sábado, 31 de agosto de 2019

Humanos já alteravam substancialmente ambiente há três mil anos


Os humanos já transformavam substancialmente a ecologia da Terra há três mil anos, quando começou a fazer-se uma agricultura mais intensiva, indica um estudo divulgado na revista científica Science.

Através de uma avaliação arqueológica global do uso antigo da terra provou-se que a actividade humana na pré-história não era tão inócua e que os primeiros caçadores-recolectores, agricultores e pastores tiveram um efeito muito maior na paisagem da Terra e muito mais cedo e mais amplo do que inicialmente se pensava.

Esta informação contraria a ideia de que as mudanças ambientais em larga escala causadas pelos humanos são um fenómeno recente, uma ideia que facilmente se assume devido ao foco que hoje se dá às alterações climáticas, ao aquecimento global e às energias renováveis.

No entanto, segundo o estudo, os humanos começaram a modificar o ambiente há já dez mil anos e o primeiro impacto ambiental global tem pelo menos três mil anos, segundo Gary Feinman, curador de antropologia Museu Field em Chicago, Estados Unidos, e um dos 250 autores do estudo.

De acordo com o investigador, citado num comunicado do Museu Field, para se entender a actual crise climática é preciso entender também a história dos humanos a alterar os seus ambientes.

O estudo, liderado por Lucas Stephens, da Universidade da Pensilvânia, também nos Estados Unidos, faz parte de um projecto maior chamado ArchaeoGLOBE, que reúne informações online de especialistas regionais sobre como o uso da terra mudou ao longo do tempo em 146 diferentes áreas do mundo.

E essas informações mostram que a pegada ecológica não era assim tão pequena quanto se imaginava, disse Gary Feinman, segundo o qual há três mil anos os humanos faziam agricultura muito invasiva em diversas partes do mundo.

Segundo os autores do trabalho os seres humanos começaram a derrubar florestas para fazer agricultura e os pastores também desflorestaram para fazer criação intensiva de animais.

“Embora a taxa em que o ambiente está a mudar seja muito mais drástica, vemos os efeitos que os impactos humanos tiveram na Terra há milhares de anos”, disse Ryan Williams, outro dos autores do estudo também do Museu Field.

Conhecer o início dos impactos ambientais pode ajudar a perceber, por exemplo, que soluções as civilizações antigas usaram para mitigar efeitos negativos do desmatamento ou da falta de água.

sexta-feira, 30 de agosto de 2019

Bolívia castigada com incêndios florestais há mais de 20 dias


Nem o maior avião-tanque do mundo, contratado pelo Governo para fazer frente às chamas, conseguiu controlar os intensos incêndios que há já mais de 20 dias castigam Santa Cruz, a principal região agropecuária da Bolivia. A dimensão dos fogos obrigou ao envio de dois mil soldados das Forças Armadas, com centenas de bombeiros e voluntários a apoiarem no terreno o trabalho dos meios aéreos. Ainda assim, o número de incêndios dobrou desde quinta-feira, estando já contabilizados cerca de um milhão de hectares ardidos.
A crise ambiental acontece a menos de dois meses das eleições gerais e está também a ser usada como arma política, com os opositores do Presidente Evo Morales a insistirem que a responsabilidade da catástrofe lhe pertence, por ter aprovado leis que facilitaram as queimadas controladas, técnica tradicional muito usada no país para limpar e conquistar parcelas para cultivo.
Perante a falta de experiência da Bolívia para combater este tipo de incêndios - até há pouco tempo pouco frequentes em países tropicais – o país está receptivo a receber ajuda. Ao contrário do Brasil, Morales já afirmou que o apoio internacional é desejado, ainda que continue a resistir a apelar a algum fundo ou colaboração em concreto.
Declarar oficialmente a situação de “desastre nacional” implica, segundo a legislação nacional, aceitar que o Estado não tem capacidade para enfrentar a tragédia, pelo que o Presidente tem fugido à decisão - contrariando o pedido de dezenas de instituições ambientalistas e civis, entre elas a Igreja católica.
Com a falta de chuva a afectar a região há mais de dois meses, as previsões não são otimistas. O cenário de incêndios florestais pode manter-se, preocupação que levou Evo Morales a anunciar a suspensão da campanha eleitoral, pelo menos durante uma semana.

