As alterações climáticas são um problema com características muito específicas. Sendo um problema que potencialmente afetará toda a humanidade, apenas é uma preocupação presente entre a população dos países desenvolvidos e as elites mais ocidentalizadas do resto do Mundo.
Para quatro quintos da população mundial, as preocupações de curto prazo com a vida, ou mesmo a sobrevivência, sobrepõem-se a qualquer preocupação de longo prazo com o planeta. Dificilmente, estas pessoas abdicarão de forma livre e consciente do crescimento em prol do ambiente. Mesmo nos países desenvolvidos, onde a consciencialização ambiental é maior, a disponibilidade para abdicar de qualidade de vida em prol do ambiente é limitada.
Neste cenário, a única forma de conseguir um consenso global para mitigar o problema é criar condições para que o crescimento possa continuar sem que daí resulte uma catástrofe ambiental. Isso só se consegue com mais inovação e tecnologia, cujo desenvolvimento à escala necessária só está ao alcance de economias capitalistas expostas aos incentivos certos. Qualquer alternativa que implique destruir os únicos sistemas económicos capazes de gerar as inovações necessárias não só não resolverá os problemas ambientais como os agravará.
Os falsos ambientalistas são assim fáceis de identificar. São aqueles que propõem objetivos radicais de decrescimento, politicamente impossíveis de atingir sem a imposição de uma ditadura global. Estes são os sinalizadores de virtude inconsequentes que não veem no seu "ambientalismo" uma forma de resolver os problemas ambientais, mas sim uma forma de obter a admiração dos outros, resolvendo os seus próprios problemas eleitorais, românticos ou de autoestima. Mas os piores falsos ambientalistas são aqueles que tentam forçar uma confusão entre ambientalismo, anticapitalismo e "luta de classes". Ao contrário dos primeiros, estes nem sequer se preocupam verdadeiramente com o ambiente: apenas veem no ambientalismo um instrumento para reciclar ideologias que, para além da morte e miséria que causaram, também foram responsáveis por algumas das maiores tragédias ambientais da história.
Carlos Guimarães Pinto é Economista e diretor-executivo do Instituto +Liberdade
Artigo original do Jornal de Notícias
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