segunda-feira, 29 de novembro de 2021

Jovem cria íman que atrai microplásticos da água


Fionn Ferreira tem apenas 18 anos, mas já está deixando o seu legado no mundo. O jovem irlandês desenvolveu uma nova tecnologia capaz de retirar microplásticos da água por meio de magnetismo.

A ideia surgiu durante um passeio de caiaque no mar. Fioon avistou uma rocha, coberta por óleo descartado incorrectamente, e reparou que haviam incontáveis pedacinhos de plástico colados nela. Ao pesquisar o fenómeno, o jovem descobriu que óleo e plástico atraem-se por serem ambos apolares – termo químico para substâncias que interagem entre si por não terem polos positivos e negativos.

Assim, decidiu recriar o fenómeno, usando óleo vegetal e óxido de ferro magnetizado. O resultado foi um íman que, após milhares de testes, provou ser bastante eficiente – entre 87% e 93% – para atrair partículas de plástico da água e então removê-las de lá.

Devido à sua invenção, Fionn foi premiado na Google Science Fair e ganhou uma bolsa de estudos de 50 mil dólares,  que está utilizando para frequentar Química e aprimorar a tecnologia que inventou. Agora que a técnica já foi validada pela comunidade científica, o jovem dedica-se a encontrar maneiras de aplicá-la em dispositivos – tais como tubos domésticos, canos de Estações de Tratamento e barcos – capazes de filtrar os microplásticos da água que por eles passam.


quarta-feira, 17 de novembro de 2021

Estado multa empresas que fingem ser “amigas” do ambiente


Já há empresas que estão a ser sancionadas por levarem a cabo práticas de greenwashing, isto é, por “fingirem” ser ambientalmente sustentáveis numa espécie de “branqueamento ecológico”. Segundo avança, este sábado, o Jornal de Notícias (acesso pago), estão abertos atualmente nove processos de contraordenação, neste âmbito, na Direção-Geral do Consumidor (DGC).

De acordo com o jornal, o Governo — cabe ao Ministério da Economia tutelar a DGC — reconhece que o número de casos de greenwashing é crescente. Isto num mundo em que a luta contra as alterações climáticas tem conquistado, cada vez mais, um tom de urgência.

O fenómeno em causa, explica o Jornal de Notícias, passa por as empresas e as instituições comunicarem que são ambientalmente sustentáveis ou ecológicas, através de marketing e publicidade, de modo a atrair clientes a ou a criar uma imagem positiva, quando as práticas que têm em curso não confirmam esse retrato.


Poluição do ar associada a 5710 mortes prematuras em Portugal


A poluição do ar, nomeadamente por partículas finas (PM2,5), dióxido de azoto (NO2) e ozono (O3), esteve associada a quase seis mil mortes prematuras em território nacional. Os dados são da Agência Europeia do Ambiente e dizem respeito ao ano de 2019. A Comissão Europeia anunciou uma acção contra Portugal por "níveis elevados de dióxido de azoto".

O relatório da Agência Europeia do Ambiente (EEA, sigla em inglês), divulgado esta segunda-feira, mostra que 307 mil mortes prematuras nos 27 Estados-membros da União Europeia (UE) estiveram relacionadas com a poluição por partículas finas, com diâmetro inferior a 2,5 micrómetros, em 2019. Em Portugal, pelo menos 4900 mortes devem-se às PM2,5, o que corresponde a 523 anos de vida perdidos por 100 mil habitantes.

Mas há mais dois poluentes a contribuir para a poluição do ar e, consequentemente, para as mortes prematuras, como o dióxido de azoto (NO2) e o ozono (O3). No caso do território nacional, a EEA estima que 540 óbitos em Portugal estão associados ao NO2, já 270 estão relacionados com o O3. No total, adicionando as partículas finas, quase seis mil pessoas (5710) morreram prematuramente no país devido aos três poluentes atmosféricos.

Na passada sexta-feira, a Comissão Europeia anunciou uma acção contra Portugal no Tribunal de Justiça da UE devido aos "níveis elevados de dióxido de azoto", cujo valor limite anual, definido pela legislação europeia, tem sido "ultrapassado de forma contínua e persistente", lê-se em nota de imprensa. De acordo com Bruxelas, a situação é visível em três zonas: "Lisboa Norte, Porto Litoral e Entre Douro e Minho" e deve-se principalmente ao "tráfego rodoviário".

O documento da EEA estabelece que, caso Portugal cumprisse a diretriz de qualidade do ar da Organização Mundial da Saúde (OMS) para as partículas finas, de cinco microgramas por metro cúbico, os "benefícios mínimos" seriam menos 1900 mortes prematuras associadas às PM2,5, ou seja, menos 39% destes óbitos no país.

A nível da UE, cumprindo os valores de referência estabelecidos pela OMS, haveria menos 58% de mortes prematuras por poluição do ar, ou seja, menos 178 mil óbitos nos 27 Estados-membros. No entanto, a Agência Europeia do Ambiente destaca que "estão em curso trabalhos no contexto da revisão das directivas da UE em matéria de qualidade do ar", para determinar se cinco microgramas por metro cúbico sobre as partículas finas, é "viável" para todos os países.

Apesar dos números estarem a cair nos três poluentes atmosféricos visados pela EEA - por exemplo, as mortes prematuras por partículas finas desceram 11% face a 2018 -, a "poluição do ar é uma das principais causas de morte e doenças prematuras", precisa a agência. As doenças cardíacas, os acidentes vasculares cerebrais, as doenças pulmonares e o cancro do pulmão são as patologias apontadas para os óbitos prematuros, associados à poluição do ar.

O Plano de Acção de Poluição Zero, adoptado em maio deste ano pela Comissão Europeia, prevê a redução em 55% das mortes prematuras associadas "à exposição a partículas finas" até 2030, em comparação com os dados de 2005 (456 mil óbitos). Na prática, isso significaria, de acordo com estimativas da EEA, 250 800 mortes prematuras na UE daqui a nove anos.





Natural ou artificial: que árvore de Natal é mais amiga do ambiente?


Numa altura em que “plástico” se transformou quase numa palavra proibida, a tendência será para assumir que as árvores de Natal feitas a partir deste material são menos sustentáveis. Mas será sempre assim? Para decidir qual é a opção mais amiga do ambiente, é preciso considerar todas as etapas: de onde vem a árvore e o que lhe acontece a seguir?

Segundo a Euronews, as árvores artificiais têm uma pegada de carbono mais reduzida, uma vez que poderá ser reutilizada ano após ano, ao contrário do que acontece com os pinheiros naturais. Mas é necessário, de facto, reutilizar para garantir que esta é uma opção mais ecológica: o The Carbon Trust indica que uma árvore de plástico tem de durar pelo menos 10 anos para que o impacto em termos de CO2 seja menor do que o de uma árvore verdadeira.

«Se já tem uma árvore falsa, continue a usá-la – faça com que dura o máximo de tempo possível», afirma Emi Murphy, da Friends of the Earth. Por outro lado, quando chegar a altura de substituir o objecto que se tem em casa, poderá ser boa ideia considerar outras alternativas.

A Friends of the Earth sugere procurar árvores em segunda mão, por exemplo, através de lojas de solidariedade ou plataformas de venda online. Quem preferir um pinheiro real, poderá também seguir esse caminho, mas o melhor será confirmar que se trata de uma árvore com a certificação FSC, que garante que provém de uma floresta gerida de acordo com padrões de sustentabilidade.