quinta-feira, 29 de agosto de 2019

O complexo equilíbrio do ambiente


As reações aos incêndios na Amazónia em forma de "overload" informativo, que chegam mesmo a atirar para alguns meses de governação as causas de um desastre que leva décadas, motivam-me a refletir sobre a complexidade de compatibilizar um desejável equilíbrio ambiental e o necessário desenvolvimento social e económico.
Por maiores que sejam algumas excentricidades do atual presidente do Brasil, é muito ligeiro atribuir-lhe diretamente responsabilidades pelos últimos 20 anos de forte devastação da floresta amazónica. Será como culpar o divino por não ter atendido as preces de chuva do Twiter da líder bloquista nos trágicos incêndios de 2017. Como também muito difícil entender a política europeia de reforço da componente de biocombustíveis a partir de oleaginosas, quando só para cumprir a quota nos transportes públicos de Paris são necessários 700 mil hectares de plantação de colza. Vimos bem as consequências deste disparate, numa Europa em que apresenta um desequilíbrio próximo dos 80% nas necessidades de abastecimento em proteína vegetal para sustentar a sua produção animal. E a solução não passa, como alguns defendem, por reduzir drasticamente toda esta atividade. A enorme eficiência biológica da moderna produção de alimentos de origem animal tem sido a base de um dos maiores equilíbrios sociais, garantindo o acesso a proteína de qualidade à generalidade da população. E não será o receio da elevada competitividade, neste domínio, dos países que integram o Mercosul, a causa mais provável para o súbito interesse da França em bloquear o avanço do acordo com a UE? Porque também me questiono sobre a bondade das multinacionais norueguesas como algumas das maiores interessadas na exploração das riquezas do subsolo da Amazónia. E o que dizer da manifestação contra a exploração de lítio, alimentada nas redes sociais por imagens captadas por telemóveis de última geração equipados com baterias carregadas por esse mineral?
Por tudo isto temos que ser muito prudentes. Está visto que a sustentabilidade ambiental é uma matéria complexa e longe de ser linear.
Emídio Gomes - Prof. catedrático, vice-reitor da UTAD

Relatório da ONU revela consequências dramáticas do aquecimento global


As alterações climáticas provocadas pelas actividades humanas vão ter consequências dramáticas sobre os oceanos e a criosfera, que inclui os glaciares, as calotes polares e solos permanentemente congelados, revela um relatório da ONU a divulgar em setembro.
O documento, cuja versão preliminar foi divulgada esta quinta-feira pela agência France Presse, vai ser apresentado em 25 de setembro no Mónaco e alerta especialmente para alterações nos oceanos e na alimentação.
Os oceanos absorveram cerca de um quarto das emissões de gases com efeito de estufa produzidos pelos humanos desde os anos 80 do século XX. Como consequência, estão mais quentes, mais ácidos e menos salgados.
A concentração de oxigénio em ambientes marinhos baixou 2% em 60 anos e deve perder mais três a quatro graus suplementares se as emissões de CO2 se mantiverem no mesmo nível.
A frequência, a intensidade e a extensão das vagas de calor marinhas como as que devastaram a Grande Barreira de Coral da Austrália aumentaram. Os corais, dos quais meio milhão de pessoas depende para alimentação e protecção, não deverão sobreviver a um aquecimento de dois graus, comparativamente a níveis pré-industriais.
As reservas alimentares em águas tropicais pouco profundas podem decrescer 40%, devido ao aquecimento e à acidificação.
Uma duplicação da frequência acontecimentos climáticos extremosderivados do fenómeno meteorológico El Nino, que provoca fogos florestais, doenças e têm efeito sobre os ciclones — é esperada se as emissões não forem reduzidas. O nível dos oceanos vai subir durante os próximos séculos, quaisquer que sejam as medidas tomadas.
Comparativamente ao final do século XX, o nível médio dos oceanos deverá aumentar cerca de 43 centímetros até 2100 se o aquecimento global for mantido em dois graus. Mas aumentará 84 centímetros caso as tendências atuais se mantenham no sentido de o aquecimento global poder chegar aos três ou quatro graus.
No próximo século, o ritmo de subida do nível do mar, poderá aumentar dos atuais 3,6 milímetros por ano para “vários centímetros”. Os danos causados pelas inundações podem aumentar entre 100 a mil vezes até 2100.

