segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Alterações Climáticas: ONU confirma o pior cenário para Portugal


A imagem do Terreiro do Paço submerso no final do século não é nova, mas foi na passada semana confirmada pelo mais recente relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC) dedicado aos oceanos e à criosfera (partes congeladas da Terra). O documento, divulgado esta quarta-feira no Mónaco, iça a bandeira vermelha para o planeta azul e alerta para a “urgência” de ações “ambiciosas e coordenadas” para reduzir drasticamente as emissões de gases de efeito de estufa já a partir de 2020. Só assim, dizem os cientistas, se podem enfrentar as mudanças “sem precedentes”, algumas das quais já se fazem sentir de forma “irreversível”.
No que toca a Portugal, o relatório não entra em pormenores, mas o investigador Carlos Antunes não tem dúvidas de que o documento do painel científico da ONU (que resulta da compilação de mais de 7000 estudos produzidos por mais de 100 cientistas) confirma as projecções que a sua equipa da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa traçou para o território português na “Cartografia de risco costeiro associado à subida do nível do mar como consequência das alterações climáticas”.

sábado, 28 de setembro de 2019

5 Perguntas ao PAN sobre o Ambiente.


Desafiamos o partido que trouxe o Planeta ao Parlamento, e que fez com que se fale mais do Ambiente do que sempre. Através da Cristina Rodrigues, membro da Comissão Política do PAN, deu as respostas.

Que acha do panorama ambiental do nosso país?

Em Portugal a legislação de âmbito ambiental é abundante e grande parte dela existe por imposição europeia. O problema ambiental em Portugal não decorre da falta de legislação, embora naturalmente existam lacunas, mas essencialmente da falta de aplicação das mesmas. Primeiro é necessário reconhecer que estamos perante uma crise ambiental para depois lhe conferir a dignidade merecida. É preciso enfrentar, sem medos, os interesses corporativistas e económicos que colidem com os interesses ambientais. Quem não cumpre a legislação deve ser responsabilizado.

Acredita nas Alterações Climáticas?

Sim. A comunidade científica internacional tem vindo a realizar diversos estudos que as confirmam e as próprias mudanças do ambiente como o conhecemos comprovam-nos.

Que acha que tem falhado na protecção do ambiente em Portugal?

A proteção do ambiente tem vindo a falhar acima de tudo devido à ausência da aplicação da legislação existente e falta de coragem na aprovação de novas leis que efectivamente protejam os valores ambientais.

Como acha que vai ser o futuro Ambiental do país?

Se o PAN conseguir reforçar a representação no Parlamento, será certamente um futuro melhor.

Qual a medida do seu programa mais emblemática no que concerne ao ambiente?

Aprovar a Lei do Clima, reconhecendo assim a actual situação de emergência climática - o que nos parece o primeiro passo a ser dado -, e que deve incluir a revisão das metas de descarbonização previstas no Roteiro para a Neutralidade Carbónica estipuladas até e para lá de 2050.

O seu chá pode conter milhões de microplásticos


Recentemente, vários fabricantes de chá substituíram os seus sacos de chá de papel por plásticos ou “seda”. Os sacos de plástico, além de serem maus para o ambiente, estão a libertar milhares de milhões de microplásticos na sua caneca.

De acordo com um estudo publicado este mês na revista especializada Environmental Science & Technology, investigadores da Universidade McGill, em Montreal, embeberam quatro saquinhos de chá de plástico disponíveis comercialmente – sem o chá dentro – em água aquecida a 95ºC. Recorrendo a microscópios electrónicos para analisar o conteúdo da água e dos saquinhos de chá, concluíram que uma média de 11,6 mil milhões de partículas microplásticas e 3,1 mil milhões de partículas nanoplásticas se tinham libertado de cada saco, permanecendo na água.

Os saquinhos de chá costumam ter a marca de “seda”, embora sejam realmente feitos de nylon e tereftalato de polietileno (PET), uma forma de plástico encontrada em garrafas de água. Mesmo que os saquinhos de chá não sejam explicitamente listados como plásticos, alguns fabricantes também usarão pequenas quantidades de plástico para reforçar os seus sacos de fibra de papel.
Os investigadores deste projecto acreditam que os saquinhos de chá libertam tantos microplásticos porque o PET é aquecido próximo do ponto de ebulição, de acordo com o IFLScience.
Na segunda parte deste estudo, os investigadores expuseram pulgas de água (Daphnia magna) a água que continha concentrações variadas de microplásticos. Enquanto os animais não morriam, apresentavam, porém, algumas anomalias anatómicas e comportamentais que poderiam sugerir que os microplásticos estavam a ter um efeito tóxico neles.
Os efeitos potenciais sobre a saúde humana ainda não são conhecidos. A Organização Mundial da Saúde concluiu recentemente que os microplásticos na água potável provavelmente não irão prejudicar o nosso corpo.
“Até ao momento, os efeitos na saúde de consumir micro e nanoplásticos para seres humanos ainda são desconhecidos, enquanto os efeitos subletais observados no presente estudo e noutros animais emitem um alerta precoce sobre o risco ambiental e possível risco à saúde humana ”, concluem os cientistas.
“Uma das principais vias potenciais de exposição humana dos micro e nanoplásticos é provavelmente a ingestão e a captação de partículas pode ocorrer no trato digestivo. Uma vez dentro do trato digestivo, pode ocorrer captação celular e translocação subcelular ou localização das partículas ingeridas. ”
Os microplásticos estão em toda parte – da água da chuva da América à neve do Ártico – e, provavelmente, há alguns no seu sistema digestivo neste momento, mesmo que você não beba chá. Um estudo do início deste ano descobriu que o americano comum consome mais de 74 mil partículas de microplástico por ano. Outra investigação recente mostrou que a maioria de nós tem microplásticos nas nossas fezes.

quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Alterações climáticas podem propagar fungo de doença mortal


Califórnia e Arizona, com desertos secos e estações chuvosas, possuem o ambiente e o clima ideais para que o fungo Coccidioides, causador da doença, sobreviva e prospere. Mas, de acordo com um estudo publicado recentemente no GeoHealth, as alterações climáticas, como o aumento da temperatura global, podem fazer com que o fungo se dissemine a nível global.

A estimativa é de que até o ano de 2100, o alcance do fungo cresça a ponto de aumentar em 50% o número de casos de febre do vale. Atualmente, o fungo está restrito ao território atual por conta das chuvas e da temperatura, mas as mudanças climáticas podem aumentar significativamente o seu raio de atuação. “Calculamos que poderia haver mais áreas em que esse fungo poderia viver no futuro”, afirmou Morgan Gorris, investigador do departamento de ciências do sistema terrestre da Universidade da Califónia em Irvine e principal autor do estudo.
O fungo Coccidioides cresce durante o período de secas, criando esporos que podem ser lançados no ar pelo vento. Esses esporos são inalados, causando a febre do vale. Apesar dos sintomas serem leves, com tosse, febre e calafrios, a doença causa cerca de 200 mortes por ano nos Estados Unidos, vitimando principalmente idosos ou pessoas com o sistema imunológico comprometido.
O estudo comparou as chuvas, a temperatura e outros dados ambientais com as taxas de incidência da febre do vale para identificar as condições ambientais correlacionadas à doença. Com essas informações, a pesquisa pôde prever quais os locais nos quais a doença poderia ser encontrada tendo como base a previsão de condições climáticas para o futuro.
Assim, o resultado foi de que os estados ocidentais ao norte estão mais propensos a ‘receber’ o fungo. “Passará por Oklahoma, Colorado, Wyoming, áreas mais secas", explicou James Randerson, professor do departamento de ciências dos sistemas terrestres da Universidade da Califórnia e co-autor da pesquisa. Afirmou ainda que a doença tem potencialidade para se propagar por outros países – já que as alterações climáticas afetam o mundo inteiro e a globalização que facilita o transporte de pessoas sobretudo de avião irá com certeza facilitar a sua propagação.

Paris vai testar táxis aquáticos e ecológicos em forma de bolha no rio Sena.


A forma como nos movemos e o impacto das emissões de gases com efeito de estufa continuam a ser tema de debate um pouco por todo o mundo. É neste sentido que a empresa SeaBubbles está a criar uma forma de as pessoas se movimentarem pelas cidades de forma ecológica e, ao mesmo tempo, evitar o tráfego nas grandes cidades.
Já a partir do próximo ano, no Rio Sena, em Paris, irão surgir um novo tipo de táxi. Em vez de se movimentar em estradas, estes novos veículos serão aquáticos, ecológicos, silenciosos e acessíveis ao cidadão comum.
A empresa já tem vindo a fazer testes em várias cidades do mundo, como Amesterdão e Miami no decorrer deste ano e estão agora na sua fase final em Paris. De acordo com uma publicação no Gvwire, os técnicos da empresa estão a terminar o protótipo final, sendo este um barco elétrico branco, em forma de bolha.
Os barcos podem acomodar até quatro passageiros e são, segundo a empresa, muito silenciosos. Caso os testes sejam bem sucedidos e aprovados, os parisienses - e visitantes da capital francesa - poderão começar a utilizar este tipo de veículo já em 2020.
Os SeaBubbles poderão ser solicitados através de uma aplicação, à semelhança do que ocorre atualmente com serviços como a Uber e a sua expansão dependerá do sucesso do projeto na capital francesa.
“Se comparar com um barco de tamanho semelhante mas a motor, ele custa 30, 40, 50 euros por hora só em combustível. Este vai custar 3€”, adianta Anders Bringdal, CEO da empresa, sem especificar, no entanto, o valor final das viagens.
A SeaBubbles afirma que pretende ser uma alternativa nas cidades onde a acumulação de tráfego é um problema grave, sublinhando frisa que táxi tem de ser economicamente mais acessível.

quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Falta de informação impede estratégia contra plástico, diz relatório da ANP/WWF


A falta de informação impede a criação de uma estratégia nacional integrada de redução de plásticos, alerta um relatório esta quarta-feira divulgado que adverte para a vulnerabilidade do país à poluição por plásticos.

