O mundo está reunido para discutir as alterações climáticas e parece óbvio que será preciso fazer alguma coisa para diminuir a poluição. Como será possível, já é outra história e muita água correrá por baixo das pontes até que se chegue a um consenso.
O que parece indiscutível é que não há verdades absolutas, mas hoje quem se atreve a dizê-lo quase é condenado à morte. Passe o exagero, falemos de um caso que acho bastante emblemático do histerismo do ambiente. Há uns 15 anos, a União Europeia determinou o fim do uso de vários utensílios de madeira na restauração, obrigando todos os empresários a substituí-los por materiais de plástico.
Quantas tascas e pequenos restaurantes não se viram à beira da falência devido às exigências cegas impostas pela polícia de costumes, a ASAE? Os responsáveis por essa medida alguma vez foram julgados? Enquanto Portugal adoptou as regras comunitárias de uma forma cega, outros países pura e simplesmente borrifaram-se para tais fundamentalismos.
Os franceses, belgas, espanhóis e alemães, entre outros, mantiveram as suas tradições, mas os portugueses armados com a ASAE foram os melhores alunos – até melhores do que os professores.
Agora, como sabemos, o plástico é o mau da fita e as grandes superfícies terão de se desfazer do que têm em armazém, pois não poderão mais vender material descartável. Penso que este é um bom exemplo de como o fundamentalismo ambiental pode ser bastante perigoso. Mas juntar uma crise provocada pela covid-19 a uma mudança radical de hábitos pode ser ainda mais perigoso do que os gurus imaginam.
Quem anda na rua sabe que os preços estão a disparar, alguns produtos não existem para venda, mas os governantes acham que será possível aumentar o custo de vida das populações sem que exista um aumento dos ordenados. Portugal adora ser o melhor aluno nestas matérias, mas no combate à corrupção ou na melhoria de vida das pessoas já não segue o mesmo exemplo.
E o que valerá o esforço de alguns países se a China, a Índia, a Rússia, dos principais poluidores, assobiarem para o ar? Voltando ao fanatismo, será que aqueles que agora nos querem a todos obrigar a andar de trotinetes, ainda vão defender no futuro a energia nuclear, aquela que é apontada como a menos poluente?
Autor: Vitor Rainho - Artigo original do Ionline
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