Fairphone: o telemóvel mais ético do mundo tem uma nova versão


O smartphone mais ético do mundo está de volta e com uma nova versão. O Fairphone 3, anunciado nesta terça-feira, continua a missão de tentar convencer os consumidores a usarem um equipamento que é mais amigo do ambiente – pelos materiais que usa e pelo maior ciclo de vida que quer atingir.
A nova versão do telemóvel é constituída por seis peças principais e que são facilmente reparáveis. Aliás, na própria caixa do Fairphone 3 vem uma pequena chave-estrela para que cada utilizador possa fazer as suas próprias reparações se for necessário. No site da Fairphone é possível encontrar as peças de substituição.
Quando partir o ecrã ou o módulo da câmara fotográfica, por exemplo, não precisa de deitar o telemóvel fora por a reparação ser difícil de concretizar. Desta forma pretende-se que o equipamento tenha um ciclo de vida superior ao que é normal – a Fairphone também promete atualizações de software durante cinco anos.
O smartphone é ainda ético nos materiais que usa: tungsténio de zonas livres de conflito; cobre e plásticos reciclados; e ouro de comércio legal. Há planos para melhorar alguns aspetos do equipamento, como encontrar uma fonte mais ética para o cobalto.
Além da questão dos materiais, o novo Fairphone 3 também está incluído num programa de reciclagem de smartphones: a empresa dá 20 euros por qualquer telemóvel que o utilizador entregue em troca ou 40 euros caso o utilizador entregue um Fairphone de primeira ou segunda geração.
Em termos de especificações propriamente ditas, o Fairphone 3 está equipado com um ecrã Full HD+ de 5,7 polegadas, processador Snapdragon 632, 4GB de memória RAM, 64GB de armazenamento interno e uma câmara principal de 12 megapíxeis. O equipamento, que já pode ser reservado, tem um preço de 450 euros e começa a ser entregue a partir do final de setembro.

Pornhub vai plantar uma árvore por cada 100 vídeos pornográficos visualizados


próximo Dia da Árvore ainda está longe (por cá celebramos em março, nos Estados Unidos em abril), mas já há uma acção preparada para quando a data chegar. E é no mínimo inesperada — ou pelo menos completamente diferente de qualquer outra de apoio a uma causa.

A maior e mais vista plataforma de pornografia do mundo, Pornhub, já é conhecida por lançar campanhas ou acções novas sempre que há um dia especial, quer seja o Dia dos Namorados ou um qualquer feriado nacional americano que seja temático. Desta vez, o foco é no Dia da Árvore, que nos Estados Unidos se celebra na última sexta-feira de abril. 
O site criou a campanha Pornhub Gives America Wood e promete plantar uma árvore a cada 100 vídeos visualizados dentro de uma "categoria" em particular.
Ainda não se sabe onde estas árvores vão ser plantadas, e o site ainda está a definir qual a organização ambiental que vai apoiar. No entanto, e de acordo com o número de visualizações atual, o número de árvores a plantar já ultrapassa os 11 mil.

quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Em apenas dois dias, Angola e Congo arderam mais que a Amazónia


As chamas que consomem há mais de 20 dias as florestas da Amazónia viraram todas as atenções para as políticas ambientais de Jair Bolsonaro. Porém, num espaço de 48 horas, o Brasil foi apenas o terceiro país que mais ardeu no mundo. Angola aparece a liderar o ranking constituído com dados satélite do Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer (MODIS) e analisados pela Weather Source.

De acordo com a Bloomberg, que cita dados do satélite MODIS da NASA, lançado em 1999, Angola registou 6.902 incêndios entre 22 e 23 de agosto, o que é mais que o dobro dos 3.395 incêndios na República Democrática do Congo e mais que o triplo dos 2.227 incêndios registados no Brasil no mesmo período. A Zâmbia é o quarto país com mais fogos nos últimos dois dias. Em quinto surge a Austrália enquanto a Bolívia, vizinho do Brasil na Amazónia, vem em sexto.
Apesar de não ser um cenário invulgar na África Central, a agência de notícias escreve que em apenas uma semana, no mês de junho, foram registados 67 mil incêndios enquanto os agricultores faziam queimadas.

domingo, 25 de agosto de 2019

África é campeã dos incêndios florestais


O continente africano é vítima de 71% dos fogos florestais globais e a maioria é causada por mão humana. Especialistas dizem que nuvens de fumo causadas pelos fogos impedem a radiação solar de atingir o solo, contribuindo para o arrefecer do planeta.