O relatório “X-Ray da Poluição por Plástico: Repensar o Plástico em Portugal”, realizado pela Associação Natureza Portugal (ANP), que trabalha em associação com a organização ambientalista internacional World Wildlife Fund for Nature (WWF), é apresentado como o primeiro relatório nacional sobre poluição por plásticos em Portugal continental.
A ANP/WWF conclui que faltam no país informações sobre os impactos ecológicos, sociais, económicos e para a saúde da poluição por plástico, o que impede não só uma estratégia de redução como a determinação de um investimento de gestão dos resíduos.
"Conhecemos os dados globais: todos os anos produzem-se 345 milhões de toneladas de plástico virgem em todo o mundo. A Europa é o segundo maior produtor de plástico, com cerca de 64,4 milhões de toneladas produzidas em 2017. E em Portugal, quais são os dados disponíveis? Qual é o custo real dos plásticos em Portugal?”, questiona Ângela Morgado, diretora executiva da ANP/WWF, citada num comunicado da associação."
O relatório mostra que um dos maiores problemas se relaciona com as embalagens de plástico de uso único, que têm uma vida útil que chega a ser de poucos minutos mas que podem demorar centenas de anos a decompor-se e releva que se desconhecem os efeitos para a saúde humana da decomposição dos microplásticos e nanoplásticos, que estão presentes em espécies consumidas como alimento.
Em Portugal, dados de 2016 indicam que a quantidade de embalagens de plástico declaradas, produzidas ou importadas foi de 195.902 toneladas.
“A produção é altíssima, mas a percentagem de itens reciclados, no período de 1950-2015, foi apenas de 9%, sendo que 12% foi incinerado. Os restantes 80% ficaram acumulados em aterros e perdidos no meio ambiente”. Em Portugal, cerca de 40% dos resíduos de plástico ainda são colocados em aterros (dados de 2016), alerta o documento, no qual não se diaboliza o plástico e se admite que as características que o tornam benéfico, persistência e resistência, são as mesmas que o tornam nocivo para o ambiente.
O relatório cita ainda cálculos recentes que indicam que mais de metade de todo o plástico que existe no mundo foi produzido nas últimas duas décadas. Nos próximos 20 anos a quantidade deve duplicar.
Os plásticos constituem a maior percentagem de resíduos presentes no ambiente em Portugal, quer como macroplásticos (descartáveis e artes de pesca) quer como microplásticos, em praias, rios e ingeridos por espécies marinhas. A poluição por plásticos dos oceanos é uma das ameaças ao planeta, salienta o documento. Segundo dados de 2017, calcula-se que cerca de oito milhões de toneladas de plástico chegam anualmente aos oceanos.
A ANP/WWF defende como prioridade a prevenção e o controlo efetivo da poluição por plásticos e propõe, entre outras medidas, a diminuição da oferta de plásticos descartáveis, a introdução de sistemas de depósitos, em particular garrafas, e melhor rotulagem.
Às entidades públicas propõe que sejam criados incentivos para a economia da reciclagem e planos de gestão municipal de resíduos de plástico, e se reforce a legislação em matéria de gestão de resíduos.
A associação defende também incentivos para a economia da reciclagem, para melhorar os indicadores, o aumento de pontos públicos de entrega de resíduos de plástico e o incentivo à produção de sinalética alusiva à incorporação de plástico reciclado.
Ângela Morgado considera, citada no comunicado, que é fundamental que sejam criados guias sobre embalagens para informar melhor os cidadãos sobre quais os plásticos que são fáceis de reciclar e seguros para reutilizar.
O relatório vem no seguimento da campanha da WWF “No Plastics in Nature”, lançada este ano, e foi apresentado na terça-feira ao Ministério do Ambiente.

terça-feira, 24 de setembro de 2019

Cheiro do mato tem um grande poder de cura, diz estudo.


