O compromisso de mais de 100 países para reduzir as emissões de metano em 30% até ao final da década foi um dos passos mais importantes conseguidos durante a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2021 (Cop26), que decorre em Glasgow, na Escócia, embora o metano seja um gás ainda relativamente desconhecido entre os agentes responsáveis pelo efeito estufa.
“O dióxido de carbono (CO2) diz-nos quanto o planeta vai aquecer. Já o metano diz-nos a rapidez como esse aquecimento vai decorrer”, explicou Manfredi Caltagirone, director interino do novo Observatório Internacional das Emissões de Metano (IMEO).
A meta estabelecida no Cop26 poderá limitar o aumento das temperaturas em 0,2 graus Celsius até 2050 e evitaria cerca de 200 mil mortes prematuras, centenas de milhares de internações hospitalares de emergência por asma e a perda de 20 milhões de toneladas de colheitas por ano.
“Se as emissões de metano fossem reduzidas, estaríamos a ganhar tempo para descarbonizar as sociedades, o que daria uma margem preciosa para actuar na transformação radical do sistema produtivo”, explicou o especialista, que garantiu que a influência do metano na mudança climática foi “subestimada há muito tempo”. Estima-se que até um quarto do aquecimento global é devido ao impacto do metano na atmosfera, enquanto a concentração desse gás está a aumentar na taxa de crescimento mais rápida da história.
Os principais ‘contribuidores’ para a emissão do gás metano na atmosfera são os combustíveis fósseis, resíduos e agricultura. O IMEO, anunciado durante a Cimeira do G20 em Roma, iniciou os seus trabalho centrando-se nos combustíveis fósseis por é por aí que se consegue uma redição considerada mais fácil e menos dispendiosa.
“O metano tem historicamente recebido menos interesse do que o carbono e por isso tem sido menos estudado. Temos de preencher a lacuna de conhecimento sobre onde, quanto e quando mais emissões estão a ser produzidas”, referiu Caltagirone. Medir as emissões de metano é um desafio pois trata-se de um “gás inodoro, sem cor e que não se veria a sair de um cano. Tem de se ir procurar”, explicou.
“Graças à liderança da União Europeia e dos Estados Unidos, que lançaram a iniciativa em setembro, cem países aderiram em apenas dois meses. É fantástico, mas é apenas um compromisso: temos de começar a implementá-lo para que países e empresas podem mitigar as emissões com credibilidade”, referiu. “A acção não iliba as empresas de petróleo e de gás de também começarem a trabalhar na descarbonização e na modificação dos seu modelo de negócio. Este é apenas o começo do desafio do metano, não o fim”, concluiu Caltagirone.
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