Não há dia em que alguma parte do planeta não arda e África é a campeã dos incêndios, diz a NASA. Acontecem várias vezes ao ano e em diferentes partes do continente e são, sobretudo, fogos agrícolas, com alguns a ficarem descontrolados. Contribuem para fertilizar a Amazónia, a milhares de quilómetros de distância, com fósforo, dizem os especialistas, e até ajudam a arrefecer o planeta. Mas também contribuem para o efeito de estufa.

O continente africano é vítima de 71% dos fogos globais, mesmo que pouca atenção lhe seja dada, diz a NASA. A maioria dos fogos acontece nas épocas secas, na esperança de se preparar o solo para a época da colheita. Há duas épocas distintas, derivadas do clima: entre Novembro e Março, na África subsariana, e Junho a Setembro, no Sul de África. 

Os incêndios agrícolas, uma técnica antiga, continuam a ser usados pelos agricultores do continente por serem de baixo custo e tecnologia, com a maioria dos campos agrícolas a terem menos de 100 hectares, explica a NASA. No entanto, é difícil ter-se uma noção de quantos incêndios são ateados e a área ardida, dependendo muito da capacidade dos satélites e análise de imagens. Em 2016, por exemplo, arderam quatro milhões de km/2, segundo os autores de um estudo publicado na revista Remote Sensing of Environment, na edição de Março.

“As cinzas produzidas dão ao solo recém-desmatado uma camada rica em nutrientes para ajudar a fertilizar as plantações”, continua a agência espacial norte-americana, sublinhando que muitas vezes os “fogos ateados para renovar campos agrícolas ficam fora de controlo por causa de ventos e tempestades”. As respostas das autoridades são muito escassas, permitindo-lhes crescer e avançar com pouca resistência pela frente.

Os incêndios são tantos e, por vezes, tão fortes que nuvens de fumo gigantescas se formam, impedindo a radiação solar de chegar ao solo, argumentou o cientista Xiaohong Liu, da Universidade do Wyoming, nos Estados Unidos, num artigo publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences. As conclusões basearam-se em dados recolhidos pela Estação Espacial Internacional e em momento algum contradizem o facto de a nuvem de fumo ser prejudicial para o efeito de estufa.

“As cinzas produzidas dão ao solo recém-desmatado uma camada rica em nutrientes para ajudar a fertilizar as plantações”, continua a agência espacial norte-americana, sublinhando que muitas vezes os “fogos ateados para renovar campos agrícolas ficam fora de controlo por causa de ventos e tempestades”. As respostas das autoridades são muito escassas, permitindo-lhes crescer e avançar com pouca resistência pela frente.

Os incêndios são tantos e, por vezes, tão fortes que nuvens de fumo gigantescas se formam, impedindo a radiação solar de chegar ao solo, argumentou o cientista Xiaohong Liu, da Universidade do Wyoming, nos Estados Unidos, num artigo publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences. As conclusões basearam-se em dados recolhidos pela Estação Espacial Internacional e em momento algum contradizem o facto de a nuvem de fumo ser prejudicial para o efeito de estufa.

sexta-feira, 23 de agosto de 2019

Indústria da moda e G7 comprometem-se com o ambiente


As grandes marcas do mundo da moda chegaram a um acordo, que será finalizado este fim-de-semana, em Biarritz, na reunião do G7, com o objectivo de ajudar a proteger o meio ambiente. O acordo será assinado por 32 empresas da indústria da moda, entre elas a Adidas, Burberry, ​Nike, Hermes, a Inditex (detentora da Zara), mas também os conglomerados Kering e LVMH – que reúnem as principais marcas de luxo e alta costura.

Proteger o meio ambiente será uma questão importante na reunião do G7, onde o presidente francês Emmanuel Macron e o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, expressam as suas preocupações, nomeadamente, com os incêndios florestais que grassam na Amazónia. A iniciativa de levar a indústria da moda para a reunião do G7 foi de Macron que, segundo o Guardian, reuniu com o CEO da Kering, o francês François-Henri Pinault com o pedido de juntar as marcas com o propósito de assinarem este acordo para pressionar as mudanças na produção e fornecimento de matérias-primas. 