Assim que terminar a quadra festiva, é preciso pensar também no que acontece à árvore. A de plástico pode ser simplesmente guardada na arrecadação, mas um pinheiro verdadeiro terá de ser reciclado – como acontece com a iniciativa portuguesa Pinheiro Bombeiro. Se for parar a um aterro, uma árvore pode produzir cerca de 16 quilos de CO2 no processo de decomposição. A melhor opção será queimar, caso não haja possibilidade de entregar a uma empresa ou organização especializada.



Carlos, o príncipe que há mais de 50 anos que luta pelo ambiente


Protecção ambiental, biodiversidade, sustentabilidade e alterações climáticas são assuntos que marcam a actualidade, mas há mais de 50 anos que o herdeiro ao trono tem feito inúmeros esforços para promover a consciencialização sobre estes temas antes de fazerem parte da agenda mediática.

Aos 73 anos o Príncipe de Gales pode ser apontado como um dos membros da realeza que tem, de forma ativa e ao longo de grande parte da sua vida, lutado pelo meio ambiente. Esta é uma paixão que vem de família uma vez cresceu a ver o pai, o duque de Edimburgo, defender diversas causas em que acreditava, como era o caso da preservação ambiental e a vida selvagem.

O jovem príncipe partiu do exemplo de Philip para traçar o seu próprio caminho e tornar-se numa figura central no combate às alterações climáticas e proteção do planeta. Mas o interesse por green issues não começou agora. Desde cedo que o jovem príncipe mostrou ter uma grande sensibilidade para as questões ambientais, como explicou, em 2018, num vídeo publicado no canal de Youtube da Família Real.

"Lembro-me de há muitos anos, na década de 1960, quando ainda era um adolescente, importar-me muito com tudo o que se estava a passar, a destruição de tudo. O arrancar das árvores e arbustos, a drenagem de terrenos cobertos por água. A destruição de habitats. A destruição do centro das nossas vilas e cidades e este progresso e tecnologia extremos que levam à exclusão da natureza e daquilo que nos rodeia, e também esta determinação em derrotar a natureza e suprimir tudo o que tem a ver com ela."

A 19 de fevereiro de 1970 fez o seu primeiro discurso sobre a questão ambiental, onde a poluição e as suas consequências para o meio ambiente foi um dos temas centrais por si abordados.

"Devem existir poucas pessoas que nunca ouviram falar em ‘conservação’ ou ‘poluição’ ou ‘ambiente’ ou em termos horríveis como ‘ecologia’ e ‘bioesfera’. Mas será que sabem o que significam? O Dr. Frank Fraser Darling disse recentemente que tinha medo que ‘as pessoas se cansassem da palavra ecologia antes de saberem o seu significado’. Eu acho que existe um perigo real de isto acontecer – de ser algo temporário que atinge um excesso de atenção e que depois perde dimensão rapidamente", disse na época da sua intervenção no Countryside Steering Committee, no País de Gales.

Em 2018 refletiu sobre este discurso numa entrevista à Vanity Fair, dizendo por se ter sentido incompreendido por muitas pessoas levou-o a trabalhar ainda mais arduamente nesta causa. "Um dos meus deveres tem sido encontrar soluções para os desafios que enfrentamos em relação à aceleração da crise climática... Contudo, demora-se muito tempo a alertar as pessoas para a magnitude deste desafio. Há mais de 40 anos lembro-me de fazer um discurso sobre os problemas do plástico e outros desperdícios, mas naquela altura ninguém estava interessado e fui considerado antiquado, desatualizado e ‘anti-ciência’ por alertar para essas questões."

Após adquirir a propriedade Highgrove House, esta foi a oportunidade perfeita para o Príncipe de Gales pôr em prática a sua visão. Consciente dos benefícios da comida orgânica e das práticas agrícolas biológicas para a sáude e para o ambiente, converteu a Duchy Home Farm, em Highgrove, numa quinta orgânica. É de salientar que, em 1986, este espaço foi repensado pelo filho de Isabel II de forma a privilegiar um sistema agrícola biológico alicerçado em práticas mais amigas do ambiente.

Tal como referiu numa mensagem dirigida ao The Organic Center, o seu desejo é que este espaço "possa ser um exemplo para os outros do que pode ser feito. É a prova viva de que é perfeitamente possível produzir comida, com excelente rentabilidade e sem o uso de pesticidas, fertilizantes artificiais, antibióticos promotores de crescimento ou organismos geneticamente modificados". O Príncipe de Gales vê, neste tipo de agricultura, "a solução para a segurança alimentar e escassez, para a crise climática e acredito que o futuro dos nossos netos está no agricultor sustentável que trabalha em harmonia com a natureza, que capta algo de bom através do solo saudável, das colheitas e dos animais saudáveis e que, ao fazê-lo, fornece comida saudável", disse em março de 2009.

O passo seguinte foi a criação da Duchy Originals, uma marca pioneira de produtos orgânicos lançada em 1991 e que, passados 20 anos, é considerada uma referência no Reino Unido. É de salientar que todos os produtos são produzidos a partir de ingredientes naturais oriundos da Duchy Home Farm. Em 2009 a marca foi adquirida pela cadeia de supermercados Waitrose e rebatizada como Waitrose Duchy Organics, sendo que todos os lucros revertem para The Prince Charitable Fund (PWCF).

Para além disto, a propriedade tem a preocupação de usar fontes renováveis de energia, como é o caso de um sistema de aquecimento a biomassa, painéis solares fotovoltaicos para a conversão de luz solar em energia elétrica e painéis solares térmicos para o aquecimento de água, refere o site oficial de Highgrove.

É de destacar que estes princípios sustentáveis se estendem aos jardins da residência real. Para além do aproveitamento da água das chuvas para processos de irrigação e da utilização de diversos métodos de compostagem, foi ainda implementado um mecanismo para tratamento e reaproveitamento de água.

Outra das preocupações da família real prende-se com as emissões de CO2, sendo utilizados nas suas deslocações diárias veículos mais amigos do ambiente, como os carros elétricos. No caso de viagens internacionais isto torna-se mais difícil de controlar uma vez que são utilizados aviões privados neste tipo de deslocações de longo curso. Contudo, a Casa Real refere que "o impacto ambiental está a ser tido em consideração quando é planeada a sua agenda de compromissos" de forma a tentar reduzir emissões.

Em maio deste ano deu uma entrevista à revista Country Life onde revelou que a Sandringham House, em Norfolk, está a seguir os passos de Highgrove e a ser convertida numa propriedade 100% orgânica. "Existe um constante fluxo de ideias, que discuto com a conhecedora - e muito sofrida - equipa que faz a gestão da propriedade", disse sobre este projeto que está em curso desde 2018.

Em 2020 o príncipe Carlos lançou o Sustainable Markets Initiative (SMI): um projeto que "apela às comunidades, negócios, investidores e consumidores para adotar medidas urgentes e concretas, necessárias para se transitar para práticas mais sustentáveis" e que tem por base um plano de ação que pretende auxiliar nesta mudança de trajetória, refere o site oficial da Família Real.