Quem o garante é uma equipa de cientistas japoneses que conseguiram provar que sentir o cheiro do mato reduz a pressão arterial e aumenta as moléculas biológicas que combatem o cancro na corrente sanguínea.
Os investigadores da universidade Nippon Medical School, em Tóquio, estudaram os efeitos que óleos essenciais e aerossóis emitidos por plantas e árvores podem ter no corpo humano. As conclusões deste estudo revelam que o contacto com a natureza reduz drasticamente o stress sobre o sistema nervoso.
Segundo a revista norte-americana The Atlantic Cities, Qing Li, especialista em higiene e saúde pública daquela universidade, afirma que as caminhadas na floresta activam as células do sistema imunológico responsáveis pelo combate a infecções e ao câncer. O especialista pretende agora comprovar que o cheiro das árvores e do mato é o principal agente nestas alterações no organismo humano.
Natureza e contacto com o mato reforça acção do sistema imunológico
“Comprovamos que o ambiente da floresta impulsiona as proteínas intracelulares anti cancro dos linfócitos. A actividade destas células aumentou durante um período de sete dias depois da realização da caminhada. Isso aconteceu tanto em sujeitos do género masculino como do feminino”, explica a equipa no estudo.”
Os linfócitos são células presentes no sistema imunológico do corpo humano que defendem o organismo contra invasão de agentes estranhos. Para além destes benefícios, os passeios entre a natureza podem ainda reduzir o stress sobre o sistema nervoso.
O estudo foi desenvolvido com a ajuda de doze voluntários. Pessoas entre 37 e 60 anos permaneceram num hotel numa zona urbana do Japão por três noite, entre as 19h e 8 h.
Ao longo deste período, os participantes foram vaporizados com um humidificador que continha substâncias presentes nas plantas das florestas. A experiência revelou em análises de sangue e urina alterações provenientes do contacto com esses compostos.
Qing Li e alguns dos seus colegas criaram a International Society of Nature and Forest Medicine, uma instituição que se baseia na natureza e nas suas propriedades para ajudar na cura de doenças e desenvolver terapias medicinais em todo o mundo.
Conclui-se que se muitas vezes a ciência é fundamental para descobrir e inventar melhorias para as nossas vidas. Outras vezes sua tarefa é somente confirmar aquilo que a sabedoria popular e ancestral já sabe. Por exemplo, dar uma volta em meio ao mato e respirar fundo faz um enorme bem para os nossos corpos. Torna-se mais evidente que salvar a natureza é uma questão imediata de saúde pública.


Carne cria ambiente de cortar à faca. Afinal, qual é o problema com as vacas?


Universidade de Coimbra abriu a polémica ao proibir carne de vaca nas cantinas. Os produtores acusaram a instituição de demagogia e o Governo dividiu-se: o ministro da Agricultura criticou; o do Ambiente aprovou. Em termos de protecção ambiental, de que serve a decisão?

Qual o impacto ambiental da produção de carne de vaca?

Há quatro consequências directas da produção de carne de vaca à escala global: a superfície ocupada pelas pastagens (para que uma vaca produza um quilo de proteína, tem de consumir entre 10 a 16 quilos de cereais); a água consumida pelos animais (para ter um quilo de carne, o consumo é de 15 mil litros de água) e pelo processo de produção; os gases de efeito estufa gerados pela flatulência do gado (segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura equivale a 14,5% do que é lançado para a atmosfera); e a energia necessária para alimentar a indústria. A estas acresce a contaminação dos solos e das águas com os dejectos dos animais.
Qual a reacção à decisão do Reitor?
Em Portugal, a decisão da Universidade de Coimbra de proibir a utilização de carne de vaca nas 14 cantinas da instituição gerou imediatas reacções. A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) não tardou em classificar a medida como “demagógica e errada”. Disse ainda que se trata de “uma precipitação do reitor” e até “um extremismo”. Seja qual for a reacção da indústria, os especialistas afirmam que a tendência será para a maior cobrança dos consumidores da demonstração da compensação carbónica efectuada para equilibrar o fabrico de um determinado produto. Politicamente, o ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, disse ser uma decisão “relevante”. Mas o da Agricultura, Capoulas Santos, disse ser “populista”.
O consumo de carne faz mal à Saúde?
Um relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) associa o consumo excessivo de carne vermelha ao maior risco de desenvolver doenças oncológicas. Sobretudo o consumo de carne processada, como salsichas, hambúrgueres ou bacon, que para a OMS entram no grupo de substâncias mais perigosas, juntamente com o tabaco ou o ar contaminado. Há que considerar ainda que os danos ambientais causados pela produção industrial de alimentos até 2050 serão responsáveis pela morte de cinco milhões de pessoas por ano, segundo um relatório da Fundação Ellen MacCarthur, apoiada pela Gulbenkian. Mata cerca de quatro vezes mais do que os acidentes de viação.
Já há outras restrições ao consumo de carne?
Antes da mais antiga universidade portuguesa avançar com a decisão de eliminar a carne de vaca das ementas das cantinas, em agosto deste ano, a Universidade de Londres tomou a mesma decisão. Uma opção que, no caso inglês, foi acompanhada pela eliminação gradual de plásticos descartáveis ou de utilização única e pela instalação de mais painéis solares nos edifícios, tendo mesmo sido assumida a meta de transformar a escola numa instituição neutra em termos de emissões carbónicas já em 2025. Também na Suíça está aberta a discussão sobre a eliminação das instalações industriais de criação de animais, tendo sido já recolhidas mais de cem mil assinaturas neste sentido.
Quais as metas internacionais para a redução de consumo?
A maior parte da população mundial, cerca de 80%, não consome regularmente nem carne de vaca nem produtos derivados de leite em grande quantidade. O consumo deste alimento está associado à melhoria das condições socioeconómicas e, por isso, as previsões são de que duplique até 2050. Mas há sinais contraditórios nos países desenvolvidos. Um estudo sobre tendências agroalimentares elaborado pelo Instituto Português de Administração e Marketing estima que, em Portugal, entre 2017 e 2027, o consumo anual per capita de carne (108 quilos) desça cerca de 10%. Também um terço dos britânicos dizem ter já parado ou reduzido o consumo.

