sexta-feira, 14 de junho de 2019

Oliveira mais antiga de Portugal nasceu há 3350 anos


Um misto de respeito e perplexidade são inevitáveis quando se observa um dos seres vivos mais antigos de Portugal. Foi recentemente datado como tendo a espantosa idade de 3350 anos, como se pode ler na página online do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas. É uma oliveira. A sua sombra, certamente, acolheu celtas, iberos, lusitanos, celtiberos, cónios, romanos, visigodos, alanos ou árabes que se alimentaram das azeitonas que produziu. É contemporânea do faraó Ramsés II e de Moisés (1250 anos a.C.).

Continua de pé e a produzir azeitona na freguesia de Mouriscas, concelho de Abrantes, revelando um estado vegetativo que lhe permite acrescentar mais uns séculos à sua tão longa existência se, entretanto, as acções do homem não a reduzirem a lenha.

A datação foi cientificamente comprovada em 2016 pelo professor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) José Penetra Louzada, que descobriu o único método existente a nível mundial para datar árvores antigas quando o seu interior se encontra oco, como é o caso das oliveiras milenares.

Desde 2008, ano em que foi registada a patente, a UTAD “já datou mais de uma centena de oliveiras milenares”, adiantou José Louzada. Entre os exemplares observados, encontra-se a “árvore das Mouriscas que está entre as mais antigas do mundo”, salienta o docente. Antes deste exemplar, estava em primeiro lugar, na lista portuguesa, “outra oliveira em Santa Iria da Azoia, com 2850 anos, que esteve em risco de ser derrubada para alargar uma rotunda”, observa. A população movimentou-se para que fosse datada e hoje a comunidade tem orgulho da sua árvore, que deixou de ser vista como um “empecilho”. Não faltam placas a assinalar o local aos visitantes.

Para a pesquisa do novo método de datação foram decisivas as obras da barragem do Alqueva e a construção de auto-estradas no Alentejo, refere o docente, salientando a necessidade que houve em “derrubar muitas centenas de árvores que ficaram disponíveis para elaborar o estudo, durante mais de uma década de trabalho.”

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