O acordo ocorre no momento em que a indústria enfrenta uma reacção sem precedentes sobretudo das gerações mais jovens, preocupadas com o facto de esta ser mais poluidora do que outras como a aeronáutica ou a de transportes, recorda o GuardianSão cada vez mais os jovens que se recusam a comprar roupa barata e apostam em peças em segunda mão ou feitas com tecidos sustentáveis. De acordo com o relatório ​GlobalData for Thredup, citado pelo mesmo jornal britânico, o mercado de segunda mão deverá ultrapassar a chamada fast fashion nos próximos anos e será 50% maior do que a de primeira mão, até 2028.

O aumento da preocupação ambiental tem obrigado as marcas a introduzir planos de sustentabilidade que passam por escolher matérias-primas mais amigas do ambiente, por exemplo, o mês passado, a espanhola Inditex, a terceira maior empresa têxtil do mundo, anunciou que até 2025 todos os tecidos utilizados serão 100% sustentáveis, assim como quer usar apenas energia renovável. A sueca H & M – que inclui as marcas Cos, & Other Stories, Monki e Weekday –, tem como objectivo ter 100% de materiais reciclados ou com origem sustentável até 2030, acima dos 57% actuais. Também outras marcas como a Next, Marks & Spencer, Primark e Asos comprometeram-se a reduzir o uso de água, a pegada de carbono e os resíduos enviados para aterros em 15% até 2020.​

terça-feira, 20 de agosto de 2019

Convenção proíbe captura e venda de elefantes selvagens a jardins zoológicos


A Convenção sobre Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas (CITES) deu, no domingo, um passo importante para a proibição da venda de elefantes selvagens a jardins zoológicos, uma “vitória histórica” saudada pelos ecologistas.

Uma larga maioria de países decidiu limitar rigorosamente as vendas de elefantes selvagens de África a compradores que mantenham os animais no ambiente natural, sendo proibida a captura para estruturas de manutenção em cativeiro, o que inclui jardins zoológicos ou parques de diversões, prática que os defensores da causa animal consideram cruel.

A proposta, que obteve 46 votos a favor, 18 contra e 19 abstenções, foi alcançada numa das duas comissões e com a maioria de dois terços necessária para ser aprovada. A sessão plenária, marcada para 28 de Agosto, na sessão de encerramento da conferência CITES sobre espécies ameaçadas, terá de aprovar também aquela proposta.

“Esta decisão vai salvar um número importante de elefantes arrancados às manadas em natureza e obrigados a viver em cativeiro em zoos e em condições medíocres”, congratulou-se Iris Ho, do grupo de protecção animal Humane Society International (HSI), em Washington, citada em comunicado.

A venda de elefantes da África Ocidental, do Centro e do Leste, há muito entre as espécies protegidas, foi já proibida, ao contrário dos elefantes da África Austral, menos ameaçados.

O Zimbabué capturou e vendeu mais de 100 crias de elefantes a zoos chineses desde 2012, de acordo com o HSI.

“Esta decisão preliminar afirma fortemente que os elefantes não pertencem à indústria dos divertimentos”, reagiu, também em comunicado, Cassandra Koenen, responsável pela fauna selvagem na Sociedade Mundial de Protecção de Animais (WSPA, sigla em inglês).

“É um passo considerável no bom sentido”, acrescentou. O elefante africano passou de vários milhões de exemplares em meados do século XX para cerca de 400.000 em 2015.

Este é o primeiro voto da conferência CITES, da ONU, sobre espécies ameaçadas, que começou no sábado e vai decorrer até 28 de Agosto, em Genebra, na Suíça.

Milhares de delegados - responsáveis políticos e peritos em conservação - oriundos de 183 países-signatários e a UE vão debater 56 propostas para alterar o grau de protecção concedido aos animais e às plantas selvagens.

Criada há mais de 40 anos, a CITES estabelece as regras do comércio internacional de mais de 35 mil espécies de fauna e de flora selvagens, através de um mecanismo que permite impor sanções aos países que não respeitem as regras.

Conteira: a planta dos Açores que veio para substituir o plástico


Um grupo de investigadores da Universidade dos Açores está a explorar a possibilidade de utilizar a conteira — uma planta invasora —, como substituição ao plástico descartável.