"Eu acho que às vezes nos esquecemos que fazemos parte da natureza. Portanto o que fazemos ao mundo que nos rodeia estamos a fazer a nós mesmos. […] Acredito vivamente que temos de desenvolver uma abordagem que coloque a natureza no centro de todo este processo. De qualquer benefício que tenhamos, também temos de fazer algo em benefício da natureza, ao devolver-lhe algo para que os meus e os teus netos possam ter um futuro razoável. […] Não podemos continuar assim com as calotas a derreterem completamente. Para mim isto é, e sempre foi, assustador", afirmou o filho de Isabel II num vídeo sobre este projeto foi que lançado com o apoio do World Economic Forum e onde conheceu pela primeira vez a jovem ativista Greta Thunberg.

Do SMI destacam-se diversas iniciativas que pretendem combater as alterações climáticas e encontrar soluções sustentáveis, onde se incluem inúmeras reuniões com líderes da cimeira do G7 e o lançamento da Terra Carta, "que serve como um roteiro para a recuperação da natureza, das pessoas e da natureza", pode ler-se no site oficial do projeto.

É através da sua fundação, The Prince of Wales's Charitable Fund (PWCF), fundada em 1979, que o Príncipe de Gales também coloca em prática a sua missão de construir comunidades sustentáveis, dando apoio a causas e projetos de áreas distintas. Deste organismo faz parte o The Prince’s Countryside Fund (PCF) que se destina a "melhorar a sustentabilidade da Agricultura Britânica e das comunidades rurais que apoia", refere o site deste projeto que foi lançado em 2010.

Ao longo dos anos Sua Alteza Real também tem marcado presença em diversas conferencia e cimeiras que se têm realizado pelo mundo fora. Em novembro de 2021 participou na COP26, a conferência do clima das Nações Unidas, que se realizou em Glasgow. "Só vos posso fazer um apelo, enquanto agentes decisores a nível mundial, para encontrar formas úteis de ultrapassar estas diferenças de moda a podermos trabalhar, em conjunto, para resgatar este precioso planeta e salvar o futuro ameaçado dos nossos jovens", disse.

No mesmo mês chegou às livrarias It’s Up to Us: um livro para crianças que pretende alertar os mais novos para as questões climáticas e que contou com um prefácio da sua autoria. Parte das receitas desta obra infantil revertem a favor da The Prince's Foundation, outra das fundações do herdeiro ao trono.










Como identificar um falso ambientalista


As alterações climáticas são um problema com características muito específicas. Sendo um problema que potencialmente afetará toda a humanidade, apenas é uma preocupação presente entre a população dos países desenvolvidos e as elites mais ocidentalizadas do resto do Mundo.

Para quatro quintos da população mundial, as preocupações de curto prazo com a vida, ou mesmo a sobrevivência, sobrepõem-se a qualquer preocupação de longo prazo com o planeta. Dificilmente, estas pessoas abdicarão de forma livre e consciente do crescimento em prol do ambiente. Mesmo nos países desenvolvidos, onde a consciencialização ambiental é maior, a disponibilidade para abdicar de qualidade de vida em prol do ambiente é limitada.

Neste cenário, a única forma de conseguir um consenso global para mitigar o problema é criar condições para que o crescimento possa continuar sem que daí resulte uma catástrofe ambiental. Isso só se consegue com mais inovação e tecnologia, cujo desenvolvimento à escala necessária só está ao alcance de economias capitalistas expostas aos incentivos certos. Qualquer alternativa que implique destruir os únicos sistemas económicos capazes de gerar as inovações necessárias não só não resolverá os problemas ambientais como os agravará.

Os falsos ambientalistas são assim fáceis de identificar. São aqueles que propõem objetivos radicais de decrescimento, politicamente impossíveis de atingir sem a imposição de uma ditadura global. Estes são os sinalizadores de virtude inconsequentes que não veem no seu "ambientalismo" uma forma de resolver os problemas ambientais, mas sim uma forma de obter a admiração dos outros, resolvendo os seus próprios problemas eleitorais, românticos ou de autoestima. Mas os piores falsos ambientalistas são aqueles que tentam forçar uma confusão entre ambientalismo, anticapitalismo e "luta de classes". Ao contrário dos primeiros, estes nem sequer se preocupam verdadeiramente com o ambiente: apenas veem no ambientalismo um instrumento para reciclar ideologias que, para além da morte e miséria que causaram, também foram responsáveis por algumas das maiores tragédias ambientais da história.

Carlos Guimarães Pinto é Economista e diretor-executivo do Instituto +Liberdade

Artigo original do Jornal de Notícias




terça-feira, 16 de novembro de 2021

A defesa do Ambiente pertence a todos.


Nos últimos anos, tem sem dúvida existido uma maior tendência para a preocupação ambiental, não que isso signifique uma mudança significativa no impacto da acção humana no ambiente. Acredito que com o actual nível de informação sobre esta matéria, e a propagação da mesma nos meios de comunicação social, fez com que uma grande maioria ( Sem ser esmagadora), começasse a despertar para um assunto tão sensível e por vezes tão polémico.

Se é importante termos um conjunto de políticas ambientais no nosso país? Obviamente que sim, mas sem entrarmos numa visão apocalíptica de um futuro negro. Sem desrespeito para com os ambientalistas mais acérrimos, não acredito que o fundamentalismo leve a algum lado de bom. Em alguns casos, até faz mais mal do que propriamente bem. Como tudo na vida, temos de ter moderação com uma pitada de racionalismo.

Não sou nenhum especialista na matéria, sou um interessado de longa data, e em matéria ambiental posso dizer que há alguns pontos que me desagradam profundamente. O primeiro é a utilização do tema, para fins políticos, nomeadamente no desenhar de políticas de subsidiação para novas tecnologias, algumas delas sem provas reais de eficácia e outras que ainda pairam dentro do campo teórico. Segundo, é a utilização do ambiente na imposição de medidas abruptas, sem ter noção do real impacto nas respectivas comunidades onde estão inseridas. E a terceira, que tem sido recorrente, é a utilização de taxas e impostos ambientais para sufocar os contribuintes, quando muitos deles não possuem uma solução prática para as suas dificuldades no dia-a-dia. Se a nível nacional é o que todos sabem, as respostas europeias não vão ao encontro das expectativas da maioria dos europeus, por isso as congratulações de acordos históricos sobre o ambiente são manifestamente exageradas e inócuas.

Vou passar a casos concretos. Em Sines, na minha terra natal, encerrou-se a Central Termoeléctrica de forma radical, com prazos curtos e sem ter em contra o futuro de todos os trabalhadores e empresas associadas à central. Fez-se em nome do ambiente, mas, entretanto, vamos importando volumes significativos de electricidade de Marrocos, energia proveniente de duas centrais termoeléctricas a carvão. Enquanto a isso, a Polónia teve aprovação para manter as suas centrais a carvão por mais umas dezenas de anos, e a poderosa Alemanha inaugurou este ano uma nova central de carvão. Sem mencionar países como a China ou a Rússia, que recentemente nem estiveram formalmente presentes na COP 26 em Glasgow, e que possuem muitas centrais do género. Com isto não estou a defender o carvão, mas sou contra uma transição forçada, mal planeada e pensada, que irá fazer com que o nosso país enfrente mais dificuldades, devido aos custos e a avaliações de risco potencial sobre a dependência de terceiros, que irá ser cada vez maior. Ao contrário do que nos tentaram vender, o hidrogénio está longe de ser uma solução actual, firme e segura, e a energia solar e éolica, não servem de completo, porque ainda estão longe de servir de fonte principal, sendo que a energia solar, nem consegue ser consensual ao ponto de terem existido várias disputas sobre a colocação de painéis em zonas favoráveis para a agricultura.