Conheça a outra região do Brasil que está a ser destruída mais rapidamente que a Amazónia



Chama-se Cerrado, estende-se por 200 milhões de hectares, é o bioma mais diverso do mundo e está a ser destruído mais rapidamente do que a Amazónia. Encostada à Amazónia, uma outra região do Brasil, que alberga 5% das espécies de animais e de plantas de todo o mundo e um armazém de carbono, está a ser destruída a um ritmo ainda mais rápido. O Cerrado é a região com a maior diversidade de fauna e flora no mundo, sendo composta por zonas de savana, campo e floresta, que se estendem por cerca de 200 milhões de hectares.


“É estimado que o bioma tenha 837 espécies de pássaros, 120 de répteis, 150 de anfíbios, mais de um milhão de peixes, noventa mil insetos e 199 tipos de mamíferos,” disse Mercedes Bustamante, uma bióloga da Universidade de Brasília, à CNN.
Mais de 4.800 espécies são endémicas, incluindo lontras gigantes, antas e jaguares, e metade das mais de onze mil espécies de plantas encontradas no Cerrado não podem ser encontradas em mais nenhum lugar no mundo, segundo a World Wildlife Foundation.
O Cerrado representa metade do tamanho da Amazónia e 50% está desflorestado, de acordo com Edegar de Oliveira Rosa, diretor de Conservação e Restauro dos Ecossistemas da WWF-Brazil. “Estamos a perder 700 mil hectares por ano”, afirmou à CNN.
Tal como na Amazónia, os habitats no Cerrado estão a ser destruídos pela procura global de carne. As áreas verdes são transformadas em terrenos para gado e, mais tarde, convertidas em campos para cultivo de soja que é usada para alimentar esse mesmo gado ou exportada para outras partes do mundo.
A desflorestação não é novidade e não acontece apenas no Brasil. Mas a procura por carne tem vindo a aumentar e a China serve-se da soja do Brasil numa altura em que trava uma guerra comercial com os Estados Unidos. Perante este cenário de um boom agrícola no Brasil, especialistas mostram-se apreensivos, pois creem que os habitats do Cerrado são o preço a pagar por esta situação.
“Já não sobra muito mais do Cerrado” disse Toby Gardner, diretor da TRASE, uma iniciativa que analisa a transparência das cadeias de fornecimento de bens, à CNN. “O Cerrado está muito mais ameaçado, com três vezes mais perdas que a Amazónia”, acrescentou.
A região do Cerrado representa também uma ameaça no que se refere a alterações climáticas, por ser armazém de uma grande quantidade de carbono no subsolo.
Num relatório recente, a Greenpeace sugere que a vegetação que ainda se mantém é um armazém de carbono equivalente a 13.7 gigatoneladas de dióxido de carbono. Mas a capacidade da vegetação em absorver o carbono pode estar em risco por causa da ação humana.
A desflorestação e a agricultura incentivam o aquecimento global através do enfraquecimento da capacidade da terra de absorção do dióxido de carbono da atmosfera, emitindo grandes quantidades de gases de efeito de estufa.
“O clima não tem fronteiras. Os efeitos na biodiversidade, a extinção de espécies, a emissão de carbono, o desmatamento e os incêndios, agravam a crise climática que nos afeta a todos”, afirma Daniela Montalto, uma representante da campanha sobre florestas da Greenpeace, à CNN.

domingo, 22 de setembro de 2019

O património mundial da Tapada de Mafra é "natureza em estado puro"


A Tapada de Mafra é uma regicooperativa, uma cooperativa sem fins lucrativos, que está assim no papel desde o tempo dos reis. São 800 hectares que precisam de ser preservados todos os dias. Tapada de Mafra é Património Mundial da Humanidade: um símbolo atribuído agora em julho, que se espera que traga mais gente a este bosque encantando onde veados, gamos ou javalis andam à solta na natureza.
Sem financiamentos do Estado, a Tapada de Mafra subsiste apenas com dinheiro das bilheteiras. O bilhete normal custa 4 euros. Há dois anos passaram por este espaço 70 mil visitantes, mas está preparado para receber bem mais. Pelo menos o dobro é o que pretende Paula Simões, a diretora da Tapada Nacional de Mafra. A Tapada de Mafra foi criada no século XVIII, em 1747, para ser um espaço de caça para o rei e para a corte, e para fornecer lenha e outros produtos para o palácio e o convento de Mafra. É um espaço murado em alvenaria de pedra e cal, um muro que tem uma extensão de 21km.

Ministério da Agricultura: Olival intensivo não promove mais pressões ambientais


O olival intensivo não promove mais pressões ambientais do que outras culturas regadas com expressão no Alentejo. A conclusão é do Ministério da Agricultura que fez uma avaliação dos impactos ambientais desta cultura. Em comunicado de imprensa, a tutela diz mesmo que “os indicadores compulsados apontam-na como das menos potenciadoras de impactos negativos no solo”.
A análise do Ministério foi feita tendo em consideração o enorme crescimento do olival intensivo na região nos últimos 15 anos, a com a produção a quintuplicar,  e com um aumento de área de 25%.
Apesar dos resultados obtidos, o ministério solicitou ao INIAV um estudo mais aprofundado de avaliação comparativa dos diversos tipos de exploração do olival, bem como a apresentação de conclusões e de eventuais recomendações que possam mitigar impactos negativos que possam vir a ser detetados.

