Bruxelas chama-lhe “ecobranqueamento”, prática através da qual as empresas dizem estar a fazer mais pelo ambiente do que realmente fazem. É a primeira vez que se faz uma investigação destas, no âmbito destes exercícios anuais de análise aos sites das empresas.
A Comissão Europeia defende este tipo de política enganosa que está a aumentar “com a maior procura pelos consumidores de produtos respeitadores do ambiente”.
Depois de uma ampla triagem, foram examinadas em detalhe 344 alegações. Destas, mais de metade não tinham informação suficiente.
Em 37% dos casos, as afirmações eram vagas e genéricas, como “consciente”, “amigo do ambiente” e “sustentável”, com o objetivo de "transmitir aos consumidores a impressão não comprovada de que um produto não tinha impacto negativo no ambiente".
Em 59% dos casos, o comerciante não forneceu provas facilmente acessíveis para apoiar as alegações.
As empresas visadas vão agora ser contactadas pelas autoridades nacionais, para que sejam corrigidos os problemas detetados. Os dados vão ser incluídos na preparação da nova proposta legislativa para capacitar os consumidores para a transição verde, anunciada na Nova Agenda do Consumidor.
Didier Reynders, comissário para a Justiça, diz que “cada vez mais pessoas querem viver uma vida verde e eu aplaudo as empresas que se esforçam para produzir produtos ou serviços ecológicos”.
“No entanto, também existem comerciantes sem escrúpulos, que enganam os consumidores com afirmações vagas, falsas ou exageradas. A Comissão está totalmente empenhada em capacitar os consumidores nesta transição ambiental e no combate ao 'ecobranqueamento'. Esta é precisamente uma das principais prioridades da Agenda do Novo Consumidor, adotada no outono”, sublinha.
Várias iniciativas em curso
Este rastreio de sites na internet, tendo como alvo o “ecobranqueamento”, é uma das iniciativas que a Comissão Europeia está a desenvolver para apoiar os consumidores no caminho da sustentabilidade.
Ao contrário do que é habitual, o exercício deste ano não foi coordenado apenas com as autoridades de fiscalização do consumidor europeias, mas também do resto do mundo, através da Rede Internacional de Proteção e Fiscalização do Consumidor.
Outra iniciativa de Bruxelas é o Compromisso de Consumo Verde, lançado no dia 25, e a proposta legislativa para capacitar os consumidores para a transição verde com melhores informações sobre a sustentabilidade dos produtos e melhor proteção contra certas práticas, como “lavagem verde” e obsolescência precoce. Será ainda apresentada uma proposta legislativa sobre a comprovação de alegações verdes com base nos métodos da pegada ambiental.
No horizonte está também uma rotulagem nutricional obrigatória e harmonizada na frente da embalagem, para ajudar os consumidores a fazerem escolhas informadas, saudáveis e sustentáveis.
Nos eletrodomésticos, o rótulo energético da UE já tem indicações claras e simples sobre a eficiência energética dos produtos, o que permite poupar na conta da luz e reduzir as emissões de gases de efeito estufa.
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