Podemos falar de outras matérias, como o exemplo da ferrovia, que sofreu de enormes desinvestimentos ao longo de variados governos, que abandonaram e deixaram degradar, fazendo com que, por um lado, o investimento novo neste segmento de transporte seja astronómico, e por outro lado, a nível económico, o isolamento em relação ao resto da linha europeia, estrangula a circulação tanto de pessoas, como mercadorias e bens. Fora dos grandes centros urbanos, é difícil deixar de utilizar o carro ou começar a utilizar a bicicleta, porque não existe uma rede de transportes públicos ao dispor da maioria da população.

E a utilização da água? Será no encarecer da mesma, na penalização de taxas e taxinhas que resolve a situação, ou será no planeamento que se prepara o futuro? Poupança e utilização racional pode ser uma acção individual, mas no cenário de fundo, deveria ser um imperativo nacional.

Onde fica o ambiente no meio disto tudo? Temos de ter a visão para uma transição compatível com o país que temos e não através de agendas fundamentalistas que não querem deixar ninguém para trás, mas que pode deixar muitos dos que não conseguem superar as suas dificuldades para ir ao encontro de uma visão mais extremista.

Há várias apostas que já deveriam ter sido feitas, para já ter o impacto necessário no momento actual. Uma delas é a Educação Ambiental. Esta componente que já vem sendo uma aposta em várias escolas, já se deveria ter iniciado há várias décadas para aumentar a consciência ambiental de cada um.

A aposta numa expansão do desenvolvimento de novas tecnologias em prol do ambiente ( E em Portugal, já existem empresas e start-ups do género), é um caminho para fomentar meios para iniciarmos a melhoria desta área. Um bom exemplo fora de Portugal é o projecto “The Ocean Cleanup” do jovem holandês Boyan Slat, que já começou a segunda fase e já anda não só a limpar o oceano de detritos e plásticos, bem como nos rios mais problemáticos do mundo. Podiam existir mais máquinas de reciclagem de garrafas de plástico, como existem nas unidades do grupo Sonae, novas construções habitacionais que utilizassem materiais reciclados da respectiva indústria, voltar à utilização do vidro, de preferencia reutilizado ao invés do plástico. Mas mesmo no plástico, já começam a existir opções biodegradaveis. São exemplos práticos, mas que poderiam crescer mais do que crescem. Porque os benefícios para o ambiente, também podem ser benefícios positivos paras as economias mais frágeis.

Mas os comportamentos e as mudanças de mentalidade, também deveriam ter um papel fundamental na mudança tão necessária deste paradigma. Pequenas coisas, como efectuar a reciclagem, o já mencionado racionamento positivo da água e da energia, e a redução do consumismo, nomeadamente na constante troca de equipamento electrónicos, que como sabemos, após o seu final de vida, deixam resíduos pesados.

Se dependermos da vontade ou recomendações dos governos, e não tomarmos iniciativa por nós, não haverá esta revolução pacífica e necessária para a melhoria ambiental. Temos de tomar mesmo essa iniciativa pelas nossas mãos.

A nível governamental a aposta tem de ser não na penalização fiscal dos seus cidadãos, ou nas medidas ineficazes e vazias de objectivo, e muitas de mera propaganda política, mas sim em medidas que tenham uma dinâmica positiva. E a Europa, esse belo conceito de união, nem sempre visível, e sempre problemática na relação com os seus vários membros, deveria dar um real exemplo de acção directa e firme, ao invés da inacção e falta de criatividade.





 

sexta-feira, 12 de novembro de 2021

Lixo por livros: Bibliotecária indonésia cria programa ambiental e de literacia.


Uma bibliotecária na ilha de Java, na Indonésia, teve uma ideia e juntou o útil ao agradável, que não só ajuda o meio ambiente, como incute entre os mais novos hábitos de leitura. Como? Sempre que eles recolhem lixo, ela empresta-lhes livros.

Todos os dias, durante a semana, Raden Roro Hendarti vai no seu triciclo, com a bagageira cheia de livros, para entregar às crianças na vila de Muntang, em troca de copos de plástico, sacos ou outro tipo de lixo. 

O seu objectivo é promover junto dos mais pequenos a paixão pela leitura, ao mesmo tempo que os alerta para a crise climática. Assim que Raden Roro Hendarti aparece, as crianças, muitas acompanhadas pelas mães, aproximam-se da “livraria do lixo” e gritam pelos livros. 

Todos levam consigo sacos de plástico repletos de resíduos, de forma que a caixa da motorizada de Raden rapidamente se enche de descartáveis e se esvazia de livros. Para a bibliotecária é uma grande satisfação saber que, graças a esta ideia, os miúdos vão passar menos tempo a jogar online. 

“Temos de construir uma cultura de literacia desde tenra idade se quisermos mitigar os perigos que o mundo online tem”, diz Raden. “E devíamos ter mais cuidado com aquilo que desperdiçamos de forma a combater as alterações climáticas e salvar o planeta de toda produção de lixo”, acrescenta. 

A cada semana, a mulher consegue recolher até 100 quilos de resíduos, que depois são divididos e reciclados devidamente por ela e pelos seus colegas, vendendo ainda aquilo que se consegue aproveitar. Por outro lado, tem um stock de 6000 livros para emprestar e já pensa em levar o seu triciclo a outros bairros. 

Kevin Alamsyah, 11 anos, é um dos leitores que apanha lixo na sua vila. “Se houver demasiado lixo, o nosso ambiente torna-se sujo e isso não é saudável. É por essa razão que também ajudo na recolha para conseguir receber um livro”, conta. 

Jiah Palupi, responsável pela principal biblioteca pública da área, refere que o trabalho de Raden tem contribuído para o aumento dos hábitos de leitura e reduzir o tempo passado em videojogos, que é sobretudo predominante entre as camadas mais novas. 

Apesar de, na Indonésia, a taxa de literacia acima dos 15 anos rondar os 95%, um estudo do Banco Mundial, de Setembro, alertou que a pandemia contribuirá para que mais de 80% dos jovens da mesma idade fiquem abaixo do nível mínimo de proficiência em leitura, tal como é identificada pela OCDE. 



Novos “hotéis para insectos” ajudam à conservação da biodiversidade em Lisboa


Os três abrigos instalados na freguesia do Areeiro são os novos habitats de abelhas, besouros, joaninhas e borboletas – polinizar é a palavra de ordem.

Sem check-in especial para abelhas ou acolhimento VIP para besouros, desengane-se quem acha que os abrigos para insectos têm um “tratador” de polinizadores. O projecto-piloto da Junta de Freguesia do Areeiro, em Lisboa, através do seu pelouro do Ambiente e Bem-Estar Animal, iniciado em setembro, é simples e sem mordomias. Três ninhos para insectos foram instalados em três praças da freguesia com o objectivo de aumentar a diversidade destes seres vivos essenciais na conservação da biodiversidade.

Em Portugal existem mais de mil espécies de insectos polinizadores, entre abelhas solitárias, abelhões, vespas, besouros, moscas, borboletas, escaravelhos, formigas ou joaninhas e, cada vez mais, a urbanização das cidades, a poluição, a utilização de pesticidas e as alterações climáticas (com as subidas de temperatura e desestabilização das épocas de floração) estão a exterminar os insectos polinizadores das cidades.