O Ministério da Agricultura esclarece ainda que “Dos 3 milhões de hectares que constituem a região do Alentejo, apenas 165 mil estão ocupados por olival, sendo que as áreas de olival intensivo e superintensivo representam 38 mil hectares. Ou seja, 1,25% do total. Face a estes dados, torna-se incompreensível o discurso alarmista que alguns autarcas do Baixo Alentejo têm vindo a adotar relativamente à cultura do olival e à produção de azeite na região, que muito têm contribuído para a dinamização sócio-económica da região e para o combate ao desemprego”.

Jovens questionam credibilidade da Microsoft na defesa do ambiente


A gigante Microsoft foi alvo de críticas na cimeira do ambiente para a juventude que está a decorrer em Nova Iorque. Os negócios com empresas petrolíferas mostram que o lucro se sobrepõe muitas vezes às preocupações ambientais.

activista sino-americana Kathleen Ma questionou hoje, na Cimeira da Ação Climática para a Juventude, em Nova Iorque, a credibilidade da empresa norte-americana Microsoft, perguntando se está mais preocupada com o lucro do que com os jovens.
"Se a Microsoft está tão comprometida com a sustentabilidade, porque é que esta semana fez acordos com a Chevron e a Schlumberger [duas empresas do ramo energético] para acelerar a extracção de petróleo", perguntou a activista de 24 anos.
Kathleen Ma, residente em Nova Iorque, que falou em representação da organização não-governamental SustainUS e é uma das 500 jovens activistas convidadas desta cimeira, deixou ainda duas perguntas, entre aplausos da audiência: "Os contratos com a indústria de energias fósseis são mais importantes do que a juventude? Para vocês os lucros são mais importantes do que nós?".
As perguntas, feitas num painel de discussão naquela cimeira organizada pelas Nações Unidas (ONU), foram dirigidas a Lucas Joppa, director da Microsoft para a área do ambiente, presente na sala.
O responsável do gigante informático deu uma resposta lacónica, dizendo que "é uma questão que todo o setor tecnológico atualmente coloca. A Microsoft também".

Ambiente. Governo esconde análise a medidas fiscais


Apesar de as conhecer há mais de um ano, o Governo continua sem revela as conclusões do grupo de trabalho que estudou os incentivos fiscais prejudiciais ao ambiente na área da energia.
Segundo o jornal Público, o grupo de especialistas, criado em março de 2018, deveria ter feito um relatório sobre o assunto nos meses seguintes. No entanto, este continua sem ser conhecido.
O mesmo jornal questionou o Ministério da Economia, que disse apenas que o grupo fez “uma análise do impacto das isenções concedidas aos combustíveis no ambiente, bem como uma avaliação de custo-benefício das mesmas”. Fonte oficial disse ainda que o resultado deste trabalho foi vertido na proposta de Orçamento de Estado deste ano.
Recorde-se que, em 2018, chegou ao fim a isenção do imposto sobre produtos petrolíferos e energéticos para o carvão e coque de carvão usados para produzir eletricidade. As medidas foram implementadas antes da criação deste grupo.

ONU. Últimos cinco anos foram os mais quentes de sempre


O período entre 2015 a 2019 é o mais quente alguma vez registado, indicou este domingo a ONU, na véspera de uma cimeira sobre o clima que se irá realizar em Nova Iorque e que irá contar com a presença de nomes como a ativista Greta Thunberg. Segundo um relatório divulgado pela Organização Meteorológica Mundial (WMO), as temperaturas médias subiram 1,1ºC desde 1850. Só entre 2011 e 2015, registou-se um aumento de 0,2ºC.

Relativamente as emissões de gases com efeito de estufa, entre 2015 e 2019, estes aumentaram 20% relativamente aos cinco anos anteriores. Em 2019, estas foram “pelo menos tão elevadas” quanto em 2018, de acordo com os os cientistas que trabalharam neste relatório para a ONU. Espera-se que, até ao final do ano, e concentração de CO2 na atmosfera atinja um novo pico.

Com os compromissos atuais dos países para reduzirem as emissões de gases com efeito de estufa, o planeta vai estar mais quente de 2,9 a 3,4ºC até 2100. Os esforços anticarbono dos países devem ser multiplicados por cinco para conter o aquecimento a 1,5ºC, como prevê o acordo de Paris de 2015 ou, no mínimo, multiplicados por três para ficar em 2ºC, o limite máximo estipulado no texto.
O fosso nunca foi tão grande entre o que o mundo deseja alcançar e a realidade dos planos climáticos dos países”, alerta o relatório.

