terça-feira, 16 de novembro de 2021

A defesa do Ambiente pertence a todos.


Nos últimos anos, tem sem dúvida existido uma maior tendência para a preocupação ambiental, não que isso signifique uma mudança significativa no impacto da acção humana no ambiente. Acredito que com o actual nível de informação sobre esta matéria, e a propagação da mesma nos meios de comunicação social, fez com que uma grande maioria ( Sem ser esmagadora), começasse a despertar para um assunto tão sensível e por vezes tão polémico.

Se é importante termos um conjunto de políticas ambientais no nosso país? Obviamente que sim, mas sem entrarmos numa visão apocalíptica de um futuro negro. Sem desrespeito para com os ambientalistas mais acérrimos, não acredito que o fundamentalismo leve a algum lado de bom. Em alguns casos, até faz mais mal do que propriamente bem. Como tudo na vida, temos de ter moderação com uma pitada de racionalismo.

Não sou nenhum especialista na matéria, sou um interessado de longa data, e em matéria ambiental posso dizer que há alguns pontos que me desagradam profundamente. O primeiro é a utilização do tema, para fins políticos, nomeadamente no desenhar de políticas de subsidiação para novas tecnologias, algumas delas sem provas reais de eficácia e outras que ainda pairam dentro do campo teórico. Segundo, é a utilização do ambiente na imposição de medidas abruptas, sem ter noção do real impacto nas respectivas comunidades onde estão inseridas. E a terceira, que tem sido recorrente, é a utilização de taxas e impostos ambientais para sufocar os contribuintes, quando muitos deles não possuem uma solução prática para as suas dificuldades no dia-a-dia. Se a nível nacional é o que todos sabem, as respostas europeias não vão ao encontro das expectativas da maioria dos europeus, por isso as congratulações de acordos históricos sobre o ambiente são manifestamente exageradas e inócuas.

Vou passar a casos concretos. Em Sines, na minha terra natal, encerrou-se a Central Termoeléctrica de forma radical, com prazos curtos e sem ter em contra o futuro de todos os trabalhadores e empresas associadas à central. Fez-se em nome do ambiente, mas, entretanto, vamos importando volumes significativos de electricidade de Marrocos, energia proveniente de duas centrais termoeléctricas a carvão. Enquanto a isso, a Polónia teve aprovação para manter as suas centrais a carvão por mais umas dezenas de anos, e a poderosa Alemanha inaugurou este ano uma nova central de carvão. Sem mencionar países como a China ou a Rússia, que recentemente nem estiveram formalmente presentes na COP 26 em Glasgow, e que possuem muitas centrais do género. Com isto não estou a defender o carvão, mas sou contra uma transição forçada, mal planeada e pensada, que irá fazer com que o nosso país enfrente mais dificuldades, devido aos custos e a avaliações de risco potencial sobre a dependência de terceiros, que irá ser cada vez maior. Ao contrário do que nos tentaram vender, o hidrogénio está longe de ser uma solução actual, firme e segura, e a energia solar e éolica, não servem de completo, porque ainda estão longe de servir de fonte principal, sendo que a energia solar, nem consegue ser consensual ao ponto de terem existido várias disputas sobre a colocação de painéis em zonas favoráveis para a agricultura.

Podemos falar de outras matérias, como o exemplo da ferrovia, que sofreu de enormes desinvestimentos ao longo de variados governos, que abandonaram e deixaram degradar, fazendo com que, por um lado, o investimento novo neste segmento de transporte seja astronómico, e por outro lado, a nível económico, o isolamento em relação ao resto da linha europeia, estrangula a circulação tanto de pessoas, como mercadorias e bens. Fora dos grandes centros urbanos, é difícil deixar de utilizar o carro ou começar a utilizar a bicicleta, porque não existe uma rede de transportes públicos ao dispor da maioria da população.

E a utilização da água? Será no encarecer da mesma, na penalização de taxas e taxinhas que resolve a situação, ou será no planeamento que se prepara o futuro? Poupança e utilização racional pode ser uma acção individual, mas no cenário de fundo, deveria ser um imperativo nacional.

Onde fica o ambiente no meio disto tudo? Temos de ter a visão para uma transição compatível com o país que temos e não através de agendas fundamentalistas que não querem deixar ninguém para trás, mas que pode deixar muitos dos que não conseguem superar as suas dificuldades para ir ao encontro de uma visão mais extremista.

Há várias apostas que já deveriam ter sido feitas, para já ter o impacto necessário no momento actual. Uma delas é a Educação Ambiental. Esta componente que já vem sendo uma aposta em várias escolas, já se deveria ter iniciado há várias décadas para aumentar a consciência ambiental de cada um.

A aposta numa expansão do desenvolvimento de novas tecnologias em prol do ambiente ( E em Portugal, já existem empresas e start-ups do género), é um caminho para fomentar meios para iniciarmos a melhoria desta área. Um bom exemplo fora de Portugal é o projecto “The Ocean Cleanup” do jovem holandês Boyan Slat, que já começou a segunda fase e já anda não só a limpar o oceano de detritos e plásticos, bem como nos rios mais problemáticos do mundo. Podiam existir mais máquinas de reciclagem de garrafas de plástico, como existem nas unidades do grupo Sonae, novas construções habitacionais que utilizassem materiais reciclados da respectiva indústria, voltar à utilização do vidro, de preferencia reutilizado ao invés do plástico. Mas mesmo no plástico, já começam a existir opções biodegradaveis. São exemplos práticos, mas que poderiam crescer mais do que crescem. Porque os benefícios para o ambiente, também podem ser benefícios positivos paras as economias mais frágeis.

Mas os comportamentos e as mudanças de mentalidade, também deveriam ter um papel fundamental na mudança tão necessária deste paradigma. Pequenas coisas, como efectuar a reciclagem, o já mencionado racionamento positivo da água e da energia, e a redução do consumismo, nomeadamente na constante troca de equipamento electrónicos, que como sabemos, após o seu final de vida, deixam resíduos pesados.

Se dependermos da vontade ou recomendações dos governos, e não tomarmos iniciativa por nós, não haverá esta revolução pacífica e necessária para a melhoria ambiental. Temos de tomar mesmo essa iniciativa pelas nossas mãos.

A nível governamental a aposta tem de ser não na penalização fiscal dos seus cidadãos, ou nas medidas ineficazes e vazias de objectivo, e muitas de mera propaganda política, mas sim em medidas que tenham uma dinâmica positiva. E a Europa, esse belo conceito de união, nem sempre visível, e sempre problemática na relação com os seus vários membros, deveria dar um real exemplo de acção directa e firme, ao invés da inacção e falta de criatividade.





 

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