras de supermercado”, que siga as recomendações das autoridades e que evite deslocações desnecessárias.
“Ao final desta crise, todos voltaremos a lutar por um ambiente melhor. Agora já sabendo que é possível mudar”, conclui.
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