Os líderes mundiais vão comprometer-se hoje na cimeira do clima das Nações Unidas a deter a desflorestação até 2030, anunciou o Governo britânico, anfitrião do encontro. Os ambientalistas consideram que lhe falta a urgência necessária.
Uma declaração conjunta será adoptada por mais de cem países onde se situam 85% das florestas mundiais, entre as quais a floresta boreal do Canadá, a floresta amazónica ou ainda a floresta tropical da bacia do Congo.
A iniciativa, que beneficiará de um financiamento público e privado de 19,2 mil milhões de dólares (16,5 mil milhões de euros), é essencial para alcançar o objectivo de limitar o aquecimento global a 1,5 graus Celsius acima dos valores médios da era pré-industrial, referiu o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson.
"Esses formidáveis ecossistemas abundantes -- essas catedrais da natureza -- são os pulmões do nosso planeta", estão no centro da vida de comunidades ao absorver uma grande parte do carbono libertado na atmosfera, dirá hoje Boris Johnson no seu discurso, de acordo com excertos divulgados pelo seu gabinete.
Boris Johnson irá lembrar que as florestas estão a recuar ao "ritmo alarmante" de 27 estádios de futebol por minuto. O primeiro-ministro irá chamar a este acordo um “acordo histórico para a protecção e recuperação das florestas mundiais”.
O compromisso está a ser classificado como "sem precedentes".
O evento 'Acção sobre Florestas e Uso da Terra' onde esteve a cúpula dos Líderes Mundiais da COP26 reuniu uma aliança sem precedentes de governos, empresas, actores financeiros e líderes não-estatais para aumentar a ambição sobre as florestas e o uso da terra.
Doze países doadores comprometem-se com um novo Compromisso de Financiamento Florestal Global. O objectivo é apoiar acções em países em desenvolvimento, incluindo a restauração de terras degradadas, combate a incêndios florestais e promoção dos direitos dos povos indígenas e das comunidades locais.
Entre os signatários do compromisso, estão o Brasil e a Rússia, países acusados da aceleração da desflorestação nos seus territórios, bem como os Estados Unidos, a China, a Austrália e a França.
Numa das sessões de hoje da 26.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP26), os dirigentes de mais de 30 instituições financeiras irão também comprometer-se a não investir mais em actividades ligadas à desflorestação, segundo o comunicado de Downing Street.
Actualmente, quase um quarto (23%) das emissões mundiais de gases com efeito de estufa provém de actividades como a agricultura e a indústria madeireira.
Este novo compromisso faz eco da "Declaração de Nova Iorque sobre as florestas", de 2014, quando muitos países se comprometeram a reduzir para metade a desflorestação em 2020 e a pôr-lhe fim em 2030.
Para organizações não-governamentais (ONG) como a Greenpeace, o objectivo de 2030 está demasiado distante no tempo e dá, assim, 'luz verde' a "mais uma década de desflorestação".
Os especialistas alertam que o acordo anterior, de 2014, “falhou no compromisso de desacelerar” a desflorestação.
Embora saudando estes anúncios, Tuntiak Katan, da Coordenação das Organizações Indígenas da Bacia da Amazónia (Coica), indicou que a forma como as verbas alocadas a esse objetivo serão efetivamente gastas será monitorizada de perto.
Foto: Kazuend - Unsplash
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