“A cidade é ingrata para estes animais que por aqui pouco circulam”, diz Emanuel Aveiro, zelador dos abrigos. Habitualmente, os seus refúgios são fora das urbes, nas cascas das árvores, nas pedras, em troncos ou em palhas, por exemplo, abrigando-se de inimigos naturais e das condições climatéricas. O que estes “hotéis” fazem é recriar esses lugares.

Na zona do Areeiro escolheram-se lugares protegidos, recatados, ricos em vegetação, mas sem muitas pessoas a passar, até para os insectos circularem sem incomodarem os humanos. As caixas de madeira, instaladas nos topos das árvores (para evitar serem vandalizadas), são frágeis, feitas de uma madeira leve, tratada e pintada com produto impermeabilizante, para também não serem uma tentação para o bicho da madeira.

As caixas maiores, como nas traseiras da Igreja de S. João de Deus, serve melhor borboletas e besouros, enquanto as caixas mais pequenas, nas praças Afrânio Peixoto e João do Rio, são naturalmente escolhidas pelas abelhas. “É uma forma de combater pragas como o pulgão ou piolhos-das-plantas que se alimentam da seiva de plantas”, explica o vigilante.

Tal como acontece com as aves migratórias, que fazem as suas próprias rotas e retornam aos seus lugares, Emanuel Aveiro também espera que os insectos polinizadores regressem à cidade. Só com o fluxo regular, o zelador vai perceber se é preciso aumentar o tamanho da caixa e a quantidade. “Os animais precisam descobri-los”.

Por isso, da próxima vez que vir um besouro, não o ignore e muito menos o pise. Deixe-o ir à descoberta do novo abrigo. A sua reprodução e hibernação são fundamentais para evitar pragas e restabelecer o equilíbrio da cadeia alimentar.

Crédito da Foto: Luís Barra






quarta-feira, 10 de novembro de 2021

Deserto transforma-se em depósito de toneladas de roupas... nunca usadas


deserto do Atacama, no Chile, tornou-se no abrigo de milhares de peças de roupa que são descartadas pelos EUA, Europa e Ásia.

Numa altura em que muito se fala sobre reciclar,  as imagens que nos chegam do local são a prova do impacto que o consumo excessivo e fugaz de roupas pode ter.

Segundo explica a AFP, as peças de roupa são feitas na China e no sudeste asiático, e mais tarde compradas pelo porto de Iquique, nesta região do Chile.

O objetivo é vendê-las, mas nem sempre há compradores para escoar a totalidade dos produtos. Em consequência, estes são depositadas no deserto, onde atualmente se encontram cerca de 39 mil toneladas de peças abandonadas.

A imagem que se vê devem servir de alerta para a necessidade de uma economia circular, em que a venda de produtos que já não se utilizam - como a roupa - são uma boa forma de promover a sustentabilidade do planeta.



segunda-feira, 8 de novembro de 2021

Redes Cidades Circulares encontram-se pela 1ª vez em Conferência.


A 1.ª Conferência Nacional Redes Cidades Circulares vai realizar-se em Vila Nova de Gaia, no Auditório Manuel Menezes de Figueiredo, no próximo dia 15 de Novembro. Na edição de estreia, haverá lugar a um debate sobre o papel dos municípios na transição para a economia circular.

O encontro a nível nacional é organizado no âmbito da iniciativa Redes Cidades Circulares (InC2), que é promovida pela Direcção-Geral do Território e conta com um pacote financeiro plurianual para três anos de 1,5 milhões de euros, suportado pelo Fundo Ambiental. Numa actuação que visa o desenvolvimento urbano sustentável e a implementação da economia circular em Portugal, a InC2 abrange a Rede para a Construção Circular e Sustentável  (R2CS), a CircularNet – Plataforma para a circularidade: Comunidade, Empresas e Ambiente Natural (CircularNet),  a Rede Ligações Circulares entre Áreas Urbanas e Rurais  (RURBAN Link) e a Circularidade da Água – por todos e para todos (CApt2).

A conferência irá dispor de uma sessão da apresentação da InC2, de sessões relacionadas com as Redes Cidades Circulares (RC2), nas quais serão apresentadas as RC2, o processo de constituição, o método e as ferramentas, bem como as perspectivas e expectativas. O programa inclui ainda um debate sobre o papel dos municípios na transição para a economia circular, moderado pela jornalista Sónia Santos, da TSF.

A conferência irá contar com a presença dos líderes destas quatro RC2, de representantes de vários municípios parceiros, de peritos da InC2, do ministro da pasta do Ambiente e da Transição Energética, João Pedro Matos Fernandes, da directora-geral do Território, Fernanda do Carmo, da secretária de Estado do Ambiente, Inês dos Santos Costa, e do secretário de Estado da Mobilidade, Eduardo Pinheiro.

Recorde-se que as quatro RC2 que integram a InC2 foram seleccionadas e constituídas no Verão de 2021, após um concurso publicado em Diário da República n.º 25/2021, Série II. Cada uma consiste em parcerias entre municípios e instituições cuja orientação é planear localmente a transição de uma economia linear para uma economia circular, tendo por base um dos quatro temas-chave – urbanismo e construção, economia urbana para a circularidade, relações urbano-rurais e ciclo urbano da água – e quatro eixos transversais – transição digital, adaptação climática, contratação pública, inclusão e coesão social.



sábado, 6 de novembro de 2021

Cidadãos dispostos a proteger ambiente, governos não, dizem ambientalistas


Os cidadãos estão dispostos a alterar comportamentos para proteger o planeta, consideram algumas das principais organizações portuguesas ligadas ao ambiente, que lamentam não ver a mesma tendência nos governos.

A propósito da cimeira das Nações Unidas sobre o clima, que decorre em Glasgow, na Escócia, entre 31 de outubro e 12 de novembro, a Lusa questionou organizações ambientalistas sobre o papel dos cidadãos na luta e adaptação às alterações climáticas. A cimeira, a COP26 (Conferência das Partes, da Convenção Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas), junta mais de uma centena de chefes de Estado e de governo e dela devem sair decisões sobre medidas de redução de emissões de gases com efeito de estufa e de mitigação dos impactos das alterações climáticas.

Catarina Grilo, directora de conservação e políticas da Associação Natureza Portugal (ANP/WWF), que trabalha em associação com a internacional "World Wide Fund for Nature" (WWF), afirma que "principalmente as gerações mais jovens estão dispostas a agir agora e estão desgastadas com promessas dos governos".

A responsável da ANP/WWF fala do surgimento de movimentos climáticos juvenis, fala de inquéritos que revelam esse empenho das populações e diz que o tempo de agir é hoje, "sem mais desculpas".

"Se os principais actores não compreenderem estes sinais e não forem ao encontro do que os cidadãos pretendem, poderemos assistir a curto prazo a alterações profundas nos nossos sistemas sociais", porque os jovens estão cada vez mais empenhados, mas são também cada vez mais os "sinais de desilusão" com os políticos, diz Catarina Grilo, acrescentando que "é urgente que os políticos recuperem a confiança da sociedade como um todo e tomem decisões com base na natureza".

Apontando também o dedo aos governos, o movimento ambientalista Climáximo lembra que são presas pessoas que se envolvem nas lutas pelo clima. Como aconteceu em maio, quando 26 jovens do movimento foram detidos num protesto contra a construção de um novo aeroporto na região de Lisboa.

