terça-feira, 18 de agosto de 2020

Cientistas encontram microplástico em tecidos de órgãos humanos

 

Já não é novidade que os microplásticos causam danos ao meio ambiente: eles depositam-se no fundo do mar e afectam a sobrevivência de peixes e animais marinhos. Agora, cientistas norte-americanos relatam que encontraram micro e nanoplásticos em órgãos e tecidos humanos.

Microplásticos são fragmentos de polímeros que medem menos de 5 milímetros; e nanoplásticos não passam de 0,001 milímetro. "Em poucas décadas, deixamos de ver o plástico como um benefício maravilhoso para considerá-lo uma ameaça", disse, em nota, Charles Rolsky, autor da pesquisa que foi apresentada ontem no congresso da Sociedade Americana de Química. "Há evidências de que ele está entrando no nosso corpo, há pouca investigação. Neste momento, não sabemos se esse plástico é apenas um incómodo ou se representa um perigo para a saúde humana".

Para realizar o estudo, os investigadores recolheram 47 amostras de tecidos corporais retirados de pulmões, fígado, baço e rins — quatro órgãos que provavelmente estão expostos, filtram ou colectam microplásticos. A equipa desenvolveu um método que extraiu esses componentes e também criou um programa de computador que contou as partículas encontradas. 

Como resultado, os especialistas conseguiram detectar dezenas de tipos de materiais plásticos em tecidos humanos, incluindo policarbonato, tereftalato de polietileno e polietileno. Por sua vez, o bisfenol A (BPA), usado em recipientes de alimentos e comidas, por exemplo, foi encontrado em todas as amostras humanas. Os doadores de tecido forneceram informações detalhadas sobre o seu estilo de vida, dieta e ocupação, o que pode fornecer mais informações para detectar fontes e vias de exposição a micro e nanoplásticos.

“Nunca queremos ser alarmistas, mas é preocupante que esses materiais não biodegradáveis ​​que estão presentes em todos os lugares possam entrar e a acumular nos tecidos humanos, e não sabemos os possíveis efeitos para a saúde”, diz Varun Kelkar, co-autor do estudo. O próximo passo do grupo é conduzir estudos para avaliar os riscos potenciais que esses fragmentos causam ao nosso organismo.

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