Nunca a água dos oceanos esteve tão quente como agora

Os oceanos são os mais prejudicados por este aumento da temperatura. De acordo com o relatório da WMO, mais de 90% do excesso de calor causado pelas alterações climáticas acabam na água. Em 2018, registou-se os valores mais altos de calor nos oceanos.
O nível médio do mar também subiu consideravelmente entre 2015 e 2019, acompanhando o aumento das emissões de CO2. Na última década, este aumentou de três para quatro milímetros por ano devido ao derretimento acelerado das calotas glaciares nos polos norte e sul, confirmadas por vários estudos e observações por satélite. Esta situação irá levar a um aumento do nível do mar no futuro, o que está a preocupar os cientistas da WMO.
Como vimos esta ano com os efeitos trágicos nas Bahamas e em Moçambique, o aumento do nível do mar e as intensas tempestades tropicais levaram a catástrofes humanitárias e económicas”, refere o relatório.

sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Qual o impacto no ambiente de aumentar a vida útil dos telemóveis?


Aumentar a vida útil dos smartphones e de outros dispositivos eletrónicos, em apenas um ano, economizaria à União Europeia tantas emissões de carbono como retirar 2 milhões de carros das estradas anualmente. A conclusão é de um estudo divulgado pela Associação ZERO.
Os especialistas avaliaram os benefícios climáticos de tornar os smartphones mais duráveis e concluíram que, num ciclo de vida completo, os smartphones vendidos na Europa são responsáveis por 14 milhões de toneladas de emissões de CO2 por ano.
Com vendas anuais de quase 211 milhões de unidades na Europa, a vida útil média de um telemóvel é de três anos.
Aumentar em cinco anos a vida útil dos smartphones da União Europeia, economizaria 10 milhões de toneladas de emissões, por ano, até 2030.

Babu, a marca portuguesa com produtos amigos do ambiente


preocupação com a sustentabilidade é cada vez mais evidente nos dias que correm. E foi precisamente esta preocupação que deu origem à Babu, uma marca portuguesa que começou por produzir escovas de dentes em bambuActualmente, o leque de produtos é maior e vai desde os cotonetes aos talheres sustentáveis. 

Nasceu em 2017 com uma escova de dentes com o cabo em bambu para substituir as tradicionais escovas de plástico, que não são recicláveis. "Acreditamos que a introdução da Babu torna assumidamente desnecessária a utilização de um produto que não sofre qualquer inovação há mais de 50 anos e que afeta grandemente os níveis de poluição do nosso planeta", aponta a empresa. 
O crescimento dos últimos meses levou a que a marca portuguesa alargasse a gama de produtos disponíveis. Agora, existem também talheres de refeição, cotonetes, fio dental vegan, palhinhas e, ainda, a esponja Konjac
Quase todos estes produtos têm um ponto em comum - em linha com o nome da empresa - o bambu. E porquê a escolha desta matéria-prima? Tem a ver com o facto de o bambu ser "ser uma planta de rápido crescimento, regenerando-se após o corte, contendo igualmente propriedades antibacterianasbiodegradáveis e autossustentáveis", aponta a empresa, num comunicado.
Os produtos da Babu podem ser encontrados em vários mercados e lojas biológicas, em lojas físicas ou online, e na rede nacional de farmácias. As escovas de dentes custam menos de quatro euros, mas o preço depende do sítio onde a compra é realizada, pode consultar a lista das lojas aqui
"Com o objetivo de chegara um maior número de pessoas, a Babu disponibiliza produtos com valores bastante diversificados e acessíveis, sempre com a filosofia de poder, desta forma, aumentar a consciencialização pela mudança de hábitos em prol do meio ambiente", aponta ainda a empresa. 
Babu é uma marca certificada pela Vegan Society, uma instituição sem fins lucrativos, fundada em 1944, no Reino Unido, com a finalidade de educar e informar sobre o veganismo.

quinta-feira, 19 de setembro de 2019

Máquina faz sumo e “imprime” copos feitos com cascas de laranja


Do sumo à casca de laranja, nada é desperdiçado na máquina de sumos projectada pelo escritório de design e inovação Carlo Ratti Associati em parceria com a empresa ENI. O dispositivo é um belo exemplo de economia circular e zero desperdício que pode ser acompanhado de perto pelos clientes. 

É utilizando uma impressora 3D que a “magia” acontece. A máquina separa duas metades da laranja, espreme o sumo e conduz as cascas por um tubo, que vão acumular-se no inferior da máquina. Chegando lá, os resíduos são secados, moídos e misturadas com ácido polilático (PLA) – ácido orgânico de origem biológica – dando origem ao material bioplástico. Este último será aquecido e derretido num filamento para a impressão dos copos, que instantaneamente podem ser já preenchidos com o sumo.

Baptizada de “Feel the Peel”, a máquina mede 3,10 metros de altura e comporta até 1.500 laranjas. Ela está em exposição num evento na cidade de Rimini, na Itália, e deve ser apresentada ainda em vários locais públicos do país. 

