sexta-feira, 12 de novembro de 2021

Novos “hotéis para insectos” ajudam à conservação da biodiversidade em Lisboa


Os três abrigos instalados na freguesia do Areeiro são os novos habitats de abelhas, besouros, joaninhas e borboletas – polinizar é a palavra de ordem.

Sem check-in especial para abelhas ou acolhimento VIP para besouros, desengane-se quem acha que os abrigos para insectos têm um “tratador” de polinizadores. O projecto-piloto da Junta de Freguesia do Areeiro, em Lisboa, através do seu pelouro do Ambiente e Bem-Estar Animal, iniciado em setembro, é simples e sem mordomias. Três ninhos para insectos foram instalados em três praças da freguesia com o objectivo de aumentar a diversidade destes seres vivos essenciais na conservação da biodiversidade.

Em Portugal existem mais de mil espécies de insectos polinizadores, entre abelhas solitárias, abelhões, vespas, besouros, moscas, borboletas, escaravelhos, formigas ou joaninhas e, cada vez mais, a urbanização das cidades, a poluição, a utilização de pesticidas e as alterações climáticas (com as subidas de temperatura e desestabilização das épocas de floração) estão a exterminar os insectos polinizadores das cidades.

“A cidade é ingrata para estes animais que por aqui pouco circulam”, diz Emanuel Aveiro, zelador dos abrigos. Habitualmente, os seus refúgios são fora das urbes, nas cascas das árvores, nas pedras, em troncos ou em palhas, por exemplo, abrigando-se de inimigos naturais e das condições climatéricas. O que estes “hotéis” fazem é recriar esses lugares.

Na zona do Areeiro escolheram-se lugares protegidos, recatados, ricos em vegetação, mas sem muitas pessoas a passar, até para os insectos circularem sem incomodarem os humanos. As caixas de madeira, instaladas nos topos das árvores (para evitar serem vandalizadas), são frágeis, feitas de uma madeira leve, tratada e pintada com produto impermeabilizante, para também não serem uma tentação para o bicho da madeira.

As caixas maiores, como nas traseiras da Igreja de S. João de Deus, serve melhor borboletas e besouros, enquanto as caixas mais pequenas, nas praças Afrânio Peixoto e João do Rio, são naturalmente escolhidas pelas abelhas. “É uma forma de combater pragas como o pulgão ou piolhos-das-plantas que se alimentam da seiva de plantas”, explica o vigilante.

Tal como acontece com as aves migratórias, que fazem as suas próprias rotas e retornam aos seus lugares, Emanuel Aveiro também espera que os insectos polinizadores regressem à cidade. Só com o fluxo regular, o zelador vai perceber se é preciso aumentar o tamanho da caixa e a quantidade. “Os animais precisam descobri-los”.

Por isso, da próxima vez que vir um besouro, não o ignore e muito menos o pise. Deixe-o ir à descoberta do novo abrigo. A sua reprodução e hibernação são fundamentais para evitar pragas e restabelecer o equilíbrio da cadeia alimentar.

Crédito da Foto: Luís Barra






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