O projecto usa componentes da conteira — que existe em abundância no arquipélago —, para recriar utensílios do quotidiano que possam ser alternativas sustentáveis ao plástico descartável.

“É um dois em um: estamos a encontrar uma solução para combater uma praga e, ao mesmo tempo, a criar valor para solucionar outros problemas”, explica Telmo Eleutério, um dos membros do grupo, ao jornal Público.

Visto que a planta hedychium gardnerianum ameaça a vegetação da região, o grupo8 de investigadores procurou descobrir de que forma a planta podia ser útil. “Percebemos que tinha todas as capacidades necessárias para substituir o plástico descartável”, conta Telmo.
“É uma transformação do caule e das folhas, de forma a que sejam prensadas e mudadas em objectos de utilidade corrente, como pratos, copos e talheres, que continuarão a ser descartáveis, mas depois serão biodegradáveis“, explica Roberto Amorim à RTP Açores.
Em 2014, Roberto Amorim levou a ideia até à Universidade dos Açores, dando início ao projecto. Contudo, só em 2018 com o devido financiamento, é que conseguiram prosseguir com mais testes e ensaios.
Até agora, o grupo desenvolveu protótipos de copos, pratos e tigelas, já que a aposta é nos materiais de descarte rápido. “Em geral, um copo permite duas ou três utilizações e um prato cerca de quatro ou cinco”, revela Telmo.
A deterioração do material demora 45 a 90 dias num ambiente fechado. O material serve ainda como adubo natural, fertilizando a terra. Segundo Telmo Eleutério, no prazo de dois anos os produtos vão dar entrada no mercado.
“Podemos criar equilíbrio, valorizar os recursos endógenos e olhar de outra maneira para os recursos naturais que não são vistos com o potencial que podem vir a ter”, explica o açoriano.
Além dos pratos, copos e tigelas, o grupo de investigadores também está a trabalhar num outro projecto que tem como objectivo a criação de uma embalagem específica a partir da conteira: as cuvetes para congelados de carne.
A conteira, originária do Himalaia, tem várias flores amarelas e estiletes vermelhos compridos. Segundo a Gulbenkian, a planta é tolerante a vários tipos de solo e pode atingir entre 2 a 4 metros de altura.

Nabeiro lança primeira cápsula de café sem plástico


O Grupo Nabeiro partilhou em Lisboa a sua estratégia de sustentabilidade e apresentou vários compromissos nas vertentes económica, social e ambiental, com o objectivo de reforçar o seu papel na construção de um Mundo cada vez mais sustentável e em consonância com a estratégia da organização e com os Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável.
Nesse âmbito foi apresentada a nova cápsula de café Delta Q, 100% orgânica e biodegradável. Esta nova cápsula, desenvolvida pelo Centro de Inovação do Grupo Nabeiro, a Diverge, em conjunto com parceiros externos e Centros de Investigação nacionais, é feita de BioPBS, ou seja, de um material de base biológica e vegetal, constituído por cana-de-açúcar, mandioca e milho.  É uma cápsula com 0% plásticos, 0% micro-plásticos e 0% alumínio.
O primeiro blend da marca com esta cápsula 100% orgânica, Delta Q eQo, será lançado durante o 2º semestre de 2019, terá uma validade de 90 dias por ser biodegradável, e terá tripla certificação de sustentabilidade: Certificação Rainforest Alliance, que trabalha para conservar a biodiversidade e garantir meios de subsistência sustentáveis através da transformação de práticas de uso do solo, práticas comerciais e comportamento do consumidor; Certificação UTZ (UTZ representa uma agricultura sustentável e melhores oportunidades para agricultores, as suas famílias e o Planeta); e Certificação Biológica (O método de produção biológico combina as melhores práticas ambientais que contribuem para um aumento de biodiversidade e a preservação dos recursos naturais).
A embalagem do novo Delta Q eQo é feita em cartão totalmente reciclável, com certificação FSC (que assegura que o produto provém de uma floresta gerida de forma sustentável) e impressa com tintas biológicas.
“O caminho de sustentabilidade é prioritário para o Grupo e para todas as suas marcas. Com estas iniciativas damos continuidade ao trabalho que desenvolvemos na área social e em prol da comunidade. Pretendemos continuar com um papel activo na construção de valor para a sociedade, contribuindo para a adopção de comportamentos mais responsáveis, acrescentando simultaneamente valor aos vários momentos de consumo e de partilha proporcionados pelo café.”, sublinha Rui Miguel Nabeiro, Administrador do Grupo Nabeiro – Delta Cafés.
Imagem de capa de Agência Ecclesia/MC

domingo, 18 de agosto de 2019

Islândia assinala desaparecimento de glaciar


A Islândia vai descerrou este domingo uma placa em memória do primeiro glaciar da ilha a perder essa denominação, para chamar a atenção para o aquecimento global.