"Como as lutas nas linhas de frente, as lutas contra privatizações nos sectores-chave e as mobilizações climáticas mostram, os cidadãos comuns estão muito mais dispostos a alterar o quotidiano do que os governos e as empresas", assegura o movimento à Lusa, pela voz de Inês Teles, que lembra as centenas de pessoas que se juntaram recentemente em Lisboa para defender uma ciclovia e também uma quinzena de protesto com 500 detenções, nos Estados Unidos, contra novos projectos de gás natural e petróleo. Todos "cidadãos comuns", que correm riscos.

Ana Marta Paz, dirigente da Liga para a Protecção da Natureza (LPN), cita a jovem activista sueca Greta Thunberg para dizer que o papel dos cidadãos é fundamental para exigir mudanças aos governos, para que haja uma acção real de combate às alterações climáticas.

"Não podemos perpetuar todo um sistema que promove padrões insustentáveis de produção e onde os cidadãos acabam por ter a sua capacidade de escolha muito limitada", diz Ana Marta Paz à Lusa.

E da Zero, outra das organizações ambientalistas ouvida pela Lusa, vem uma resposta idêntica, de que os cidadãos, em particular os jovens, estão dispostos a alterar comportamentos, mas também a ideia de que essa alteração de comportamentos "não tem necessariamente de representar um sacrifício".

"A chave está, pelo contrário, em tornar num ganho a mudança de hábito. Por exemplo, se os transportes públicos forem frequentes, cómodos e baratos, as pessoas só ganham se passarem a deixar o carro em casa, e aí a mudança acontecerá naturalmente", diz Francisco Ferreira, presidente da Zero.

Essa mudança pode acontecer naturalmente naquilo que se come ou no uso de embalagens reutilizáveis, exemplifica ainda o responsável, acrescentando que "são precisas políticas públicas adequadas e criativas para transformar a transição energética num conjunto de vantagens para o cidadão".

Francisco Ferreira diz que há ainda um "grande caminho a percorrer", mas acredita que essa transição se pode fazer de "forma natural".





Desinformação sobre o ambiente está a aumentar “substancialmente” no Facebook, diz estudo


De acordo com um estudo divulgado na passada quinta-feira pelo ‘Real Facebook Oversight Board’, um grupo de análise independente, e pela organização ambiental sem fins lucrativos ‘Stop Funding Heat‘, a escala de desinformação climática no Facebook é “impressionante” e está a aumentar “substancialmente”.

Após analisarem um total de 195 páginas e grupos da rede social, os investigadores encontraram 818 mil publicações com informações falsas sobre as alterações climáticas, que totalizam 1,36 milhões de visualizações por dia.

O lançamento do estudo coincidiu com a cimeira Cop 26, que decorre este ano em Glasgow, e serve para alertar os governos a considerarem seriamente o papel da desinformação sobre as alterações climática nas redes sociais que, segundo os investigadores, podem “enfraquecer a batalha” para reduzir as emissões de gases de efeito estufa.

“É aqui que as ambições da Cop 26 e as revelações dos Facebook Papers chocam, com os nossos dados a revelarem que o Facebook está entre os maiores fornecedores mundiais de desinformação sobre o clima”, disseram os investigadores, citados pelo “The Guardian”.

O estudo analisou 195 páginas conhecidas por distribuir informações incorretas sobre a crise climática recorrendo à ferramenta de análise do Facebook, CrowdTangle. Destes, 41 foram considerados grupos de “tema único”. Com nomes como “Mudança Climática é Natural”, “Mudança Climática é uma porcaria” e “Realismo Climático”, esses grupos partilhavam principalmente memes que negavam a existência das alterações climáticas e ridicularizavam os políticos que tentavam abordá-la através de legislação.

Essa disseminação “galopante” de desinformação climática está a ficar substancialmente pior, disse Sean Buchan, investigador e gestor de parcerias da Stop Funding Heat, com o relatório a revelar que as interações por publicação no seu conjunto aumentaram 76,7% em 2020. “Se continuar a aumentar nessa taxa, pode causar danos significativos no mundo real”, acrescentou.

Pelas próprias contas do Facebook, o ‘Climate Change Science Center’ recebe cerca de 100 mil visitas diárias em todo o mundo – uma fração do número de utilizadores que visualizam desinformação sobre alterações climáticas, de acordo com o estudo. O Facebook tem 2,9 mil milhões de utilizadores activos mensais.

Portugal produz resíduos de plástico acima da média europeia






Portugal produz resíduos de plástico acima da média europeia, com uma fracção a ir parar ainda a aterro, mas país tem potencial para várias alternativas sustentáveis, refere investigadora da Universidade de Aveiro.

“As embalagens de plástico em Portugal representam 8% dos resíduos. Cada habitante está a produzir cerca de 40,3 quilos por ano, acima da média da União Europeia. Precisamos de medidas para reduzir o consumo de plástico, porque, se os outros países conseguem, nós também vamos conseguir”, declara Joana Correia Prata, investigadora da Universidade de Aveiro, à agência Lusa.

O país continua a mandar directamente “33% dos resíduos para aterro”, que é ainda “a forma dominante de tratamento dos resíduos em Portugal”, já que há também algum refugo de outras formas de tratamento de resíduos, como a reciclagem, que acabam por ir para aterro.

“Se considerarmos esse refugo, chegamos a 58% que estamos a enviar para aterro. Ainda é uma parte considerável”, considera. Isso acontece, no caso dos plásticos, com “material muito degradado”, que não pode ser reaproveitado, ou com “materiais que misturam vários tipos de plástico”.

“Aí, também pode não ser economicamente possível. Até pode ser reciclado, mas pode haver tão pouco daquele plástico que não é viável”. Joana Prata admite que “é preciso muita regulação em termos de plástico, de aditivos”, reconhecendo que “a União Europeia está a fazer um esforço”, mas que “é muito difícil”.

“Há muitos plásticos diferentes, apesar das categorias de polímeros grandes, cada tipo de plástico tem uma mistura de aditivos que ninguém sabe muito bem o que é, é um segredo industrial de cada empresa. É muito difícil chegar a conclusões, porque o mercado é muito grande e há muita coisa. Mas sim, o ideal era conseguirmos regular e que fosse tudo reciclável”, concretiza.

No estudo “The road to sustainable use and waste management of plastics in Portugal”, (“O caminho para um uso e gestão sustentáveis dos plásticos em Portugal”, em tradução livre) publicado recentemente no jornal Frontiers of Environmental Science & Engineering, a equipa da Universidade de Aveiro fez uma revisão de literatura em que agrega “muita informação que estava dispersa e era facilmente acessível”.

A partir daí são tiradas “algumas conclusões sobre o que se estava a passar em Portugal”, explica a investigadora e sugeridas algumas soluções. O trabalho agora publicado analisa também a balança comercial portuguesa no que se refere aos plásticos. “Portugal importa muitos plásticos, e também exporta, maioritariamente da União Europeia. Esta reciclagem e valorização dos plásticos, a nível energético ou do material, traz muitos benefícios ecológicos e económicos”.




sexta-feira, 5 de novembro de 2021

Helsínquia deixa de servir carne em eventos oficiais para reduzir pegada de carbono


Helsínquia, a capital da Finlândia, vai deixar de servir pratos de carne em seminários, cimeiras, reuniões de equipa, recepções e outros eventos, a partir de janeiro de 2022, para reduzir a pegada de carbono.

