Estudo demonstra que a pegada ecológica é maior se fizermos encomendas na internet. Mesmo que utilizemos o carro para ir às compras
O preço, a qualidade, a comodidade e o prazo são alguns dos factores que levam habitualmente os consumidores a decidirem se compram alguma coisa online ou se o fazem numa loja física. Agora, quem se preocupa com o ambiente pode ter em consideração mais um aspecto: as emissões de gases com efeito de estufa.
Segundo um novo estudo que compara os vários métodos de compras de produtos para a casa e de produtos de higiene pessoal, como papel higiénico, champô e pasta dos dentes, a pegada ecológica é maior no caso das encomendas pela internet. A conclusão é contra-intuitiva, mas a investigação agora publicada no Environmental Science & Technology, da American Chemical Society, não deixa margem para dúvidas.
A principal razão é o facto de as pessoas que fazem compras online encomendarem poucos artigos de cada vez, diz Sadegh Shahmohammadi, que está a fazer o pós-doutoramento em Ciência do Ambiente, na Universidade de Radboud, nos Países Baixos, e encabeça a equipa de investigadores. “Ao contrário”, nota, “quem vai a uma loja física, costuma agregar as suas compras numa única aquisição.” A compra mais faseada na internet produz mais resíduos de embalagens e os produtos costumam vir de diferentes centros de distribuição.
Shahmohammadi e os seus cinco colegas gastaram um ano e meio a comparar os três métodos de compras – feitas numa loja física, na net com levantamento em loja, e online com entrega em casa. Para avaliarem a pegada ecológica de cada um deles, seguiram os produtos desde a fábrica até ao consumidor. E, por fim, avaliaram especificamente a chamada “última milha de entrega”. Os investigadores estimaram as emissões de gases com efeito de estufa tendo em conta o número de produtos comprados, o transporte, o armazenamento, o embalamento e a entrega.
Os resultados a que chegaram demonstraram que as pegadas ecológicas por produto comprado eram mais baixas 81% nas lojas físicas do que online, no Reino Unido. “É um padrão que se aplica a países em que as pessoas andam sobretudo de carro”, diz Shahmohammadi. “Depende mesmo do país e do comportamento dos seus consumidores.”
O estudo identifica também meios para consumidores e retalhistas reduzirem as suas emissões de gases com efeito de estufa. No caso das lojas físicas, os clientes poderiam diminuí-las até 40% indo às compras a pé ou de bicicleta. Quanto às vendas online, as emissões seriam cortadas em 26% caso as entregas fossem realizadas em bicicletas eléctricas.
Foto: Neil Godwin/Future Publishing via Getty Images
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