A placa foi descerrada no local do antigo Okjokull, ou glaciar Ok, em islandês, no oeste da ilha. A cerimónia contou com a presença da primeira-ministra islandesa, Katrin Jakobsdottir, e a antiga comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos Mary Robinson.

Na placa estará a menção “415 ppm CO2”, em referência ao nível recorde de concentração de dióxido de carbono (CO2) registado na atmosfera em Maio passado.

“Ao assinalar a destituição deste glaciar, queremos destacar o que está a desaparecer, ou a morrer, em todo o mundo, e chamar a atenção de que se trata de algo feito pela humanidade”, afirmou, em comunicado, Cymene Howe, professora de antropologia na Universidade Rice nos Estados Unidos, uma das responsáveis pela iniciativa.

“O debate sobre as alterações climáticas consegue ser muito abstracto, acompanhado por numerosas estatísticas catastróficas e modelos científicos complexos e incompreensíveis”, acrescentou. Assim, “um monumento em memória de um glaciar desaparecido pode servir para se perceber” a situação actual, disse.

Em 1980, o Okjokull cobria 16 quilómetros quadrados de superfície, já em 2012 a extensão coberta era de 0,7 km2, de acordo com um relatório da Universidade da Islândia, publicado em 2017. Em 2014, as autoridades tomaram, pela primeira vez, a decisão de desclassificar o Okjokull.

Noruega suspende doações ao Fundo Amazónia, o que pode ser o seu fim


Noruega suspendeu o apoio financeiro ao Fundo Amazónia, que apoia projectos contra a desflorestação no Brasil, depois de o Governo de Jair Bolsonaro ter bloqueado as operações do fundo. O país escandinavo tem trabalhado de perto com o Brasil na protecção da Amazónia há mais de uma década, e neste período já doou mais de mil milhões ao Fundo Amazónia, do qual é o maior financiador (93,8%).

O Governo de Bolsonaro mudou unilateralmente a estrutura de governação do Fundo Amazónia e acabou com a comissão que selecciona os projectos a apoiar, sem fazer qualquer proposta formal para a composição de um novo órgão colegial de administração. Um comunicado da embaixada da Noruega em Brasília diz que, considerando a dissolução dos conselhos que compõem o fundo, não há “fundamento jurídico e técnico para realizar a contribuição anual”, relata o jornal Folha de São Paulo.

​"Enquanto o conselho e o comité técnico para calcular os resultados do desmatamento estiverem fechados, não há lugar para onde enviar o pagamento”, declarou o ministro do Ambiente norueguês, Ola Elvestuen, em entrevista ao jornal Dagens Naeringsliv. O ministro disse que o Brasil rompeu o acordo que tinha com a Alemanha e a Noruega ao fechar a direcção do fundo.

Criado em 2008, o Fundo Amazónia financia projectos de estados, municípios e da iniciativa privada para o desenvolvimento sustentável da floresta. Noruega e Alemanha contribuem juntas para a quase totalidade do fundo, que é administrado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social brasileiro. Quase 60% dos recursos são destinados a instituições do Governo, entre as quais o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), sobretudo para actividades de fiscalização na Amazónia, diz o site G1. De 2009 a 2018, o fundo recebeu mais de 771 milhões de euros em doações, e 93,8% desse dinheiro veio da Noruega. A Alemanha doou 5,7% e a Petrobras 0,5%, espeficia o site da televisão Globonews.

Foto: Paulo Whitaker - Reuters

COP16: cimeira termina sem acordo sobre formas de financiamento

A conferência das Nações Unidas sobre biodiversidade (COP16) terminou, este sábado, em Cali, na Colômbia, sem que os países participantes ch...