Em comunicado, a Câmara Municipal da capital finlandesa refere que a medida faz parte de um esforço mais amplo "que visa reduzir o impacto climático dos alimentos e reduzir a quantidade de recursos naturais utilizados pela cidade".

A autarquia planeia oferecer apenas pratos vegetarianos e de peixes locais de forma a serem opções mais sustentáveis.

A directora de comunicação do município de Helsínquia, Liisa Kivela, disse à agência de notícias AP que a alteração de hábitos alimentares entrará em vigor em janeiro e excluirá escolas e refeitórios em locais de trabalho.

Liisa Kivela adiantou que a política adoptada pela Câmara Municipal também permite excepções em algumas "visitas de alto nível ou eventos semelhantes" organizados pelo presidente, Juhana Vartiainen, ou pelos gerentes seniores da cidade, que tem cerca de 650 mil habitantes.

A medida estipula que café, chá e alimentos como bananas, oferecidos nos eventos, terão de ser adquiridos a produtores de comércio justo. Além disso, o leite de aveia substituirá o leite normal, e lanches e bebidas não poderão ser mais servidos em recipientes descartáveis.

"Bom senso"

Eleito presidente da Câmara de Helsínquia em agosto, Juhana Vartiainen disse, no entanto, estar feliz por a cidade manter a opção de servir carne em algumas ocasiões.

"Por exemplo, se o rei da Suécia vier para uma visita, a gastronomia local pode ser servida. Ou algum grupo para qual é natural oferecer carne. Deve haver discrição e bom senso", referiu o autarca ao jornal finlandês "Iltalehti".

A decisão do município gerou esta semana um intenso debate nas redes sociais entre cidadãos e políticos.

Os deputados com constituintes na Finlândia rural, onde a caça é popular e pratos de caça são servidos com frequência, ficaram particularmente perturbados. A carne de renas criadas é servida, de forma assídua, a dignitários estrangeiros em visita.

O Instituto de Recursos Naturais da Finlândia disse no início deste ano que o consumo de carne no país caiu dois anos consecutivos, uma vez que mais pessoas decidiram fazer hambúrgueres, salsichas e carne picada através de produtos vegetais.




quinta-feira, 4 de novembro de 2021

COP26: Metano, o gás “desconhecido” que irrompeu da Cimeira do Clima


O compromisso de mais de 100 países para reduzir as emissões de metano em 30% até ao final da década foi um dos passos mais importantes conseguidos durante a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2021 (Cop26), que decorre em Glasgow, na Escócia, embora o metano seja um gás ainda relativamente desconhecido entre os agentes responsáveis pelo efeito estufa.

“O dióxido de carbono (CO2) diz-nos quanto o planeta vai aquecer. Já o metano diz-nos a rapidez como esse aquecimento vai decorrer”, explicou Manfredi Caltagirone, director interino do novo Observatório Internacional das Emissões de Metano (IMEO).

A meta estabelecida no Cop26 poderá limitar o aumento das temperaturas em 0,2 graus Celsius até 2050 e evitaria cerca de 200 mil mortes prematuras, centenas de milhares de internações hospitalares de emergência por asma e a perda de 20 milhões de toneladas de colheitas por ano.

“Se as emissões de metano fossem reduzidas, estaríamos a ganhar tempo para descarbonizar as sociedades, o que daria uma margem preciosa para actuar na transformação radical do sistema produtivo”, explicou o especialista, que garantiu que a influência do metano na mudança climática foi “subestimada há muito tempo”. Estima-se que até um quarto do aquecimento global é devido ao impacto do metano na atmosfera, enquanto a concentração desse gás está a aumentar na taxa de crescimento mais rápida da história.

Os principais ‘contribuidores’ para a emissão do gás metano na atmosfera são os combustíveis fósseis, resíduos e agricultura. O IMEO, anunciado durante a Cimeira do G20 em Roma, iniciou os seus trabalho centrando-se nos combustíveis fósseis por é por aí que se consegue uma redição considerada mais fácil e menos dispendiosa.

“O metano tem historicamente recebido menos interesse do que o carbono e por isso tem sido menos estudado. Temos de preencher a lacuna de conhecimento sobre onde, quanto e quando mais emissões estão a ser produzidas”, referiu Caltagirone. Medir as emissões de metano é um desafio pois trata-se de um “gás inodoro, sem cor e que não se veria a sair de um cano. Tem de se ir procurar”, explicou.

“Graças à liderança da União Europeia e dos Estados Unidos, que lançaram a iniciativa em setembro, cem países aderiram em apenas dois meses. É fantástico, mas é apenas um compromisso: temos de começar a implementá-lo para que países e empresas podem mitigar as emissões com credibilidade”, referiu. “A acção não iliba as empresas de petróleo e de gás de também começarem a trabalhar na descarbonização e na modificação dos seu modelo de negócio. Este é apenas o começo do desafio do metano, não o fim”, concluiu Caltagirone.



Idanha-a-Nova em projeto de combate a espécies invasoras


O Município de Idanha-a-Nova revelou no início desta semana que aderiu “a um projecto inédito de prevenção e controlo de espécies exóticas invasoras aquáticas e ripícolas, financiado pelo Ministério do Ambiente, através do Fundo Ambiental”.

O protocolo foi assinado em Lisboa a 29 de outubro, pela vice-presidente Idalina Costa, numa cerimónia presidida por João Pedro Matos Fernandes, Ministro do Ambiente e da Acção Climática. O contrato prevê um valor máximo de financiamento de 84 449,72€, a atribuir pelo Fundo Ambiental, como foi revelado à imprensa.

“O objectivo é desenvolver actividades de prevenção, controlo e contenção ou erradicação de espécies exóticas invasoras aquáticas no concelho de Idanha-a-Nova, especificamente na ribeira da Toulica, que integra a bacia hidrográfica do rio Aravil, afluente do Tejo, onde foi detectada em 2020 uma nova espécie exótica invasora para a região, a Ludwigia peploides, na albufeira da Barragem da Toulica, em Zebreira”, esclarece o município.

Na cerimónia que teve lugar na capital, o ministro do Ambiente afirmou que “estão em causa mais de duas dezenas de projectos, quase todos de promoção municipal” e considerou que “os autarcas foram parceiros inexcedíveis para a concretização destes trabalhos em que serão cruzadas diferentes técnicas”.

O combate a espécies exóticas invasoras aquáticas e ripícolas vai avançar, assim, em diversos municípios, com intervenções que totalizam 1,2 milhões de euros. Além de Idanha-a-Nova, os protocolos envolveram os municípios de Amarante, Cantanhede, Oliveira do Hospital, Proença-a-Nova, Santarém e Viana do Castelo, e ainda outras entidades parceiras como comunidades intermunicipais e instituições de ensino superior.

Estão também contemplados os municípios de Arganil, Lousada, Oeiras, Oliveira do Bairro, Vagos, Vila Nova de Poiares e a freguesia do Parque das Nações, em Lisboa.

Foto: CMIN



quarta-feira, 3 de novembro de 2021

Vai nascer um festival de caminhadas pelo TransAlentejo


Segundo o "Público", anuncia-se como o “maior festival de passeios pedestres de Portugal” e a ambição não é de espantar: o TransAlentejo Walking Festival nasce com o principal objectivo de lançar e promover a Rede de Percursos Pedestres TransAlentejo, “o único produto turístico que está presente de forma transversal” em toda a região, atravessando os 47 municípios.