“O princípio da circularidade é obrigatório para os objectos de hoje”, afirma Carlo Ratti,  fundador do escritório e director do MIT Senseable City Laboratory. “Trabalhando com a Eni, tentamos mostrar a circularidade de maneira muito tangível, desenvolvendo uma máquina que nos ajuda a entender como as laranjas podem ser usadas para muito além do sumo. As próximas interacções podem incluir novas funções, como impressão de tecido para roupas usando cascas de laranja”.

Carlo Ratti, trabalhando no MIT, está sempre ligado com inovações e tecnologias.O interessante na linguagem dele é que pode parecer estranho pensar em vestuário feito de casca de fruta, mas isso já existe. Inclusive foi uma dupla também italiana que criou toda uma colecção aproveitando a casca e o bagaço da laranja.

Foto: Nicola Giorgetti

Buraco de ozono este ano é o mais pequeno em três décadas


O buraco  de ozono sobre a Antártida este ano é o mais pequeno em quase três décadas. Em 2018 estendia-se por uma área de 22,9 milhões de quilómetros quadrados, este ano fica pelos 11 milhões, e é provável que não cresça mais. Não se sabe a causa das alterações, mas também a forma do buraco é diferente este ano, com o seu característico vortex orientado para a América do Sul e não para o pólo norte, como é habitual.
O ozono, que protege a Terra das perigosas radiações ultravioleta (UV), é um gás que se forma pela interação dessas radiações com a electricidade na atmosfera. Em 1987, um esforço internacional para combater a expansão do buraco na camada de ozono resultou na assinatura do protocolo de Montreal, que levou a restrições na produção de substâncias químicas que danificavam a camada de ozono.
Os resultados foram suficientemente bons para permitir acreditar que a meio do presente século a camada terá recuperado completamente. Os cientistas monitorizam a situação em permanência, e foi a British Antarctic Survey (BAS) que agora deu as notícias surpreendentes.
O vórtex tem origem na circulação de ventos extremamente frios por cima de uma zona onde não há, ao contrário do que acontece no Ártico, grandes acidentes de terreno que dificultem a sua circulação. Anna Jones, da BAS, explicou ao diário "The Independent": "Muito ocasionalmente, no Ártico temos perturbações. E acho que ninguém sabe o que as desencadeou este ano. É um fenómeno bastante novo. Pode ser um conjunto de múltiplos factores".
Desde os anos 70, quando os satélites começaram a transmitir imagens da zona, só houve uma alteração de nível comparável. Foi em 2002, quando o vortex se separou em dois. O resultado real na altura foram dois buracos de ozono. Desta vez isso não aconteceu, mas para os cientistas é igualmente essencial perceber o que se passou.

quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Investigadores defendem que metas de limitação do aquecimento global devem ser antecipadas


Investigadores do Imperial College de Londres defenderam esta quarta-feira que as metas para limitar o aquecimento global devem ser antecipadas em várias décadas, para cumprir o Acordo de Paris sobre redução de emissões de gases com efeito de estufa.

As estratégias que se centram em 2100 “são inconsistentes com o objetivo do acordo de Paris, que é manter o aquecimento abaixo dos dois graus centígrados e, idealmente, abaixo de 1,5 graus” em relação aos valores médios da era pré-industrial.

As estratégias atuais colocam “um fardo nas próximas gerações e estão a contar que as tecnologias de remoção de carbono da atmosfera estejam amplamente disponíveis, o que não é certo e é arriscado“, consideram os investigadores, que publicaram esta quarta-feira um artigo com as suas conclusões na revista Nature, em que defendem que é mais sensato e justo limitar o aquecimento global antes de 2050 e estar menos dependente de tecnologias que ainda não são utilizáveis e do investimento das gerações futuras.
Quando as estratégias contra o aquecimento global foram propostas pela primeira vez, há mais de 20 anos, o planeta só tinha aquecido 0,5 graus centígrados, portanto havia tempo para uma transição longa e suave para sistemas energéticos e economias que mantivessem o aquecimento abaixo de 02 graus até 2100″, afirmou o principal autor do artigo, Joeri Rogelj.
Mas a ciência produzida na última década mostrou que os dois graus não podem ser considerados um limite seguro e os investigadores do Imperial College defendem que o objetivo deve ser apontar para a “neutralidade de emissões carbónicas como base de qualquer estratégia para o clima”.
“Mudar o foco de um futuro distante para as próximas décadas, quando serão necessárias medidas drásticas, vai ajudar-nos a chegar aos objetivos do Acordo de Paris (alcançado em 2015) sem pôr o fardo nas gerações futuras“, acrescentam.
Assim, defendem primeiro que tudo que todos os países devem chegar ao ponto em que só emitem a quantidade de dióxido de carbono que conseguem que seja absorvida novamente pelas suas florestas ou usando tecnologia para capturar o dióxido de carbono na atmosfera e retê-lo debaixo do solo.

COP16: cimeira termina sem acordo sobre formas de financiamento

A conferência das Nações Unidas sobre biodiversidade (COP16) terminou, este sábado, em Cali, na Colômbia, sem que os países participantes ch...