Ora, é todo um Alentejo que se apresenta ao andarilho e, ao longo do mês de Novembro, haverá caminhadas a palmilhar cada zona da região, além de quatro conferências temáticas, momentos de convívio e visitas guiadas a “espaços urbanos e culturais”. São 50 os percursos assinalados no terreno que integram a rede – os guias para cada sub-região estão disponíveis no site – e serão 50 as caminhadas organizadas ao longo dos quatro fins-de-semana de Novembro.

“O Alentejo é um território imenso em área e em diversidade natural e cultural”, relembra a organização na página do evento, sobre uma região que se estende por cerca de um terço do território continental português. “Passear a pé por toda esta região é a melhor forma de descobrir as belezas das paisagens rurais e a história intensa de cidades, vilas e aldeias.”

Cada semana terá uma temática distinta e uma localidade diferente como base, onde se organizam as conferências, apresentações, sessões de convívio e alguns dos passeios guiados.

De 3 a 7 de Novembro, o festival concentra-se em Alpalhão, dedicando-se às “artes e tradições”. Segue depois para Montemor-o-Novo, com “o montado e a literatura” - e, aqui, destaque para o programa cultural de dia 12, com um percurso guiado e comentado pela cidade inspirado na obra de José Saramago, Levantado do Chão.

De 18 a 21 de Novembro, o programa concentra-se na zona de Ferreira do Alentejo, focando-se na “arqueologia e nos cultos religiosos”; e, no último fim-de-semana do mês, termina junto ao Alqueva, junto “da água e do sol”.

Foto: Duarte Drago

terça-feira, 2 de novembro de 2021

Ambiente. O que é verdade hoje pode ser mentira amanhã


O mundo está reunido para discutir as alterações climáticas e parece óbvio que será preciso fazer alguma coisa para diminuir a poluição. Como será possível, já é outra história e muita água correrá por baixo das pontes até que se chegue a um consenso. 

O que parece indiscutível é que não há verdades absolutas, mas hoje quem se atreve a dizê-lo quase é condenado à morte. Passe o exagero, falemos de um caso que acho bastante emblemático do histerismo do ambiente. Há uns 15 anos, a União Europeia determinou o fim do uso de vários utensílios de madeira na restauração, obrigando todos os empresários a substituí-los por materiais de plástico.

Quantas tascas e pequenos restaurantes não se viram à beira da falência devido às exigências cegas impostas pela polícia de costumes, a ASAE? Os responsáveis por essa medida alguma vez foram julgados? Enquanto Portugal adoptou as regras comunitárias de uma forma cega, outros países pura e simplesmente borrifaram-se para tais fundamentalismos.

Os franceses, belgas, espanhóis e alemães, entre outros, mantiveram as suas tradições, mas os portugueses armados com a ASAE foram os melhores alunos – até melhores do que os professores.

Agora, como sabemos, o plástico é o mau da fita e as grandes superfícies terão de se desfazer do que têm em armazém, pois não poderão mais vender material descartável. Penso que este é um bom exemplo de como o fundamentalismo ambiental pode ser bastante perigoso. Mas juntar uma crise provocada pela covid-19 a uma mudança radical de hábitos pode ser ainda mais perigoso do que os gurus imaginam.

Quem anda na rua sabe que os preços estão a disparar, alguns produtos não existem para venda, mas os governantes acham que será possível aumentar o custo de vida das populações sem que exista um aumento dos ordenados. Portugal adora ser o melhor aluno nestas matérias, mas no combate à corrupção ou na melhoria de vida das pessoas já não segue o mesmo exemplo.

E o que valerá o esforço de alguns países se a China, a Índia, a Rússia, dos principais poluidores, assobiarem para o ar? Voltando ao fanatismo, será que aqueles que agora nos querem a todos obrigar a andar de trotinetes, ainda vão defender no futuro a energia nuclear, aquela que é apontada como a menos poluente?

Autor: Vitor Rainho - Artigo original do Ionline

COP26. Líderes mundiais prometem travar desflorestação até 2030


Os líderes mundiais vão comprometer-se hoje na cimeira do clima das Nações Unidas a deter a desflorestação até 2030, anunciou o Governo britânico, anfitrião do encontro. Os ambientalistas consideram que lhe falta a urgência necessária.

Uma declaração conjunta será adoptada por mais de cem países onde se situam 85% das florestas mundiais, entre as quais a floresta boreal do Canadá, a floresta amazónica ou ainda a floresta tropical da bacia do Congo.

A iniciativa, que beneficiará de um financiamento público e privado de 19,2 mil milhões de dólares (16,5 mil milhões de euros), é essencial para alcançar o objectivo de limitar o aquecimento global a 1,5 graus Celsius acima dos valores médios da era pré-industrial, referiu o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson.

"Esses formidáveis ecossistemas abundantes -- essas catedrais da natureza -- são os pulmões do nosso planeta", estão no centro da vida de comunidades ao absorver uma grande parte do carbono libertado na atmosfera, dirá hoje Boris Johnson no seu discurso, de acordo com excertos divulgados pelo seu gabinete.

Boris Johnson irá lembrar que as florestas estão a recuar ao "ritmo alarmante" de 27 estádios de futebol por minuto. O primeiro-ministro irá chamar a este acordo um “acordo histórico para a protecção e recuperação das florestas mundiais”.

O compromisso está a ser classificado como "sem precedentes".

O evento 'Acção sobre Florestas e Uso da Terra' onde esteve a cúpula dos Líderes Mundiais da COP26 reuniu uma aliança sem precedentes de governos, empresas, actores financeiros e líderes não-estatais para aumentar a ambição sobre as florestas e o uso da terra.

Doze países doadores comprometem-se com um novo Compromisso de Financiamento Florestal Global. O objectivo é apoiar acções em países em desenvolvimento, incluindo a restauração de terras degradadas, combate a incêndios florestais e promoção dos direitos dos povos indígenas e das comunidades locais.

Entre os signatários do compromisso, estão o Brasil e a Rússia, países acusados da aceleração da desflorestação nos seus territórios, bem como os Estados Unidos, a China, a Austrália e a França.

Numa das sessões de hoje da 26.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP26), os dirigentes de mais de 30 instituições financeiras irão também comprometer-se a não investir mais em actividades ligadas à desflorestação, segundo o comunicado de Downing Street.

Actualmente, quase um quarto (23%) das emissões mundiais de gases com efeito de estufa provém de actividades como a agricultura e a indústria madeireira.

Este novo compromisso faz eco da "Declaração de Nova Iorque sobre as florestas", de 2014, quando muitos países se comprometeram a reduzir para metade a desflorestação em 2020 e a pôr-lhe fim em 2030.

Para organizações não-governamentais (ONG) como a Greenpeace, o objectivo de 2030 está demasiado distante no tempo e dá, assim, 'luz verde' a "mais uma década de desflorestação".

Os especialistas alertam que o acordo anterior, de 2014, “falhou no compromisso de desacelerar” a desflorestação.

Embora saudando estes anúncios, Tuntiak Katan, da Coordenação das Organizações Indígenas da Bacia da Amazónia (Coica), indicou que a forma como as verbas alocadas a esse objetivo serão efetivamente gastas será monitorizada de perto.

Foto: Kazuend - Unsplash



COP16: cimeira termina sem acordo sobre formas de financiamento

A conferência das Nações Unidas sobre biodiversidade (COP16) terminou, este sábado, em Cali, na Colômbia, sem que os países participantes ch...